Helolocabecademetal 27/01/2024
Ótimo! Uma sátira religiosa muito audaciosa.
Erasmo de Roterdã, foi certamente um homem muito inteligente e à frente de seu tempo.
A sua obra, elogio da loucura, está entre os limitados escritos conhecidos do autor.
O livro se dá na descrição da sua interlocutora: a loucura. É mulher? É homem? Bicho? Bom, não sabemos; afinal, ela é a loucura! Uma doce ilusão que livra os homens dos dissabores mundanos. A loucura deu a ignorância aos homens para fazerem bom uso, ao passo que a ignorância é uma natureza do humano e também uma dádiva. Por que os sábios e intelectuais são tão loucos, mais loucos até que a própria loucura? A resposta pode ser resumida: como já dito, a ignorância é da natureza humana, e, quando um homem quer se apropriar de tais artes, não passa de um homem solitário e insuportável que quer ser mais Deus que Deus.
O que seríamos sem ela? Nada, o mundo seria um grande e vasto deserto. Não conseguiríamos formar matrimônios e muito menos amizades, até porque ambos são compostos por pessoas que têm "loucuras em comum", por assim dizer.
Erasmo, também centra a sátira aos religiosos e teólogos escolásticos ao argumentar que Jesus ficaria decepcionado ao ver monges e Padres que se gabam pelos seus feitos em terra, não obedecendo a principal regra do grande salvador: a caridade
Deixando a sua interlocutora de lado, o filósofo faz uma dura objeção aos religiosos da época: "Em verdade, eles não pensam que os mais funestos inimigos da Igreja são os maus papas que, por seu silêncio, fazem Jesus Cristo ser esquecido, que traficam vergonhosamente com suas graças, corrompem sua doutrina por interpretações forçadas e a destróem inteiramente pelo exemplo contagioso de seus desregramentos abomináveis."
Enfim, a loucura está em tudo, em todos nós! Somos todos loucos! Viva à loucura!