Veneella 11/09/2013"Tô gostano" demais disso aquiEu adiei muito a leitura desse livro por conta da escrita, já que praticamente todo mundo reclamou e disse que ficou incomodado pelo menos no início - sem falar de quem se incomodou por completo. E no final meio que foi isso mesmo, o início me incomodou bastante, tipo, nas cinco primeiras páginas.
Acontece que eu estava em uma das minhas ressacas mais persistentes, nada conseguia me tirar dela por que eu não queria nada meloso, mimizento, incerto ou romântico, ou seja, difícil escapar. Mas aí veio esse livro grosseiro, duro, seco... e putz, eu gamei.
Eu gamei nos personagens mais grosseiros, teimosos e irritantes que já vi; eu gamei numa droga de romance que é só patada e nenhuma frescura; e eu gamei numa escrita que assassina o português e me mata de desejo por mais. O que essa série tá fazeno comigo, eu não sei, mas tá dano muito certo.
"Já ouviu falar da regra de três?, ele grita enquanto a gente corre.
Não!
Se você salvar a vida de alguém três vezes, a vida dessa pessoa é sua. Você salvou minha vida hoje. Salva ela mais duas vezes e eu sou todo seu."
pág. 171
O livro é todo contando por Saba, uma jovem que vive em um mundo pós-apocalíptico onde pouquíssimas pessoas sabem ler, por isso, as pessoas não sabem mais como falar de maneira correta, o que resulta em diversos "fazeno, correno" e "num posso" durante a leitura. Confesso que achava que seria muito pior por conta do número de comentários negativos sobre esse aspecto, mas, como eu disse, depois de cinco páginas eu já nem me ligava mais.
Agora, quem me conhece sabe o quanto eu sou fresca com essa coisa da escrita, o quanto os "tá" da vida me incomodam. Então, se eu não me incomodei nem um pouco, é por que a coisa estava boa mesmo, certo? Sem falar que a autora soube dosar e utilizar muito bem esse artifício de caracterização, o que, mesmo com erros, fez com que a escrita fluísse e funcionasse maravilhosamente.
E o que dizer dos personagens? Saba deixa no chinelo qualquer protagonista metida a durona por aí, tão osso duro que a garota é. Tudo bem que ela também é uma vaca, grossa até dizer chega com qualquer um que não seja seu precioso Lugh, mas o amadurecimento dela no livro é impressionante. A Emmi é um pentelho, mesmo a Saba sendo grossa, mas ainda assim é uma personagem que consegue te tocar pela inocência e bondade de criança que ela ainda carrega. Mas o Jack... ah, o Jack... me deixa sem fôlego só de lembrar! A prova viva que não é preciso ser um principezinho todo educado para fazer uma mulher suspirar.
"Maldito Jack. O que há com ele? O que ele tem que parece encantar todo mundo e tudo que cruza o caminho dele? A Ash e praticamente todas as outras Gaviãs Livres, a minha irmã, e agora meu maldito corvo. Juro, se tivesse uma pedra no caminho e ele não quisesse passar por cima, bastava dar uma olhadinha pra ela e a pedra rolava pra fora do caminho."
pág. 199
Um livro recheado de ação, bom humor e sarcasmo, cura instantânea de ressaca! Algumas cenas de luta poderiam ter sido melhor aproveitadas, já que eu fiquei meio perdida com ela apenas entrando e saindo da luta logo em seguida. Acho que talvez esse tenha sido o único momento em que a leitura deu um "tropeço", porque, de resto, eu não consegui desgrudar nem um minuto sequer do livro.
Não tem o que dizer além de ótimo, simplesmente maravilhoso. Estou morrendo por Rebel Heart - com Jack na capa #todaspira! A diagramação e revisão da Intrínseca ficaram ótimas, por Deus, agora só preciso de uma data de lançamento!