Aione 21/02/2012Devo começar a resenha levantando a questão de o livro pertencer à série Despertares. Ainda que seja o segundo livro, não é necessariamente uma continuação de A Bandeja. No primeiro, temos a história de Angelina, e Rico é um importante personagem nela. Aqui, temos a história de Rico após os acontecimentos de A Bandeja. Dessa maneira, ao ler Entre a Mente e o Coração, certamente você terá spoilers do outro livro. Entretanto, a leitura pode ser feita independentemente do primeiro, pois todas as explicações necessárias ao entendimento da história são dadas.
Ao finalizar a leitura de A Bandeja, fiquei curiosíssima para saber qual seria o rumo tomado por Rico. Enquanto no primeiro livro conhecemos o lado “canalha” do personagem, aqui nos deparamos com seu real amadurecimento e aprendizado.
A escrita de Lycia Barros, que já tinha me conquistado no outro livro, conseguiu me surpreender ainda mais nesse: o que já havia mostrado ser de qualidade, superou-se aqui. Achei a escrita da autora ainda mais madura em Entre a Mente e o Coração. Todos os fatos foram perfeitamente desenvolvidos, não tive sensação qualquer de superficialidade na narração, tudo foi muito bem descrito e narrado. Também, o que poderia ser um desafio para a autora, uma vez que a narrativa é em primeira pessoa sob a ótica de Rico, um personagem masculino, foi tirado de letra por Lycia Barros. Em momento algum duvidei da história ou da construção do personagem em si, aliás, achei vários comentários inseridos nos pensamentos dele completamente pertinentes a um homem.
Ainda, conhecemos mais sobre a missionária Ana, que já havia aparecido em A Bandeja. Arrisco a dizer que ela foi a personagem que mais me chamou a atenção no primeiro livro, então foi com muita alegria que recebi seu papel de destaque em Entre a Mente e o Coração. O aprofundamento em sua importância no enredo consolidou ainda mais a simpatia que senti por essa tão especial mulher, uma personagem digna de se admirar.
O romance da história não poderia ser melhor. A combinação entre as personagens foi perfeita e a maneira de como Lycia desenvolveu o relacionamento entre eles é apaixonante. Ademais, há um tempero todo especial no livro: o suspense que o envolve. Eu simplesmente não consegui ir dormir sem terminar de lê-lo, porque não ia aguentar não descobrir a verdade. E não me arrependi nem um pouco de ter perdido algumas horas de sono!
Há, também, o elemento cristão, como já é característico da série. Porém, esse não é um livro sobre religião, ela é apenas um atributo das personagens, que permite diversas reflexões durante o desenvolvimento do enredo, enriquecendo-o ainda mais. Esse é um ponto que normalmente afugenta algumas pessoas por não gostarem do assunto, mas ressalto aqui: não se deixem levar por pré-julgamentos. A história, antes de tudo, é uma belíssima história de amor e a religiosidade presente é apenas uma qualidade das personagens como qualquer outra. Concordar ou não com tudo que é exposto não é o foco da história, cujo objetivo passa longe de pregar algo. As crenças de Ana e Rico baseiam suas atitudes e só.
Fazendo uma breve comparação com A Bandeja, acredito que a maior diferença entre ambos, para mim, foi a seguinte: ao ler o primeiro, tive a sensação de a história ter sido construída para transmitir uma mensagem. Já no segundo, a mensagem é parte da história, mas não o principal objetivo. Pelo menos, foi essa minha impressão.
Aos admiradores de uma bela e tocante história de amor, Entre a Mente e o Coração é leitura mais do que recomendada. Lycia Barros está de parabéns por ter criado uma história tão linda, tão bem escrita e tão envolvente quanto essa.