Trilogia Suja de Havana

Trilogia Suja de Havana Pedro Juan Gutiérrez




Resenhas - Trilogia Suja de Havana


47 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Arsenio Meira 23/08/2013

"Now all the criminals in their coats and their ties/Are free to drink martinis and watch the sun rise"

Li esse romance em 2007. Depois, em 2011, reli. E, pecado supremo, não o cadastrei aqui. Mas agora o faço, junto com minhas impressões sobre a obra.

Vivendo na Cuba dos anos 90, durante o boicote econômico imposto pelos Estados Unidos, Pedro Juan descreve a miséria, a fome e a falência do sistema público do país através do seu pequeno universo. É a partir do seu dia-a-dia e dos acontecimentos que o cercam, que ele aproveita para tecer comentários, denunciando de maneira indireta toda a degradação humana da população cubana.

Escrito em forma de contos, segue uma seqüência não-linear, mas que se completam, mantendo uma certa ordem, construindo uma visão ampla e particular de Cuba. Os personagens aparecem, depois somem, mas isso não se torna um problema, Pedro Juan conta sua história em episódios, de maneira simples e com frases impactantes merecedoras de grifo.

"Trilogia Suja de Havana" é o típico livro que só deveria ser vendido em sebo. Vendê-lo numa mega-store de shopping center é tão descabido como vender champanhe no carnaval de Olinda. Isso porque o livro é sujo, violento, repulsivo e deprimente. É poético.

Pedro Juan Gutiérrez sabe como despertar aversão numa pessoa. Segue o mesmo estilo de John Fante e Charles Bukowski, mas com um peso de rabugice tremendamente maior. Não tem o aspecto de aventura junkie de Fante ou Bukowski, é muito mais denso. Fante e Bukowski parecem light, higiênicos, dois coroinhas perto de Pedro Juan.

A diferença talvez venha do ambiente: uma realidade brutal e repugnante bem parecida com a apresentada por Paulo Lins em "Cidade de Deus" e Rubem Fonseca no conto "Feliz Ano Novo." É a mistura do estilo dos junkies americanos com a miséria social da América Latina.

Em meio a tudo isso, Pedro Juan ainda consegue demonstrar sua sensibilidade. Escrito num período de reavaliação, ele expõe todos os conflitos e angústias, crises e desilusões de alguém que chegou aos quarenta anos e decidiu mudar de vida.

Estraçalhado por amores do passado, ele vai aprendendo a conviver com a solidão, se endurecendo, tentando sobreviver sem luxo, à base de sexo, rum e maconha.
Carlos Patricio 25/02/2014minha estante
ótima dica que vc me deu, amigo Arsênio!
Livro sensacional mesmo


Arsenio Meira 25/02/2014minha estante
Grande Carlos!
O romance é transgressor, mesmo. Muito bom.
Abraços do amigo
Arsenio


Carla 27/03/2014minha estante
Olá, Arsenio.
Resenha ótima. Disseste tudo sobre esse livro que, realmente, vale a pena ser lido.

Outra coisa que achei interessante é o fato de não ser mais um livro de escritor cubano refugiado que cai no mesmo nicho de escrever contra a política socialista cubana etc, etc. Pedro Juan descreve a Cuba suja, cruel e miserável da época mas não adentra em seus entraves políticos. Tanto é que vive lá até os dias de hoje.

Abraço.


Arsenio Meira 27/03/2014minha estante
Oi Carla,

Obrigado pelas generosas palavras. E você tocou num ponto crucial: pra fazer literatura, não necessário panfletarismo, mas sobretudo saber escrever visceralmente. É o caso do Pedro Juan. Abraços




Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

Trilogia suja de Havana, Pedro Juan Gutiérrez – Nota 9/10
A obra reúne pequenos contos, em sua maioria autobiográficos, e todos com um ponto em comum: o cenário! Apesar de histórias diferentes, todas se passam em uma Havana caótica, suja e pobre. Uma Havana assolada pela crise econômica enfrentada por Cuba na década de 90. É a rotina de cidadãos rodeados pelo sexo, pelo álcool, pelas drogas e pela falta de oportunidades. Estão fadados a essa vida e, por isso, se preocupam em garantir o dinheiro para conseguir comer, beber e sobreviver. E em uma sociedade tão pobre e cerceadora de liberdade, o corpo é uma das poucas coisas que ainda sobrou para o indivíduo usar e abusar. E é isso que vemos na obra: a presença intensa do sexo. Mas não se trata de uma obra erótica, é a vulgaridade e o lado animal do ser humano que representam um pausa da miséria de todos os dias. Sem medir as palavras que usa, o autor conta boas histórias e ainda consegue tecer uma crítica social, expondo a realidade que viveu.

