Vitorcfab 11/12/2021
A Grande Caçada
Nesse segundo livro, acompanhamos duas linhas narrativas, uma com Nynaeve e Egwane na Torre Branca, treinando para se tornarem Aes Sedai, a outra com Rand e os outros rapazes em uma busca pela Trombeta de Valere, um instrumento capaz de trazer guerreiros mortos de volta a vida.
Quando li esse livro pela primeira vez, li com pouca vontade e sem prestar muita atenção, o que me impediu de absorver a história da melhor forma possível, resultando em uma experiência enfadonha, confusa e com pouquíssima compreensão do desenvolvimento de personagens.
Porém, nessa releitura eu não apenas gostei muito mais do livro, como também percebi detalhes e nuances que deixaram a história ainda melhor, resultando em um livro 5 estrelas e favorito.
O plot de Rand é cheio de aventura, ação e construção de mundo. Gostei muito da aventura toda, do grupo formado, dos personagens novos, do desenvolvimento para os principais e os conceitos apresentados.
Novamente, temos um grupo forçado a se dividir, criando outras duas histórias paralelas, uma liderada por Rand e outra por Perrin. A divisão do grupo foi causada pelas "Pedras-Portais", um dos conceitos mais interessantes dessa série. Não posso explicar exatamente o que são essas pedras, mas o que proporcionaram para a história foi sensacional, além de deixar o rumo da trama incerto e cheio de possibilidades.
O plot de Nynaeve e Egwane se passa em grande parte na torre branca, onde as duas estão em treinamento para se tornarem Aes Sedai. Gosto muito dos desafios que enfrentam, principalmente pelo desenvolvimento emocional que essa experiência proporciona para as duas, mas principalmente Nynaeve.
As duas garotas também se tornam mais próximas de Min e Elayne, o que deixou a história ainda melhor. Gosto muito da amizade delas, bem como a dinâmica desse grupo.
Mais para o final, o plot de Nynaeve e Egwane muda bastante, onde devem resolver um problema, colocando Nynaeve em uma posição de liderança. É maravilhoso ver essas 4 mulheres se ajudando e resolvendo juntas os problemas.
Não é o livro com maior desenvolvimento para os personagens, é na verdade uma história onde esse desenvolvimento acontece de forma sútil, mas significativa. Alguns personagens ganham mais espaço e desenvolvimento explícito do que outros, como Rand e Nynaeve, mas os secundários também tem seus momentos para brilhar.
A fluidez desse livro é muito melhor que a do livro anterior. Ainda é um livro longo (700 páginas) e muito descritivo, mas nessa releitura considerei que fluiu muito melhor. A forma como o autor mesclou a divisão dos pontos de vista e linhas narrativas me agradou muito. Todos os plots apresentados também me pareceram igualmente interessantes, o que me fez ler ainda mais rápido e aproveitar a história do início ao fim.
O final é previsível, mas da melhor forma possível. Tudo que eu queria ver, realmente aconteceu, resultando não apenas em momentos épicos e emocionantes, mas também proporcionando mais um pouco de desenvolvimento para alguns personagens.
Minha única reclamação é que a grande batalha do final foi contada de forma superficial, breve e sem muitos detalhes, além de terminar de forma abrupta. O autor escolheu a pior hora para deixar de ser prolixo. Todos os acontecimentos foram maravilhosos, mas eu gostaria de mais detalhes.
--- Os Personagens ---
Rand. Ele está confuso, lidando com muita responsabilidade e sem saber em quem confiar. Sabe que estar com as Aes Sedai é o mais seguro, mas se sente pressionado, manipulado e usado por elas, o que lhe causa muita insegurança. Por vezes, acaba tomando decisões erradas, tentando não ser manipulado. Em certo momento da história, é forçado a assumir uma posição de liderança, algo que ele não desejava nem estava preparado, mas garante um bom desenvolvimento. Também é constantemente atormentado pelo Tenebroso em sonhos, que aparece para tenta-lo ou assusta-lo. Sei que muitos consideram Rand chato nesse livro, mas não foi meu caso, pois foi um desenvolvimento que me pareceu coerente.
Mat. No livro anterior, ele roubou uma adaga de Shadar Logoth (a cidade amaldiçoada), e essa adaga passa a contaminar sua mente. As Aes Sedai tentam quebrar essa ligação, mas a adaga é roubada, o que coloca Mat na jornada. Ainda que esse conceito seja interessante, o personagem não tem espaço, deixando seu plot subdesenvolvido.
Perrin. Continua sendo um ótimo amigo, mas também um homem retraído, que não gosta de aparecer nem de ter responsabilidade. Ele também é forçado à uma posição de liderança em determinado momento, principalmente por sua capacidade de falar com lobos. É um personagem que não tem tanto espaço quanto eu gostaria, mas já demonstra um bom começo de desenvolvimento.
Ingtar. Soldado que lidera o grupo em busca da trombeta. É um líder muito inteligente e cheio de conhecimento histórico. Também é um personagem ambíguo, com um desenvolvimento que pode até ser clichê e previsível, mas muito bom para esse livro.
Loial. Continua com sua personalidade companheira, agradável e cheia de vontade de aprender, com comentários inteligentes e cheios de conhecimento. Ele é útil para o grupo e se aproxima muito de Rand, por quem passa a nutrir uma admiração. É um é um ser pacífico e que detesta a violência, mas é forçado a fazer coisas ruins para proteger os amigos.
Selene. Uma mulher que Rand encontra e ajuda durante a jornada pelas "Pedras-Portais". Ela passa a ajudar o grupo e nutrir uma forte admiração por Rand, que pode ser patético em alguns momentos. Também demonstra um certo interesse pela Trombeta.
Nynaeve. Está desconfiada e dividida, pois não confia nas Aes Sedai e teme pelos amigos, principalmente por Rand. Ainda que eu ame sua personalidade raivosa e explosiva, isso representa um problema em alguns momentos, principalmente quando deve conviver com as Aes Sedai, o que exige que ela se adeque. Tem ótimos momentos para desenvolvimento, principalmente durante o treinamento, onde seus sentimentos mais fortes são postos à prova de formas cruéis, principalmente seus sentimentos por Lan. Mais para o final, Nynaeve me surpreende ainda mais, demonstrando características de liderança e coragem para enfrentar desafios e salvar sua amiga. Com certeza minha personagem favorita.
Egwene. Está mais leve, descontraída, divertida e confiante depois que começou a treinar para ser uma Aes Sedai. Sua amizade com Rand é mais explorada, principalmente nesse momento de confusão na vida do rapaz. Continua sendo a mulher sonhadora que fica maravilhada com tudo, mas é visível que está mais madura e séria nos momentos mais importantes.
Min. Uma garota que pode ver auras, e está na Torre Branca praticamente obrigada e contra sua vontade. Ela conheceu Rand no livro anterior, e desenvolveu uma paixão por ele. Ela se aproxima muito de Nynaeve e Egwane, o que traz ótimas dinâmicas de equipe.
Moiraine. Ela aparece pouco nesse livro, mas sempre rouba a cena. Através de seus capítulos, veremos mais de suas irmãs Aes Sedai, principalmente os relacionamentos entre elas e os envolvimentos políticos. Podemos ver também um pouco de seu passado e sua amizade / laço espiritual com Lan.
Padan Fain. Um "Amigo Das Trevas" que se encarrega de perseguir Rand e conseguir a trombeta, se estabelecendo como um vilão.
Liandrin. Uma Aes Sedai Ajah Vermelha, que se dedica a caçar homens que considera corrompidos. É muito controladora, manipuladora e até violenta