Pedro Cortat 01/11/2014
Tá aí o que Sócrates tanto combateu nas suas conversas por Atenas, e depois Platão através de seus diálogos.
Retórica. Só, vazia de verdade. O autor escreve primorosamente, nisso não à como dizer menos dele, porém trabalha com meias verdades, relativiza e absolutiza passagens à conveniência para lubrificar seus argumentos (como por exemplo quando olha para partes dos diálogos platônicos e diz que são Socráticas, se reforçarem o argumentam, ou que são Platônicas quando não - e isso as vezes nos mesmos diálogos por exemplo a República - sem critério algum, só a utilidade).
Distorce conceitos, e ignora as ideias filosóficas por trás das ações e falas de Sócrates e seus discípulos, como a crítica a não participação socrática na política ignorando que a base da filosofia do mesmo é a internalização da moralidade e do valor, da virtude. Sendo assim passa a ser, muito mais importante aprimorar a alma do que se preocupar com corpo, riquezas, poder, títulos e prestígio.
Esse tipo de construção feito em descontextos, meias verdades, critérios relativistas de análise permanece e são fartos os casos. Além de fazer conexões absurdas entre contextos diferentes e críticas anacrônicas.
Fez uma pesquisa profunda, mas na hora de fazer as conexões perdeu a mão, e extrapolou as possibilidades, visando um fim estrito, fazer uma Apologia da liberdade de expressão - elegeu o filósofo seu inimigo arbitrariamente, e servo de uma utilidade por fim acabou deformando seu desenvolvimento, suas ideias - apesar das belas palavras.
Aconselho absolutamente a leitura, contando que a pessoa se comprometa que lerá os demais textos referentes a Sócrates - seja em discípulos antigos ou manuais modernos - antes ou depois, e comparará as posições, outra característica socrática ignorada, o desejo pelo confronto de oposições no diálogo, visando promover a lapidação das ideias e a ampliação do panorama, justamente para ir além dessas construções sedutoras, mas vazias de conteúdo e comprometimento com a verdade.
Sem critérios claros e distintos, considerando ao léu o que é Sócrates e o que não é nos textos antigos, fazendo pontes, análises e conexões baseados nesses achismos, esse é mais um livro sobre como jornalistas podem ser os novos sofistas, quando querem, do que sobre o julgamento de Sócrates.
Que seja como figura histórica, ou mitológica - Heroico, como apresentado por Platão - foi muito importante para a tradição e cultura Ocidental.