Apesar de se valer de uma escrita econômica e direta, o autor tem a enorme capacidade de transportar o leitor para aquele ambiente caótico, descrevendo sensações, cheiros e sabores. A primeira obra que li de Gutiérrez foi em 2017 e me surpreendeu muito – O rei de Havana. As duas obras trazem as características do autor e acho que fiz certo ao não começar por essa obra. Por serem muitos os relatos, e alguns com temática e ritmo parecidos, a leitura pode causar certo cansaço no leitor que se depara com o estilo de Gutiérrez pela primeira vez. Independentemente de qual livro escolher, não deixem de conhecer esse autor cubano. “Trilogia suja de Havana” é uma obra visceral e que recomendo muito! .

"Sexo é um intercâmbio de líquidos, de fluidos, de saliva, hálito e cheiros fortes, urina, sêmen, merda, suor, micróbios, bactérias. Ou não é. Se é só ternura e espiritualidade etérea, se reduz a uma paródia estéril do que poderia ser. Nada"

site: https://www.instagram.com/book.ster/
comentários(0)comente



Vanessa 04/10/2009

Pegue uma Cuba dos anos 90, misture miséria, falta de dinheiro, irônia anárquica ao governo e sexo. Muito sexo por sinal. O resultado é um relato cruel e sujo, pesado de críticas e verdades sobre uma Havana esquecida e parada no tempo, presa a um circulo vicioso. E de vícios, Juan Gutierrez é imbatível. Desde cigarros, charutos,maconha,rum e sexo até poesia. Porque em cada relato, há sim, poesia escondida por detrás de cada palavra. De uma maneira sutil, ele consegue despertar a mais incomoda aversão em uma pessoa, claro, deixando que ela peça por mais e mais, como no sexo, coisa no qual, se considera um mestre.

Algo que somente ele é capaz de fazer num país como Cuba, num continente de saudosismo como a América.

(E com o perdão da palavra, um verdadeiro Henry Miller tropical com acesso a internet. Uma vez por semana e monitorada, claro. Afinal, é nosso homem em Havana)
Carla 27/03/2014minha estante
Olá Katrina,
Na verdade não acho que Pedro critique diretamente Cuba ou fale sobre a política e tal; Acho que ele apenas narra a verdade da Cuba dos anos 90, período mais agudo do processo de transição socialista no país.




tatialice 16/03/2021

Extremamente problemático
Eu gosto da escrita do Juan. Mas ela é extremamente problemática em seu conteúdo. Quando li GG em havana, achei que aqui seria o ápice, como muitos cultuam... mas não!!!! Mesmo sendo uma escrita suja e que me agrada.. o livro é extremamente homofóbico, racista, gordofóbico, machista. Há quem sustente que Pedro estava apenas relatando a realidade suja da época e do lugar. Mas eu não acredito.. o livro é apenas uma reunião de muita sujeira e apenas isso. Mais nada. Não existe lição, não existe reflexão, só preconceito e babaquice. Uma coisa é mostrar a realidade, outra coisa é destilar milhões de frases e momentos preconceituosos sem nenhum objetivo. Um livro pode ter personagem ruim? Sim! Gosto de escrita suja sim, de cenas fortes, para maiores de 18.. mas isso aqui? Isso aqui me incomodou e me decepcionou. Infelizmente....
comentários(0)comente



Lendo no mato 12/04/2021

E põe suja nisso!
Descobri esse livro através do podcast Foro de Teresina da @revistapiaui numa dica de leitura da Malu Gaspar. Já tinha ouvido falar desse autor cubano, algo como que comparando ele a Bukowski, mas não desse livro.

E por que não começar a descobrir esse autor por um livro indicado pelo Foro de Teresina?! Pensei.

