@plataformadolivro 15/03/2015FascinanteUm livro que li por acaso porque não tinha nada para fazer no trem e superou minhas expectativas. A forma como a autora cria esse mundo onde os corações em fase terminal podem se recuperar das suas feridas e que cada século é como um segundo no mundo real é fascinante. Cátia, viciada em drogas, já não dá outra escolha para seus pais se não interná-la numa clínica de reabilitação. De repente vai parar nesse mundo onde tem um uniforme dourado de recém-chegada e uma caixa com seu coração e seu nome escrito. Seu coração contém as manchas que ela causara em vida. Passou a morar num conjugado de quatro quartos, onde Tadeu, o padeiro, também morava. Ele a mostrou tudo naquele lugar e também mostrou seu coração, pequeno e endurecido como uma pedra.
As pessoas que conseguiam curar seu coração passavam pelo santuário, que parecia inatingível àqueles que ainda não o haviam curado.
Havia um espelho que revelava a real aparência da alma e uma cerimônia para designar a função de cada membro daquele lugar. Cátia de tornara atendente dos vagões do trem. Cada um ocupava uma função única, com exceção de sua amiga Lorena que chegou na cidade depois e ocupou o cargo de radialista junto com Lucas. Lucas era o único que morava sozinho e nunca deixava ninguém ver seu coração. O de Lorena era trancado e continha um buraco exato de uma chave.
Rubens, o funcionário do museu tinha o coração cheio de larvas e Lufindo, o prefeito tinha seu coração preto, já em decomposição.Já Renê, o maquinista, tinha o coração coberto de ervas daninhas. Ele explicara à Cátia que os recém-chegados recebia seus uniformes quando se adaptavam à função e se espantou quando ela o recebeu no dia seguinte.
O coração de Mona, a florista, sangrava sem parar e havia uma mulher chamada Linda cujo coração ardia em chamas.
Alguns iam no templo conversar com o sábio em busca de sabedoria para curar seus corações. Moisés, o guardador do templo, tinha seu coração esbranquiçado como se estivesse parando. Depois de alguns séculos alguns conseguiam curar seus corações e realizar a travessia, mas Cátia sentia uma vazio devido ao quarto lugar do conjugado ainda estar desocupado até o dia em que Erick chegou e o preencheu. Tudo pareceu ganhar sentido. Ele seria o chefe dos pesquisadores da universidade dos corações e seu coração era cheio de espinhos.
Marcus, o médico da cidade, era o habitante mais antigo e seu coração não tinha forma. Ele se tornou o quinto morador do conjugado.
Tadeu consegue curar seu coração e fazer a travessia então Cátia decide procurar o sábio para descobrir o que pode fazer para que seus amigos também consigam se curar. O sábio dá a ela todas as informações do porquê o coração de seus amigos está assim e devolve as memórias de seu passado. Ela lembra que Lorena era sua amiga e que ela nunca notara Erick, causando os espinhos em seu coração e a dor no coração de sua mãe, que chorava sem parar.
O sábio propõe um acordo: se ela não quiser que o coração de sua mãe vá para lá ela deve permanecer mais um século e cuidar dele.
Quando Lorena abriu o coração de Lucas e encontrou sua chave, os dois partiram. Cátia viu todos partirem enquanto ela permanecia mais um século para cuidar do coração de sua mãe. Quando enfim consegue curar seu coração, Cátia volta para casa e três séculos que se passaram foram somente três segundos. Ela aprende a dar valor à vida e surpreende seus pais com a mudança de atitude tão repentina.