Resenhas - Assim é, se lhe parece

Clarissa 02/03/2024

Uma leitura provocadora.
Um livro que é fácil de ler pq é uma peça dividida em diálogos que prendem o leitor. Eu pelo menos fiquei presa na história que instiga a reflexão. É um livro inteligente, provocador, crítico e que pode servir como espelho para o leitor. O que é a verdade? Pq precisamos de verdades absolutas? Há realmente situações nas quais há uma verdade, mas a questão é, pq precisamos dela e o que fazemos com ela? Será que necessitamos de verdades para o exercício de poder? Ou quais os poderes que acreditamos ter quando chegamos a algumas verdades? A verdade sempre promove a justiça? Questões, questões... Como eu disse, um livro provocador e que pode servir de espelho para o leitor. Uma leitura aparentemente simples, porém cheia de complexidades.
Fica a dica! ??

Gabriel 16/02/2024

Primeira vez lendo uma peça, e apesar de demorar um tempo para me acostumar, a experiência foi bem divertida!

Moral do livro:
A verdade nada mais é do que um gaslighting bem sucedido.

Gabriel Vilela 01/02/2024

Assim é ou lhe parece ser?
A todo momento a perspectiva muda e minha mente "explode". O que eu vejo não é exatamente o que você vê. Nem mesmo o que você vê quando se olha no espelho é absoluto pois o reflexo distorce a sua imagem. Tudo para todos depende do ponto de vista, da crença e do moral.
Adorei a leitura e da "aula" feito em estilo teatral italiano com palavras refinadas e com um alto valor metafórico no final do ATO III.
Recomendo.

Felipe Augusto 20/08/2023

Uma boa peça de teatro do Luigi Pirandello, gostei dos personagens que são meu enérgicos. Um ponto muito interessante da peça é a dúvida do que é verdade ou não do que é louco ou não tudo muito curioso o que leva a devorar a leitura rápida do livro. Apesar de achar o final abaixo do que eu esperava.

leuu_lima 31/05/2023

Ok, o maluco sou eu!
Acho que a pergunta principal não é quem da história é o mentiroso ou o louco, mas sim quem é maluco o bastante para se importar com a suposta verdade absoluta. O que Pirandello expõe em sua peça é esse jogo psicológico de relativismo: se algo é mentira, mas visto como verdade por todos, interessa muito mais como aquilo se desdobra socialmente do que se o fato em questão é real ou não. Claro que esse conceito de não existir uma verdade se relaciona de diversas formas ao fascismo, ideologia na qual Pirandello se alinhou. Mas isso aí é papo pra uma análise com mais tempo.

j_almansa 30/06/2014

não me convenceu de que a verdade não exista, apenas, pontualmente ela não pode ser conhecida.
por ajudar a confundir, conseguir inspirar a descrença, como está em moda hj em dia e por estarmos mergulhados numa sociedade que é cada dia mais influenciada pela visão marxista essa peça ainda tem tanto prestígio.

Aguinaldo 19/02/2013

assim é (se lhe parece)
Nunca vi uma montagem desta peça, mas conhecia um tanto do enredo por conta de conversas acaloradas com Alexandre e a Carla, nos bons tempos da Rua dos Franceses. A montagem original aconteceu há quase 100 anos, em 1917. A trama é engenhosa, uma reflexão sobre o quanto podemos de fato entender dos outros, das escolhas e da vida dos outros (e se é que podemos saber alguma coisa sobre nós mesmos, que não seja filtrada pela hipocrisia e as convenções sociais). Um funcionário público chamado Ponza instala-se numa cidade (provinciana, apesar de ser uma capital, algo como ainda hoje é a mui leal e valorosa Porto Alegre e tantas outras cidades brasileiras). Ele divide o tempo de sua vida pessoal com a mulher, em uma casa afastada no campo, e com a sogra, que mora no centro da cidade. Os vizinhos, colegas e superiores na prefeitura não entendem esse arranjo familiar, curiosos sobre os porquês de Ponza manter mulher e sogra separadas. Essa curiosidade leva cada grupo a construir diferentes verdades, versões deles para o arranjo, que imaginam ser a mais correta, e assim uma questão privada torna-se um problema público. A sociedade, perversa e cruel, como sempre sabe ser, invade o cotidiano de uma família e torna a vida deles insuportável (assim como torna-se insuportável a própria estrutura social estabelecida). O personagem mais interessante da peça é Laudisi, talvez um alter-ego do autor, uma espécie de bufão (mas um bufão que parece mais se divertir às custas dos outros personagens que entretê-los), uma poderosa consciência onisciente, que desnuda cada uma das toscas justificativas para a curiosidade dos demais. Apesar de divertido, bem humorado, o texto de Pirandello é cerebral, sofisticado, levando o leitor a imaginar-se na situação que é apresentada. Só mesmo um grande texto para atravessar um século ainda com tanto frescor e potência (ou seja, o ser humano continua o mesmo canalha inútil e tolo de sempre, não aprendemos mesmo nada uns dos outros). A edição inclui um posfácio (assinado por Alcir Pécora), uma cronologia da vida de Pirandello e uma bibliografia completa de sua obra. Belo livro.
[início: 29/01/2013 - fim: 03/02/3013]
"Assim é (se lhe parece), Parábola em três atos", Luigi Pirandello, tradução de Sérgio N. Melo, São Paulo: editora Tordesillhas, 1a. edição (2011), brochura 14x21 cm., 199 págs. ISBN: 978-85- 64406-09-4 [edição original: Cosi è (se vi pare) Teatro Olimpia (Milano) 1917]