O livro é um agregado de relatos autobiográficos a do próprio autor. Muitos! Coisa que eu não sabia quando comecei a lê-lo. Até porque 'trilogia' é ficção na minha cabeça. (Esperto eu!)

Enfim, ele traz histórias vividas ou não pelo autor nos anos 90 em Cuba. Uma pequena ilha caribenha que em meio a chamada revolução socialista, onde sobrevivia-se em meio a embargos internacionais (EUA) desgracentos e muita pobreza.

É um livro excelente, mas muito difícil de ler. Não pela escrita, que é suja, escatológica e sensacional, porém pelos relatos do modo como se vivia em Cuba naquela época, em sua grande parte tristíssimos. O livro me lembrou muito O quarto de despejo, da Carolina de Jesus. É angústia de mais para uma vida só.

Pra mim, ficou o ensinamento de que abrir seus horizontes nunca é demais. Pluralizar-se. E é mais um livro que mostra que o ideal socialista ainda tem muito a evoluir. A pensar sobre si. A crescer.
comentários(0)comente



marcelo.batista.1428 23/08/2020

Esse é o primeiro livro de prosa do autor, mas é o quarto livro que leio dele, e também o que mais gostei. Já conhecia o estilo do autor. Mais que direto, sem rodeios, nada de eufemismos ou palavras requintadas, o estilo de escrita é visceral, somos obrigados a conviver com o humor e os afetos do autor o tempo todo.
No livro o autor conta várias histórias não cronológicas e não sequenciais de seu cotidiano. Ao narrar seus dramas pessoais, seus conflitos psicológicos, seus amores, suas questões práticas para sobrevivência e as personagens que vai encontrando pelo caminho; acaba por fazer uma crônica de Havana dos anos 90, com uma visão muito mais cínica do que crítica.
Abaixo um pouco do estilo de Pedro Juan Gutierrez:
“Sexo não é para gente escrupulosa. Sexo é um intercâmbio de líquidos, de fluidos, de saliva, hálito e cheiros fortes, urina, sêmen, merda, suor, micróbios, bactérias. Ou não é. Se é só ternura e espiritualidade etérea, reduz-se a uma paródia estéril do que poderia ser. Nada”
comentários(0)comente



Vinder 29/03/2023

Já havia lido outros 2 livros do autor e tinha gostado. Nesse, as « crônicas » são boas, mas achei um pouco repetitivo. Mas é interessante para saber o ponto de vista de um cubano sobre um dos períodos de maior privação na ilha. Miséria, fome, prostituição, subempregos, violência, desesperança?
comentários(0)comente



El Cote 28/01/2010

Excelente
Uma narrativa direta e suja do dia a dia de Havana na primeira pessoa do escritor. Tem ritmo, peso e prende o leitor. Muito interessante saber como é a visão interna do regime por alguém com consciência e noção crítica.
comentários(0)comente



Jacqueline 26/07/2015

Crônicas cubanas

Uma crônica testemunhal do que o embargo a Cuba ocasionou para a maioria da população.
O sexo funciona como contraponto: aquilo que ainda é democrático, que todos podem ter, que confere autoestima, compensação.
Ler esse livro em Cuba, mesmo que em outra época, faz a gente ver vida nas ruínas, muitas delas ainda habitadas, e ajuda a entender parte das suas flagrantes contradições. Recomendo a experiência!
Mas os episódios se assentam em cima de uma perspetiva de olhar do branco heteronormativo que, mesmo fodido, é superior aos outros: herança maldita da colonização!
comentários(0)comente



jota 03/04/2014

Sujo, Sórdido, Surpreendente
Depois do esfacelamento da União Soviética e com o embargo americano logo em seguida Cuba se tornou um dos países mais decadentes da América Latina. E igualmente um dos mais pródigos do mundo em sacanagem, conforme o livro de Juan Pedro Gutiérrez. Aumentaram consideravelmente a putaria, as maracutaias, os jeitinhos e especialmente a sujeira, com muitos ratos e baratas e esgoto a céu aberto.

