spoiler visualizarDrica 03/02/2013
O clímax que nunca aconteceu...
Antes de iniciar essa resenha, gostaria de esclarecer que já tinha lido opiniões similares a minha em outras resenhas que já me deixaram a par do que poderia e do que não poderia esperar de Êxtase, a conclusão da série Fallen, que já não andava muito bem desde Paixão.
Como se trata de uma série, é de se esperar que o último livro nos deixe com lembranças memoráveis dos personagens, em que, evidentemente, deve acontecer o clímax da trama que nos prepare para a despedida iminente e para um desfecho inesquecível.
Nada disso, porém, aconteceu em Êxtase. Acredito que em determinado ponto, Lauren Kate perdeu o rumo, perdeu o controle sobre a cronologia e ordem dos acontecimentos dos livros.
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No início, o livro possui um ritmo bem lento, mostrando a viagem de Luce e Daniel para recuperar uma relíquia que supostamente revelaria o local da queda dos anjos. E só. Eles não planejaram mais nada para deter Lúcifer e seu exército de anjos caídos dentro dos Anunciadores. Quero dizer, eles deviam planejar uma forma de detê-lo, não? Mas nada foi bolado, e essa foi minha primeira decepção com o livro.
As primeiras cento e cinquenta páginas de Êxtase são sofríveis, pois toda cena bobinha e desnecessária é relatada e Luce e Daniel passam a impressão de que não se importam verdadeiramente com o fim do mundo. E o que deveria se tornar uma corrida contra o tempo para evitar que toda a história fosse apagada, tornou-se as férias românticas de um casal de namorados cafona e piegas.
Os acontecimentos só se desenrolam a partir do momento em que encontram Dee, e ela revela ser o artefato que procuram. Mas antes não poderia deixar de mencionar o furo na trama que encontrei em Êxtase, e que leva a autora a cair em uma grave contradição: Em Paixão, quando Luce aterrissa em Moscou, a primeira vida passada que ela visita, ela tem uma revelação enquanto corre de um bombardeio; vislumbra as ruínas de uma igreja e a autora afirma que ela se lembra de frequentá-la e de ver Daniel fazendo o mesmo, cumprimentando até mesmo seu pai naquela encarnação.
Contudo, mais para frente e bem rapidamente, nos é revelado através de Daniel e Cam que um anjo caído não pode entrar em um templo sem que este se incendeie e torne-se um lugar de mau agouro. Ou seja, se Daniel pôde entrar tranquilamente na igreja na Rússia, por que relutou tanto em entrar na igreja em Veneza, chegando ao ponto de até mesmo recorrer à Luce? Hmm, uma grave e séria contradição que tira a credibilidade da obra que já não tem muita, convenhamos.
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Enfim, encontrei muitos erros de revisão em Êxtase. Até mesmo me deparei com um Lucy no meio do caminho... Bem deprimente.
Eu já havia sido alertada sobre o final inconclusivo que a autora deu ao personagem Cam, o meu favorito e o único que me fazia continuar lendo a série, mas vê-lo, de fato, não tendo um fim digno à sua altura foi mais um fator a contribuir para que minha revolta com a série Fallen crescesse. Não sei se autora tem algum objetivo com isso, talvez sim, talvez não...
E creio que Lauren pecou ao deixar todas as revelações para o último livro, pois isso o tornou corrido, confuso e extremamente mal explicado. Depois de encontrarem o local da queda, fiquei com a persistente impressão de que a autora só queria acabar logo o livro, pois o que deveria ser bem detalhado e explicado para nos impactar, acabou por ficar superficial e raso. Os fatos eram pobremente relatados, uma correria sem fim e que me deixou imensamente confusa.
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Todavia, o mais grave, talvez, tenha sido o erro colossal de atribuir a invenção do amor a Lúcifer, e, sim, eu também esperava ter entendido errado, mas segundo ela, Lúcifer inventou o amor quando se apaixonou por Lucinda, que era um A-N-J-O! Sendo que logo depois, ela o trocou por Daniel. Ou seja, coerência zero, não é? Eu seriamente recomendo que Lauren se aprofunde em estudos teológicos antes de se arriscar às cegas desse jeito outra vez para que blasfêmias como essa não voltem a ocorrer em futuros livros.
Em suma, o fim é corrido, acontecimentos explodem diante de nós a todo o momento (não de uma forma boa) e o que deveria ser uma guerra épica entre Daniel e os outros anjos caídos e o exército de Lúcifer se transforma em um diálogo infantil entre Luce e Lúcifer em que acusações são atiradas para todos os lados, pedidos de desculpas são feitos, até que o Trono interfira e termine meu suplício. E aí é que me pergunto, em que parte da bíblia a autora leu que Deus (que possui muitos nomes) se autonomeia como Trono.
Não gostei de como a maldição foi quebrada e não gostei da decisão extremamente egoísta de Luce, já que ela abandonou os pais para encarnar uma última vez junto de Daniel. Aliás, os pais dela nunca mais foram mencionados! Todos os personagens são esquecidos em prol do amor de Luce e Daniel. E aí temos a conclusão decepcionante de Êxtase que se resume a mocinha se apaixonar uma última vez pelo seu amor de todos os milênios. Os personagens secundários fazem uma última e rápida aparição e muitas informações são esquecidas de ser esclarecidas, como a morte de Trevor, que desde Fallen eu esperava uma explicação para o garoto ter entrado em combustão, mas não, não tivemos nada...
Resumindo: Não tinha grandes expectativas, mas ainda assim foi uma bela decepção. E só para constar, não, eu nunca mais vou ler nenhum livro de Lauren Kate! Já tive o bastante em Fallen, obrigada. E assim eu fecho a resenha de um livro que poderia ter mudado minha opinião sobre a série, mas que só acabou por afundá-la ainda mais.
Duas estrelinhas porque enfim meu tormento acabou. Amém!