Tayná Coelho 13/01/2014Nasce um grande escritorAntes de falar dos livros, vamos conversar um pouco sobre André Vianco. André é um autor brasileiro, morador de Osasco – SP, que revolucionou o mercado de literatura de fantasia no Brasil. Eu sou fã de carteirinha (tenho todos os livros e todos devidamente autografados), então sou um pouco suspeita pra falar, mas acredito que a literatura de horror/fantasia no Brasil se divide em antes e depois de André Vianco. “Ahh Tayná, mas por que você está dizendo isso?”, dirão alguns e eu explico o motivo: antes da ousada iniciativa de André de pegar todo seu FGTS, após ter sido demitido de uma empresa de telemarketing, e publicar por conta própria uma tiragem de mil exemplares do livro que diversas editoras haviam rejeitado, a literatura de fantasia brasileira se resumia ao nicho infantil e a de horror nem mesmo existia. As editoras achavam que “não existia mercado” pro tipo de livros que ele estava propondo: um livro de vampiros que, vejam só, não era no estilo vampirinho-de-dez-anos-muito-maneiro, nem no estilo vampiro-gato-que-pega-geral.
André vendeu pessoalmente a maioria dos mil livros publicados, mas foi uma ideia genial que mudou o rumo da carreira dele. André pegou alguns dos livros de sua tiragem e foi até uma das livraria das região onde morava e pediu para que a loja expusesse os livros ali. Os livros começaram a vender e a Novo Século, dona da livraria em questão acabou ficando curiosa sobre esse tal autor. Hoje, autor renomado, com quinze livros publicados (um deles infantil) e também três HQ’s, André se orgulha de ter conseguido abrir espaço para novos autores do ramo, como Rafael Draccon e Eduardo Spohr.
Sobre o livro, eu o li pela primeira vez em 2004 e foi quando começou minha paixão pelo trabalho do Vianco. Desde então, já o reli diversas vezes e sempre me surpreendo. O livro conta a historia dos amigos Thiago, Olavo e Cesar que, ao praticar mergulho em uma caravela portuguesa de quinhentos anos atrás que estava afundada no litoral de Porto Alegre, descobrem um caixão de prata contendo sete cadáveres condenados, acusados de bruxaria.
"Nobres homens de bem, jamais ouseis profanar esse túmulo maldito. Aqui estão sepultados demônios viciados no mal e aqui devem permanecer eternamente. Que o Santo Deus e o Santo Papa vos protejam."
Ignorando as indicações do caixão, os pesquisadores da Universidade Soares de Porto Alegre se propõem a estudar os cadáveres, até que um acidente envolvendo sangue, desperta o primeiro dos sete, que se revelam vampiros lusitanos dotados de poderes especiais concedidos pelo próprio demônio. Os poderes refletem nos nomes dos personagens (Lobo, Inverno, Acordador, Espelho e Tempestade), mas alguns acabam tendo nomes mais misteriosos que nos deixam curiosos para descobrir seus poderes (Gentil e Sétimo).
O enredo é interessante, e os personagens bastante realistas e informais – bem brasileiro mesmo! O final possui duas reviravoltas tão intensas, que te deixam empolgado pra ler logo a continuação!
Porém, não há só elogios. Como o primeiro livro, Os Sete deixa a desejar um pouco na evolução, que as vezes trava quando mais queremos saber sobre alguma coisa. Não é meu livro favorito do autor, que melhorou muito ao longo da carreira, mas é muito interessante.
O livro faz parte de uma série composta por: dois livros iniciais (Os Sete e Sétimo) e uma trilogia que dá prosseguimento ao enredo (O Turno da Noite – Os Filhos de Sétimo, Revelações e O Livro de Jó). Porém, vários livros do autor tem alguma relação com a saga e abordam temas paralelos como O Senhor da Chuva. Ainda tenho desconfiança que as duas últimas séries lançadas O Vampiro Rei (Bento, A Bruxa Tereza e Cantarzo) e As Crônicas do Fim do Mundo (apenas um lançado, A Noite Maldita) tenham alguma relação com a primeira história, mas isso só o tempo dirá.
Em resumo, vale a leitura, nem que seja só pela curiosidade de ver vampiros caindo de para-quedas em terras tupiniquins!
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http://olhandoporai.com/2013/12/11/resenha-os-sete-andre-vianco/