O julgamento de Sócrates

O julgamento de Sócrates I. F. Stone




Resenhas - O Julgamento de Sócrates


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Marcos Bobco 28/05/2024

Instigante
O Julgamento de Sócrates pode causar muito incômodo, justamente por contrariar a visão de Sócrates como um herói virtualmente perfeito. E esse incômodo é até certo ponto justificável, I.F Stone realmente acaba relativizando ou levando algumas passagens de Platão ao extremo. Mas o grande mérito dele está ao comparar o Sócrates de diferentes tradições, ao invés só de considerar apenas o platônico, e levantar os problemas de cada uma. E unir essas narrativas com outras pistas históricas e literárias.
I.F Stone pode tentar mostrar que Sócrates acabou sendo um hipócrita presunçoso, mas a conclusão é que foi um mártir da liberdade de expressão, e ao condená-lo Atenas perdeu seus próprios princípios.
Na História, é essencial ter vários pontos de vista para poder compará-los, O Julgamento de Sócrates serve muito bem para isso. Para quem gosta de história, filosofia, política e literatura, ele é um prato cheio.
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Johan.Petrovics 27/02/2024

A Voz Silenciada
I. F. Stone tece uma narrativa densa e intrincada, desvendando o pano de fundo do célebre processo que culminou na morte do filósofo ateniense. A obra, fruto de meticulosa pesquisa e perspicaz análise, transcende a mera descrição dos fatos, mergulhando nas complexas motivações políticas e sociais que permearam o evento.

Stone desvenda a Atenas do século V a.C., palco de acirradas disputas de poder entre facções rivais. A democracia, ainda incipiente, se via fragilizada por ambições desmedidas e jogos de interesse. Nesse contexto turbulento, Sócrates, figura ímpar e incansável questionador, emerge como símbolo da resistência à tirania da opinião pública e à deturpação dos valores.

O autor traça um perfil vívido do filósofo, exaltando sua postura inabalável em defesa da verdade e da justiça. Sócrates, devotado à busca incessante do conhecimento, desafiava as convenções e dogmas da época, atraindo a ira daqueles que se sentiam ameaçados por sua perspicácia e incorruptibilidade.

O julgamento, meticulosamente dissecado por Stone, se revela como uma farsa cuidadosamente orquestrada por seus inimigos. As falhas e contradições do processo são expostas com rigor, evidenciando a injustiça flagrante cometida contra o filósofo.

A obra de Stone não se limita a narrar a história de um julgamento. É um libelo contra o fanatismo, a intolerância e a manipulação política. A morte de Sócrates se ergue como um símbolo atemporal da luta pela liberdade de pensamento e pela prevalência da verdade.


"O Julgamento de Sócrates" é uma leitura obrigatória para aqueles que se interessam pela história da filosofia, pela política e pelas grandes lutas da humanidade. A obra de Stone é um convite à reflexão sobre os valores que norteiam nossa sociedade e sobre o papel fundamental do questionamento crítico na busca por um mundo mais justo e equilibrado.
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Wanderson.Trindade 08/09/2023

O Julgamento de Sócrates
"O Julgamento de Sócrates" é um livro escrito por I.F. Stone, um jornalista e escritor americano, publicado originalmente em 1988. Nesta obra, Stone apresenta uma análise detalhada do famoso julgamento de Sócrates na antiga Atenas, baseando-se em documentos históricos e em sua própria interpretação dos eventos.

O livro começa contextualizando a Atenas do século V a.C., fornecendo uma visão abrangente da atmosfera política, social e filosófica da época. Stone explora a importância de Sócrates como figura central nesse contexto, destacando seu método de questionamento e sua busca incansável pela verdade.

Stone examina cuidadosamente o processo judicial que levou ao julgamento de Sócrates, incluindo as acusações feitas contra ele e as circunstâncias que envolveram todo o evento. Ele analisa as estratégias de defesa de Sócrates, sua postura diante dos juízes e sua eloquência ao expor seus princípios e crenças.

Ao longo do livro, I.F. Stone também aborda as motivações políticas e sociais que podem ter influenciado o veredicto e a condenação de Sócrates. Ele explora as tensões existentes em Atenas na época, bem como as rivalidades e os interesses individuais que podem ter contribuído para o desfecho do julgamento.

Uma das principais contribuições do livro é a análise das razões pelas quais Sócrates optou por não fugir ou buscar um acordo para evitar a sentença de morte. Stone explora as convicções filosóficas de Sócrates, sua integridade moral e sua crença na justiça mesmo diante de uma condenação injusta.

"O Julgamento de Sócrates" é uma obra que oferece uma perspectiva interessante sobre um dos eventos mais emblemáticos da história da filosofia. Stone apresenta uma visão crítica e detalhada do julgamento de Sócrates, explorando não apenas os aspectos legais e filosóficos, mas também os fatores políticos e sociais envolvidos.

Embora seja importante ter em mente que o livro reflete a interpretação de I.F. Stone sobre os eventos, sua abordagem meticulosa e sua pesquisa cuidadosa fornecem aos leitores uma compreensão mais profunda do contexto e das complexidades do julgamento de Sócrates.