Os carros antigos, alguns até mesmo puxados por cavalos, e edifícios em ruínas (num dos quais vivia o autor) continuam por lá; os racionamentos de todo tipo e o controle do Estado sobre as pessoas também (lembram da blogueira Yoni Sánchez, que visitou o Brasil e foi hostilizada pelos petistas, impedida até de falar?). Alguns vizinhos do autor criavam galinhas e porcos nas coberturas dos edifícios pois carne era artigo raro e caro (e deve continuar sendo, não sei), praticamente apenas para servir estrangeiros e autoridades, sabe como é, não? E para o povo, mandioca...

Assim era a vida em Havana e em outras cidades do país nos anos 1990 - o livro foi publicado originalmente em 1998 mas não em Cuba e continua inédito por lá até onde sei. Não exatamente por proibição governamental, mas por conta do medo dos próprios editores do país em publicá-lo – sob a ditadura castrista quem tem editora tem medo, se me entendem.

A Cuba atual comparada com a do livro deve ter se modificado muito pouco (apenas superficialmente, na verdade; quando Fidel entregou o poder para o irmão Raul) e agora vai contar com um moderno porto financiado pelo generoso governo petista que flerta preferencialmente com governos ditatoriais ao redor do mundo. Há pouco tempo o poste que nos governa esteve em Havana beijando as mãos de Fidel, seu grande ídolo depois de nosso “ex-presidente em exercício”, seu criador.

A trilogia suja de Havana (e bota sujeira, suor, sêmen, urina e muita merda nisso), e talvez seja aconselhável ler esse livro usando luvas descartáveis, se divide em três partes: Ancorado Em Terra de Ninguém é bastante autobiográfica, Nada a Fazer trata quase que exclusivamente das neuroses de JPG e Sabor a Mí (nome de uma canção mexicana conhecida internacionalmente) revela por completo o ficcionista que já habitava Gutiérrez em outros tempos – ele era jornalista e depois foi banido da profissão. Em Cuba, como se sabe, jornalismo só pode ser a favor do governo. Também na Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, etc., todos muy amigos de Fidel e dos petistas, então a coisa nessas republiquetas bolivaristas não está para peixe e muito menos para foca...

Bem, as três partes do livro apresentam histórias curtas, de poucas páginas, como se fossem capítulos breves. A maioria tem como personagem principal o próprio autor fazendo, aos quarenta e quatro, quarenta e cinco anos, um balanço de sua vida erótica e caótica. Caótica sim, mas não exatamente erótica; sexual de fato, depravada ao máximo. O tempo todo JPG chama as coisas por seus nomes chulos mesmo: pau é pau e pedra é pedra, se me entendem novamente.

São histórias mais ou menos independentes umas das outras, feito contos e que quase sempre envolvem sexo, trapaças, bebedeiras, consumo de drogas ilícitas, brigas de casais ou de vizinhos, prostituição, problemas variados dos habitantes (falta de grana, comida, moradia, saúde, trabalho, transporte, higiene), etc. Ou todas essas coisas juntas, em alguns casos.

O retrato que Gutiérrez faz do país, do povo cubano e de si mesmo é carregado nas tintas ficcionais e autobiográficas e resulta sórdido, sujo, deplorável. Em suma, extremamente negativo para todos; ele avacalha com tudo mesmo, porque a realidade em que vivem os habitantes da ilha é cruel, assombrosa. Daí talvez porque o livro continue inédito em Cuba. Se incomoda o leitor, imagine então aquelas múmias comunistas, no poder há mais de cinquenta anos...

Mas esse quadro dantesco foi pintado por alguém que, como informa a editora brasileira da obra, “nasceu e cresceu na utopia da Revolução Cubana.” E que, portanto, sabe muito bem do que fala e escreve, conhece a fundo o país e sua gente. Embora JPG aborde questões políticas apenas superficialmente - em entrevista à revista VEJA tempos depois do lançamento do livro no Brasil ele dizia que não apreciava ser manipulado nem por cubanos nem por americanos.

Em suas próprias palavras: “(...) não me interessa, ou não quero, ou não devo, fazer análise política. Minha obra não é jornalística, nem sociológica, nem antropológica.” Ele queria (quer) ser reconhecido por seu trabalho literário, claro. E não queria, como muita gente em Havana e no resto do país, se mudar para Miami ou outra parte dos EUA. Desde que tomem muito cuidado com a política, com o que falam ou fazem, as pessoas sempre acabam dando um jeitinho de sobreviver em Cuba, se acomodam sem grandes dramas, vão levando a vida assim - ou, como naquele samba de Zeca Pagodinho, vão deixando se levar pela vida.

