Kei 18/12/2009
Eu não diria estranha.
Datado de 1974, Carrie ('Carrie, a estranha' somente aqui no Brasil) foi o primeiro (informação inexatada) romance de Stephen King, e que segundo ele, tem um 'surpreendente poder de machucar e horrorizar' (Trecho retirado da Wikipedia). Talvez, esse poder esteja tão presente pela quantidade de realidade crua e aplicável ao dia-a-dia de centenas de jovens.
Sofrendo de alguns problemas de ordem fisiológica, criada sob a pseudo-proteção de uma mãe com religiosidade além do simples fanatismo e alvo de constantes atos de bullying no colégio, desde a idade mais tenra, é natural imaginar que Carrie, de certa forma, encaixe-se no estereótipo de uma pessoa 'estranha'. A estranheza, todavia, é tão natural quanto a estranheza que verificamos em pessoas mais tímidas no cotidiano das nossas escolas. Carrie é o que eu gostaria de chamar de vítima da sociedade.
O diferencial da garota, porém, é apresentar o suposto 'gene TC', referente a poderes paranormais que serão, adiante, conhecidos como telecinése.
Some os fatores constantes do segundo parágrafo com o diferencial referenciado no terceiro, e verá que o resultado não será tão surpreendente assim. Provavelmente explicará o motivo que leva 'Carrie, a estranha' a ser um livro de apenas 140 páginas.
Ainda assim, Carrie é tão normal quanto muitos de nós, e o livro tratará de mostrar isso. Tratará de mostrar que Carrie era uma garota com sentimentos e desejos, assim como qualquer um de nós, assim como tratará de mostrar que, assim como todos nós, Carrie também sofre com muitos problemas, e de certa forma, tratá de 'justificar' tudo o que ocorreu naquela noite. Tudo com o poder do efeito dominó.
Por fim, cabe ressaltar apenas que Carrie tem várias 'peculiaridades' narrativas características do jeito King de escrever. Pensamentos mesclados a descrições de forma clara, mas confusa. Pensamentos como eles são, sem vírgulas, pontos ou marcaços. Pensamentos puros. Também, é contado em duas formas: sobre o ponto de vista dos personagens, e sobre o ponto de vista de diversos relatórios fictícios que embasam a leitura. É especialmente interessante de se ler graças ao último aspecto, dá um cru toque de realidade a todo o acontecido.
Pessoalmente, eu acreditaria que Carrieta White existiu no nosso mundo, em determinado momento. Se isso dependesse apenas do livro.