No geral, "O Julgamento de Sócrates" é uma leitura recomendada para aqueles interessados na filosofia grega antiga, na história da justiça e na vida e legado de Sócrates.
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Paulo 28/04/2023

Melhor exemplo de anacronismo
Esqueça tudo o que você já aprendeu sobre Sócrates. Ignore o que Platão, seu devotado discípulo, escreveu sobre ele. Jogue fora Xenofonte. Ouça um pouco, mas bem pouco, Aristóteles, mas nenhum deles sabia realmente do que estavam falando. Quem sabe mesmo quem foi o filósofo Sócrates é o jornalista I.F. Stone, autor dessa “obra prima” que me caiu nas mãos.
De acordo com Stone, para Sócrates era como se os pobres não existissem, pois a escravidão sequer era tratada pelo filósofo. Machista, utilitarista, não patriótico, ególatra, vaidoso, esnobe, excêntrico, esquisitção são apenas algumas das qualidades de Sócrates.
E o método socrático da maiêutica? Segundo o autor, Sócrates era o mestre da dialética negativa. Ele não concluía nada, só queria irritar e gerar confusão em seus interlocutores. Como Sócrates não conseguia definir nada, era um fracasso como professor da virtude.
Ah, e Sócrates também admirava Esparta, embora naquela cidade houvesse restrições à liberdade dos cidadãos semelhantes às da URSS e da China (!).
Veja bem, segundo o renomado autor, dois foram os maiores pecados de Sócrates: ser uma pessoa antidemocrática e não se interessar por “justiça social”.
Platão também não é poupado de críticas: ele representa a quintessência do conservadorismo, pois temia qualquer mudança. Além disso, o mestre da Academia ofereceu às ditaduras leninistas “precedente que não pode ser encontrado nem em Marx ou Engels”.
Sobre o julgamento em si, a tese do autor é que bastaria a Sócrates, em sua defesa, ter invocado o direito à liberdade de expressão, caro à democracia ateniense, para ser absolvido. Mas, como não o fez, Sócrates na verdade era um suicida. Ao menos ele reconhece Sócrates como o primeiro “mártir da liberdade de expressão e do pensamento”.
Eu pensei em abandonar o livro por várias vezes, pela nítida sensação de estar lendo uma baboseira sem igual e estar perdendo meu tempo. Mas até me diverti com a análise feita da Ilíada, de Homero, quando o autor chamou Aquiles de “choramingas”.
Talvez a intenção do autor tenha sido simplesmente polemizar ou fazer piadas. Não consegui levar a obra a sério.
Como sabido, "o anacronismo ou anticronismo consiste basicamente em utilizar os conceitos e idéias de uma época para analisar os fatos de outro tempo”. Em outras palavras, o anacronismo é uma forma equivocada em que tentamos avaliar um determinado tempo histórico à luz de valores que não pertencem a esse mesmo tempo histórico.
Este livro é o melhor exemplo de anacronismo que já vi. Não perca seu tempo.
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Augusto Bogo 03/02/2020

Fantástico!
Izzy Stone, grande jornalista, mostra toda sua maestria sobre o tema "Sócrates" e "Grécia Antiga" nesse livro.
Trás diversos questionamentos e referências gregas ao abordar o julgamento de Sócrates, bem como contradições e semelhanças entre os escritos sobre o filósofo grego.
Eu, com mania de sublimar e fazer anotações em livros, acabei 'riscando' quase o livro inteiro.
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Pedro Cortat 01/11/2014

Tá aí o que Sócrates tanto combateu nas suas conversas por Atenas, e depois Platão através de seus diálogos.
Retórica. Só, vazia de verdade. O autor escreve primorosamente, nisso não à como dizer menos dele, porém trabalha com meias verdades, relativiza e absolutiza passagens à conveniência para lubrificar seus argumentos (como por exemplo quando olha para partes dos diálogos platônicos e diz que são Socráticas, se reforçarem o argumentam, ou que são Platônicas quando não - e isso as vezes nos mesmos diálogos por exemplo a República - sem critério algum, só a utilidade).
Distorce conceitos, e ignora as ideias filosóficas por trás das ações e falas de Sócrates e seus discípulos, como a crítica a não participação socrática na política ignorando que a base da filosofia do mesmo é a internalização da moralidade e do valor, da virtude. Sendo assim passa a ser, muito mais importante aprimorar a alma do que se preocupar com corpo, riquezas, poder, títulos e prestígio.
Esse tipo de construção feito em descontextos, meias verdades, critérios relativistas de análise permanece e são fartos os casos. Além de fazer conexões absurdas entre contextos diferentes e críticas anacrônicas.
Fez uma pesquisa profunda, mas na hora de fazer as conexões perdeu a mão, e extrapolou as possibilidades, visando um fim estrito, fazer uma Apologia da liberdade de expressão - elegeu o filósofo seu inimigo arbitrariamente, e servo de uma utilidade por fim acabou deformando seu desenvolvimento, suas ideias - apesar das belas palavras.
Aconselho absolutamente a leitura, contando que a pessoa se comprometa que lerá os demais textos referentes a Sócrates - seja em discípulos antigos ou manuais modernos - antes ou depois, e comparará as posições, outra característica socrática ignorada, o desejo pelo confronto de oposições no diálogo, visando promover a lapidação das ideias e a ampliação do panorama, justamente para ir além dessas construções sedutoras, mas vazias de conteúdo e comprometimento com a verdade.
Sem critérios claros e distintos, considerando ao léu o que é Sócrates e o que não é nos textos antigos, fazendo pontes, análises e conexões baseados nesses achismos, esse é mais um livro sobre como jornalistas podem ser os novos sofistas, quando querem, do que sobre o julgamento de Sócrates.
Que seja como figura histórica, ou mitológica - Heroico, como apresentado por Platão - foi muito importante para a tradição e cultura Ocidental.
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clodoaldo 03/01/2011

um estudo aprofundado de diversas fontes
Um panorama interessante da Atenas do século V e as razões possíveis que levaram Sócrates a aceitar sua pena.
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Daniel 12/12/2011minha estante
legal é que o jogador de futebol, Sócrates, morreu esses dias... será que ele também tomou a cicuta!?




Geógrafo da Alma (Poeta) 16/02/2009

Excelente livro. Um dos melhores que li nos últimos anos, realmente é uma leitura que vale a pena.
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