Nem todo cubano tem vontade ou coragem de tentar entrar nos EUA navegando numa balsa precária, talvez ser devorado pelos tubarões muito antes de avistar Miami. Ao escrever sobre essas coisas – a sobrevivência em si - Gutiérrez fez de Trilogia Suja de Havana um livro admirável. Também o mais sujo em que eu tenha posto os olhos alguma vez, em que uma pessoa se expõe sem reservas, tão aberta e completamente como nunca antes na história da literatura daquele país (sic). Ou de qualquer outro país, talvez.

Mas fico me perguntando como é que um sujeito como Gutiérrez (tem a foto dele na orelha do livro e também na internet) que não é exatamente nenhum galã, muito longe disso, consiga (ou conseguisse) transar com tantas mulheres e com tanta frequência. Parece que cubanos e cubanas só pensam naquilo, até mesmo as pessoas idosas, que falam de seus desejos sexuais e de suas transas com tamanha naturalidade e atrevimento de, imagino, deixar corados os personagens mais atrevidos e sacanas de Jorge Amado. Seriam os ares do Caribe?

O que é certo também é que se muita gente se oferece (mulheres e homens), se prostitua em Havana especialmente, onde há mais turistas estrangeiros, é para ter o que comer, levar alguns dólares para casa, sobreviver, enfim. Mas a maioria das pessoas - ou personagens do livro -, independentemente de qualquer coisa, gosta mesmo é de uma boa sacanagem, quase sempre regada a álcool (rum, na maioria das vezes) e fumo (com muita maconha rolando o tempo todo, não apenas cigarros ou charutos); também há quem gosta de ser esbofeteado durante o ato sexual.

A sexualidade exacerbada, desbocada, atrevida, domina o livro do começo até o final. E Gutiérrez vai bem longe nisso: também inclui na narrativa casos extremos, envolvendo estupros, viadagem, necrofilia e pedofilia; são relatos em que a barra pesa, de fato. É este então um livro mais do que sujo, pornográfico mesmo? Para algumas pessoas, sim. Embora pareça, pareça muito, não se pode dizer que Gutiérrez tenha escrito um livro pornográfico – Trilogia Suja é assim uma espécie de A vida como ela é em Cuba. Ou como foi até pouco tempo atrás. Ou continua sendo, não sei.

Acho difícil que Trilogia Suja de Havana deixe alguém sexualmente excitado. Penso que seja muito mais fácil que fique brochado, até mesmo enojado grande parte do tempo. Se JPG quis nos impressionar ou chocar, se nada do que conta é verdadeiro, então ele é um ótimo ficcionista. Mas se tudo o que diz é verdade então ele é um ótimo antropólogo social. No final da leitura acaba-se concluindo que ele é ótimo tanto numa coisa quanto noutra. Uma certeza que já vinha se cristalizando desde as primeiras páginas deste livro surpreendente.

Lido entre 24/03 e 03/04/2014.
Daniel 04/04/2014minha estante
Engraçado, nos livros de Reinaldo Arenas, outro cubano, também impressiona a quantidade de parceiros... Parece que na ilha de Fidel, só pensam mesmo naquilo


jota 04/04/2014minha estante
Pois é, Daniel. Conhecidos meu que estiveram em Havana afirmaram que em muitos lugares homens e mulheres praticamente se atiravam em cima dos turistas, com apelos sexuais. Mas era a época mais brava da crise dos anos 1990, justamente o período que o JPG trata. Não sei como as coisas andam agora. Não tenho muita simpatia pelo país, por conta da ditadura e dos negócios petistas por lá.


Alê | @alexandrejjr 22/07/2021minha estante
Baita resenha, Jota!


jota 22/07/2021minha estante
Obrigado, Alê, é que o livro é muito bom, influencia meus comentários.




