Thaisa 16/05/2024
Carl está voltando do trabalho tarde da noite em um vagão de metrô quase vazio, exceto por uma moça que está sendo vítima de alguns homens terríveis que estão tentando roubá-la. O protagonista, tentando ajudá-la, vira o alvo dos assaltantes - que o espancam até ele perder a consciência.
Depois de um corte brusco na narrativa, Carl acorda em uma cama de hospital e descobre ter ficado em coma por alguns meses. Após receber alta, ele volta para casa e acredita estar melhor, até ter pensamentos estranhos e visões inexplicáveis...
A partir desse momento, a narrativa é interrompida novamente e uma nova cena se inicia, trazendo confusão tanto para o leitor quanto para o próprio protagonista que, então, entra em uma grande espiral de possibilidades e questionamentos sobre o que pode estar acontecendo: será que sua saúde mental foi afetada gravemente após o ocorrido? Será que ele sofreu uma grande concussão resultando em um dano cerebral? Será que tudo não passa de um sonho? Será que ele jamais acordou desse coma? Essa e outras dezenas de perguntas continuarão a assombrar tanto Carl como o leitor; pois, juntos, embarcamos nessa trama febril, dinâmica e bizarra em busca de respostas.
Esse foi o primeiro livro de Alex Garland que li, mas não meu primeiro contato com ele, já que ele é conhecido por ter roteirizado filmes incríveis que, geralmente, possuem nuances estranhas e descontextualizadas em que o espectador observa todo uma narrativa se desenvolver diante dele e tenta resolvê-la da melhor maneira possível; e a mesma coisa que ele faz para as telas, ele fez em "Coma".
A trama é extremamente fluida, a escrita é simples, mas deliciosa e o foco narrativo ser em um único personagem possibilita que o leitor sinta toda a sua claustrofobia e angústia ao se ver totalmente perdido em sua existência.
Além de ser um livro curto, ele também possui um dinamismo incrível; e apesar dos capítulos darem a impressão de seguir uma linha cronológica, aos poucos percebemos que são momentos costurados da vida de Carl - que podem ou não ser reais.
Há uma grande chance de o leitor se ver totalmente fascinado e instigado para descobrir a verdade por trás de tudo, mas a verdade é que a beleza de livros fever dream é realmente apresentar uma narrativa inconsistente e intrigante que faça o leitor chegar em suas próprias conclusões ao final da leitura.
Eu adorei a minha experiência com "Coma" e mal posso esperar para procurar outras obras do autor!
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