Na Nossa Estante 25/03/2017
Em busca de WondLa
Em busca de Wondla foi um dos poucos casos de livros que comprei no impulso apenas pela capa, é claro que estar em promoção ajudou bastante. Lembro claramente (o que é bem raro de acontecer comigo), eu tinha acabado de começar em um novo emprego em 2014, em um shopping onde tem uma filial de uma das maiores redes de livrarias do Paraná e Santa Catarina, quando fui dar uma volta na loja no meu intervalo e vi o livro em exposição. O trabalho de capa e as ilustrações internas são todas do próprio autor, Tony DiTerlizzi, o que me deixou ainda mais curiosa sobre o livro.
Na mesma semana comprei Um herói para Wondla, o segundo volume que estava em promoção em uma famosa loja e-commerce. Mas por mais interessada que eu estivesse, o entusiasmo não durou, especialmente pelo terceiro volume não ter previsão de lançamento na época, e o livro acabou se tornando um daqueles famosos “encalhados”. Eu tentei ler esse livro por três vezes anteriormente, mas não conseguia ir adiante, no entanto, não conseguia me desapegar, pois sabia que algum dia eu iria lê-lo. Neste período eu doei vários livros, mas esses dois nem chegavam perto da pilha de doações de tanta certeza que eu tinha de que iria conseguir realizar a leitura deles em algum momento.
Pois eis que em janeiro deste ano a editora finalmente lançou A batalha por Wondla. Sim, janeiro de 2017, aproximadamente quatro anos após o lançamento do segundo volume, e eu decido fazer minha última tentativa de leitura. Para me ajudar nesta empreitada, contei com a minha amiga Tininha e com sua filha, Ana, de cinco anos, pois elas também têm o livro há algum tempo e decidiram embarcar na aventura junto comigo. O que é um baita incentivo!
Eu fico imaginando quem leu desde o lançamento do primeiro em 2012 e teve que ficar esperando. Que agonia não deve ter sido! Mas o importante é que os livros estão aí e o trabalho de edição da Intrínseca é maravilhoso, pois agora podemos ler a trilogia completa. E agora minha saga com os livros termina, e vamos a história do livro propriamente dito.
Em busca de Wondla é um livro de ficção e aventura infanto-juvenil, com uma protagonista de apenas 12 anos de idade. Eu sabia disso desde o começo, portanto, fui com a mente aberta para as possibilidades que uma protagonista tão jovem poderia proporcionar para o enredo. Eva Nove é uma garota que vive em um casulo, quase que literalmente, pois sua casa subterrânea, chamada de Santuário, é totalmente isolada do exterior, para onde ela não tem permissão de ir. Criada por uma robô chamada de Mater (sigla para MultiAssistente de Tarefas Elementares Robótica zero-seis), a menina nunca teve contato com outros seres humanos e se quer sabe de sua origem. A missão de Mater é proteger Eva e treiná-la para a vida ao ar livre, e em diversos momentos age como uma mãe super protetora.
Tudo vai bem até que um dia a paz das duas é interrompida pelo ataque de um ser desconhecido, Feraptor, que deseja a todo custo capturar Eva. Tendo que fugir do Santuário, Eva se depara com um ambiente nada hospitaleiro e totalmente diferente daquele apresentando em seus treinamentos. Além da robô, outros equipamentos tecnológicos são apresentados, como o Onipod tipo de computador portátil, que ajuda na comunicação e na identificação de cenários e outros seres em diversos momentos do livro. Porém, nem mesmo este equipamento é capaz de identificar onde Eva está e o que são os seres que habitam o planeta.
Sozinha e fugindo de um predador, Eva acaba se encontrando com Andrílio Kitt, um ser de aparência totalmente desconhecida e que fala uma língua totalmente diferente da menina. Achei o máximo o autor ter tido o cuidado de não americanizar a história, como se todos falassem inglês. Eva e Andri, como posteriormente será apelidado por ela, só passam a se entender após a criança ter inalado uma espécie de neurotransmissores capazes de fazer a tradução simultânea da conversa diretamente no cérebro dos dois, ou seja, ambos continuam falando suas línguas originais, mas passam a entender o que cada um fala.
Mesmo sem muita intenção por parte de Andri os dois vão se apegando cada vez mais, e a construção desta amizade é uma das mais bonitas retratadas em um livro do gênero, pois é com essa relação que o autor (não sei se conscientemente) transmite grande parte das lições de humanidade deste livro. Durante o segundo encontro com Feraptor, Eva conhece outro personagem de sua jornada, Otto, um ser misterioso, mas mega fofo que se torna quase que imediatamente um guardião da protagonista. Sério, esse Otto é tipo aqueles animais de estimação que protegem o dono a qualquer sinal de perigo, a diferença é o tamanho do ser, pois sua espécie evolui ao ponto de terem tamanhos similares ao de elefantes.
A busca por Wondla é algo que cada um de nós deve desvendar junto com Eva, Mater, Andri e Otto, pois é impossível ler este livro sem se fazer as mesmas perguntas que a protagonista se faz. O que aconteceu com a terra? Será que é mesmo a terra ou os humanos migraram para outro planeta? A menina não começa sua jornada como heroína, mas tenho quase certeza de que se tornará uma, mas para saber tenho que ler e é isso que pretendo fazer ainda este ano.
Em busca de Wondla deixou de ser encalhado com sucesso, que sensação maravilhosa. Certamente vou incentivar meus sobrinhos a lerem o livro e se aventurarem no mundo criado por Tony DiTerlizzi. É um ótimo livro para ler para crianças, pois aborda temas difíceis de lidar como morte e violência de uma forma mais tranquila de ser absorvida pelos mais novos.
site: http://www.oquetemnanossaestante.com.br/2017/03/em-busca-de-wondla-resenha-literaria.html