Arch_ 22/05/2024
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”."
Com um dos 'incipits' mais famosos de toda a literatura, Gabriel García Márques inicia sua mais contemplada obra literária, que, em minha opinião de leitor, veio a se tornar o melhor livro já escrito.
Lê-lo foi como renascer: mudou por completo minha maneira de observar, sentir e contemplar o mundo ao meu redor. Recheado de críticas ácidas e sutis, explícitas e implícitas, conta a história das sete gerações da família Buendía. Mas longe de ser uma narrativa trivial, também traz diversos elementos históricos, unidos à experiência pessoal e criatividade exuberante de Gabo.
Sua maneira instigadora, crua e pesada de narrar faz com que capítulos inteiros se tornem tão interessantes e atrativos quanto um filme. O livro faz parte do gênero realismo-mágico, trazendo aquela incerteza para com a realidade.
Ao decorrer da leitura, recomendo questionar-se o motivo por trás do título "Cem anos de solidão", mais especificamente sobre a parte da solidão: como ela é retratada no texto?
No mais, é um livro digno do Prêmio Nobel, digno de sua excelência.
"Que abram portas e janelas, que preparem carne e peixe, que comprem as maiores tartarugas, que venham forasteiros estender suas esteiras pelos cantos e urinar nas roseiras, que se sentem à mesa para comer quantas vezes quiserem, e que arrotem e digam disparates e enlameiem tudo com suas botas, e que façam com a gente o que lhes der na telha, porque esta é a única maneira de espantar a ruína."