Ogro 26/11/2013Uma aglutinação de referências sci-fi para um policial de folhetimComo em Highlander 2 , uma corporação jogou a população na escuridão afim de salvá-la de uma catástrofe ambiental;e como no filme, mantém a "salvação" quando ela já não é mais necessária.
Como em Fahrenheit 451, um indivíduo pertencente ao sistema revolta-se contra o mesmo, sendo isolado de todos e perseguido pelo mesmo sistema para o qual trabalhava.
Como em 1984 , o protagonista não é uma pessoa agradável - e como Winston Smith , acaba realizando uma traição derradeira.
Como em A Cidade e as Estrelas somos apresentados a um sistema que gerencia toda uma cidade ,só que neste caso a leva à lenta degradação; isso não é uma impossibilidade - o crash de Wall Street foi atribuído,principalmente, aos sistemas que controlavam o mercado - determinados parâmetros foram atingidos e todos os sistemas começaram a vender , automaticamente, quantidades maciças de títulos, derrubando as cotações.
Existem outras referências que podem ser feitas - a autora parece ter-se abastecido das mais populares obras de ficção científica , tanto da literatura, quanto do cinema (sim, Highlander 2 pode ser considerado ficção científica - de péssima qualidade, tanto que os fãs da mitologia da série o desconsideram) para apresentar uma distopia com ares de atualidade.
Mas é um livro que muitos podem considerar cansativo - praticamente o primeiro capítulo (80 páginas) é dedicado à ambientação e preparo da trama e depois a ação segue em um frenesi , intercalados com críticas à sociedade atual disfarçadas de "futuro".
E parte do problema está nisso - o livro tem um ritmo irregular,como um corredor que pára a cada um quilômetro para tirar uma foto ou narrar um poema - a vontade de pular para o final logo é grande mas,compensa persistir porque a autora, como uma colecionadora de bibelôs, espalhou pelo livro todo referências e críticas sociais.
Lolita Pille consegue montar , ainda que bem superficialmente, um cenário digno de Transmetropolitan - como filme teria imagens dignas de pesadelo. Já como roteiro é de uma simplicidade dos pulp-fictions e com um final tão insatisfatório quanto.
É um livro para ler-se com calma.