cinoca 26/03/2011Decepção...É difícil começar a falar do segundo volume da A lenda dos guardiões sem sentir aquele sentimento de desapontamento.
A captura foi um ótimo livro para nos introduzir a história de Soren, Gylfie, Crepúsculo e Digger, conseguiu manter bem o equilíbrio entre os momentos de ação, emoção, as explicações sobre esse novo mundo e descobertas. Mas o que vemos em A jornada? Exatamente a mesma coisa, exceto que toda a ação é deixada para trás.
Dessa vez Kathryn Lasky volta a nos apresentar mais detalhes e hábitos das corujas, o que é bastante interessante se escrito resumidamente e de uma forma que você entenda em um parágrafo no máximo, o que não é o que acontece. Vemos páginas e mais páginas tentando nos explicar hábitos que não acrescentam em nada na história em si, são apenas curiosidades sobre esses animais.
Outro ponto que acabou sendo negativo foram as músicas, que apesar de serem bacanas, acabam enjoando e se tornando um pouco chatas porque também não acrescentam muito à história.
Falando sobre os aspectos positivos de A Jornada, mesmo enrolando em detalhes dos hábitos das corujas, quando a história exige momentos de ação a autora consegue contar muito bem essas partes, com os detalhes necessários, especialmente as emoções das corujas, o que eu venho destacando desde o volume anterior. Kathryn tem o dom de conseguir transmitir as emoções desses animais com detalhes que poucos outros autores conseguem.
O livro fala principalmente do vínculo de amizade que foi criado pelas corujas, e durante toda a história de alguma forma nós vemos Soren lutando pela união de seu grupo e seus amigos também preocupados uns com os outros, o que é realmente agradável de ler, porque apesar de serem apenas pássaros, Kathryn Lasky conseguiu fazer a personalidade dessas jovens corujas se aproximar ao máximo com a personalidade de crianças humanas. Há aquelas implicações bestas com os sabichões da turma, a falta de paciência em alguns momentos, a afobação para serem os melhores, as briguinhas e as reconciliações… são sentimentos e momentos que todos passamos quando estamos no colégio.
Em geral, A jornada pode ser resumida como o momento “escola” dessas corujas, onde elas aprendem um pouco mais sobre suas espécies, seus hábitos, são obrigados a encarar responsabilidades pelo bem da sociedade onde estão vivendo e a entender que o mundo não é toda aquela fantasia e histórias bonitas que eles ouviram falar em lendas.
Há mistérios que você com certeza fica ansioso para desvendar, descobrir o que há de errado no mundo de Soren e sua turma, mas há pouquíssimas respostas e há menos ainda a aventura cativante que encontrei e gostei tanto no primeiro volume da série.
Anseio por O resgate pela forma como A jornada terminou, deixando aquele gostinho de quero mais e prometendo muita aventura, mas se o terceiro volume de A lenda dos guardiões for mais outras 200 páginas de ensinamentos sobre esses animais noturnos, vai acabar sendo também o último livro dessa série que irei ler.