Victor 08/02/2010

"Realismo Sujo", como o próprio Pedro Juan o descreve
Um livro para se surpreender, para descobrir um escritor cubano de escrita singular, que preza pela simplicidade das frases curtas acreditando que, em bandos, ganharão força e se tornarão grandes. Contos reais ou fictícios que jamais chegam a beirar o fantasioso, apenas hiperbólicos de quando em quando por mérito do rumo que as coisas tomam e de onde elas pretendem chegar. Humor, crueldade, ingenuidade, promiscuidade, nu, cru, sujo e tão real quanto uma briga de vizinhos de uma comunidade pobre. Se alguém morre no pega-pra-capar é apenas uma consequência da rotina.
comentários(0)comente



Ronnie K. 30/03/2009

Livro sujo!
A verdade é essa: o contexto, o cenário, a ambientação, o clima social e político em que discorrem as narrativas desse livro são por demais interessantes. Diria mais: são sensacionais! É a época do Grande Êxodo cubano em direção aos EUA, após a derrocada do Socialismo pós-muro de Berlim, e o fim do apoio da extinta URSS. Vuslumbramos uma Havana destroçada pela pobreza, pela crise econômica, tentando sobreviver a qualquer custo em meio às ruinas (morais e materiais). Porém o tom não é pesado nem pessimista. A alegria natural desse povo se sobressai, a ginga, as danças, a sensualidade, o humor. De tanto sexo e excreções mostradas esse é um livro sujo, quase literalmente sujo! Os pequenos contos fatalmente têm seus ápices em descrições nada sutis de sexo explícito e todo tipo de perversões. Evidentemente que isso em si não constitui nenhum problema. Contudo o fato é que na maior parte das vezes essas inserções soam algo como forçado. E aqui começam os defeitos desse livro. Vejamos... O que é preferível: Um grande e belo estilo literário, em que prevaleça o brilho da forma em detrimento do conteúdo, ou o contrário, muito a se contar, uma fertilíssima imaginação, a serviço de um estilo pobre e simplista? Porque aqui se dá a segunda opção. Há muito o que se dizer, ou pelo menos uma imaginação muiuto boa (o que no fundo dá na mesma), há a apresentação de uma realidade que muitos sempre foram curiosos por conhecer (A Cuba fechada e idealista de Fidel, embora não há maiores comentários políticos nos contos), há muitos muitos tipos retratados. No entanto o estilo de Pedro Juan infelizmente não é dos melhores. Frases curtas, mal elaboradas. Os diálogos definitivamente não soam espontâneos! E isso incomoda bastante. Contudo, pela riqueza do material que dispõe, é um livro que merece ser lido.
tetê 18/07/2013minha estante
eu acho que as frases curtas deram um ótimo efeito no livro,nao acho que ficou mal construido, ficou ...rápido,mas muito bom, nao sei como explicar


Rosa Santana 18/01/2020minha estante
Concordo com vc, Tetê!
Gosto de frases curtas, elas dao fluidez à leitura!




Pipoco 16/03/2017

Sujo, impactante e muito corajoso
Gosto muito da escrita de Pedro Juan Gutierrez, apesar de algumas críticas que o autor recebe (algumas, inclusive, considerando o autor uma pessoa racista e cheia de outros preconceitos).
Enquanto escritor, acho sua narrativa brilhante: de maneira direta, expõe(-se) em um texto que flui e cativa.
Enquanto personagem, recria-se a todo tempo, reinventa-se e, mais que isso, "dá a cara a tapa".
Confesso que há, como em outras obra em que o próprio autor se apresenta como personagem, certa valorização e heroísmo em algumas passagens (e um amor gritante pelo seu órgão sexual e as proezas às quais o submete).
O título não poderia ser mais perfeito. Trata-se, de fato, de uma série de relatos sujos, lascivos, por ora assustadores, alarmantes e deveras sexuais.
Vale a leitura, definitivamente, mas a mente deve estar aberta e os julgamentos devem ser evitados.
Rosa Santana 08/11/2019minha estante
Estive em Cuba e constatei que para ver Td por lá ?a mente deve estar aberta e os julgamentos devem ser evitados!?
Gostei do livro; gostei de sua resenha; gostei de Cuba!!




Marilda 22/11/2012

Ahhhh Pedrito! Sua narrativa parece uma salsa. Cheio de gingado, remelexo e erotismo cru. Amo-te!

O melhor escritor vivo! Com certeza!
comentários(0)comente



47 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR