Quando a Intrínseca anunciou o lançamento de WondLa o ano passado fiquei intrigada com a história. De acordo com a capa e a sinopse deduzi que seria uma fantasia que mesclava ficção-científica. A curiosidade acabou passando quando decidi esperar o lançamento do segundo para ler e voltou pouco tempo atrás quando a editora lançou o segundo. Pude ler os dois em sequência e para minha enorme surpresa a história criada por Tony DiTerlizzi não apenas é fascinante como também uma espécie de distopia totalmente inovadora e singular. De uma riqueza e criatividade fora do comum.
Eva Nove viveu a vida inteira em um Santuário sob a terra. Criada por Mater, uma robô inteligente programada com as mais variadas funções, o que a assemelha a uma mãe humana. Eva só conhece as paredes do Santuário, desde suas projeções aos programas infantis gravados, e desde pequena se recorda das aulas de sobrevivência da Mater. Ela prometeu que quando Eva fizesse dezesseis anos poderia sair para o mundo exterior. Conhecer a Terra e tudo o que já cansou de estudar. Porém próximo ao seu aniversário de 13 anos o Santuário é atacado. Um monstro desconhecido atravessa as paredes programadas e Mater para salvar Eva a manda para o exterior. Assustada e sozinha Eva se vê em um mundo absurdo, com árvores estranhas, animais desconhecidos e perigos inimagináveis. Tudo o que aprendeu sobre o planeta com a Mater está errado. Após uma noite no sereno Eva conhece Andrílio Kitt, um ser estranho de pele esverdeada. A princípio eles se estranham, mas acabam unidos quando o intruso da noite anterior captura os dois. Quando Eva consegue um meio de fugir da Feraptor e ainda ajuda Andrílio os dois começam a se entender. Com ajuda de um estranho dispositivo Eva consegue entender o que Andrílio fala e o que descobre muda tudo o que sempre imaginou. O planeta se chama Orbona e Andrílio nunca viu nenhum outro ser igual Eva. De volta ao Santuário destruído Eva encontra Mater e resolve partir em busca de outros seres humanos. Com a ajuda de Andrílio elas atravessarão florestas e desertos, em sua busca descobrirá mais do que sonhou e terá de sobreviver a caçada do Feraptor.
O ponto de partida é esse, mas o mais fascinante é perceber que a premissa central é o planeta Terra transformado. Já imaginou o fim de nossa civilização? O planeta vazio, destruído e arrasado. Quase sem vida natural e sem seres humanos. O que aconteceria? Para Tony DiTerlizzi o planeta entraria em hibernação, se renovando lentamente como já aconteceu há bilhões de anos. Isso até a chegada de outros seres, buscando um novo lar e capazes de redespertar o planeta. Enquanto pouco a pouco as florestas se expandem. Imagina Eva sair esperando uma coisa e encontrar outra?
Com uma narrativa rica e fascinante o autor nos leva para esse mundo incrível que a cada página passa sentimentos diferentes. De devastação a beleza, com descrições fascinantes e uma composição elegante, que cria seres e elementos únicos, mas sempre prestando atenção a plausibilidade. O autor foi perspicaz ao relacionar os animais e as espécies de Orbona com bichos e seres reais que conhecemos. Não os terrestres, mas os aquáticos, que em Orbona evoluíram para um próximo estágio. É uma das premissas mais brilhantes com que tive o prazer de encontrar nos últimos meses, ricamente desenvolvida. Aliando as descrições com as ilustrações de pontuam a cada capítulo o autor cria um mundo vívido e imersivo.
Eva é uma personagem cativante, que com seu jeito simples e ingênuo conquista o leitor e o mundo a sua volta. Uma garota que sonhou a vida inteira em encontrar outros iguais a ela, que tem intenções puras, gentis, mas sem soar clichê ou boba em momento algum. O jeito que Eva faz amizade com Andri e Otto é outro ponto bonito do livro. Andrílio é um personagem interessante, e que esconde muitas coisas. Curiosa demais para saber porque ele vaga pelo mundo. O final foi ótimo, com uma perda triste, mas que amarrou bem a história e encerrou deixando um novo começo no ar.
Leitura rápida, surpreendente e um mundo fascinante belamente descrito e ilustrado. A história de Tony DiTerlizzi é única, rica, com personagens marcantes e que surpreenderá o leitor. Uma bela mistura de bons personagens, escrita fluida e criatividade. A edição da Intrínseca está linda, fonte boa, cores lindíssimas dão o toque final as ilustrações do autor que por si só transformam a história. A trilogia já foi (...)
Termine o último parágrafo em:
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