Karini.Couto 06/03/2024Tem histórias que pegam a gente de tal maneira que transborda tantos sentimentos, mas nos deixa sem chão por um tempo, sem saber por onde começar a falar sobre o que estamos sentindo.
A Loucura do Mel é provocante e mexeu absurdamente com meu psicológico, com meu lado maternal, com meu lado mulher, pessoa, humano.
Quando recebi esse livro na V.I.B. não fazia ideia do que era a obra, e demorei a vir falar sobre ela, pela complexidade de emoções que experimentei.
Temos duas mulheres, que sofreram abusos e buscaram se reinventar, fugindo, se afastando do que lhes fazia mal e a pergunta que a obra nos deixa de cara, é quantos ângulos diferentes uma mesma história pode ter? E a lente que observa têm peso sobre elas pendendo para um ou outro lado? Os escudos que erguemos são proteção ou negação?
De um lado temos Olivia, uma mãe que já havia fugido de um passado de abusos em busca de segurança para si e principalmente para seu filho, e que luta para provar que seu filho não cometeu assassinato, do outro lado temos Lily, a namorada encontrada morta, contando como se sentiu e o que estava acontecendo em sua vida e na sua cabeça antes de ser encontrada sem vida.
A história não tem intervalos ou pausa, não nos poupa dos abusos, dos sentimentos, dos sofrimentos vividos por elas antes e depois.
Entre diversos segredos que os personagens escondem vamos desnudando cada um deles, e aos poucos, vendo o rumo das coisas, porém com reviravoltas que eu não esperava e nem imaginei. Então me vi de boca aberta e pausando à leitura para digerir o que estava diante de meus olhos.
Liv, viveu aquele relacionamento que você se dedica, acha que encontrou a pessoa certa, até que essa pessoa começa a mostrar traços que muitas vezes ela até passou pano para as atitudes, depois sentiu medo, desculpou acreditando ser um ato isolado e finalmente percebeu que precisaria partir por sua vida e também para preservar seu filho, que se ficasse ali, que tipo de pessoa seria? O que poderia acontecer com ele?
Liv fez escolhas e escolhas geram consequências, por mais que tentemos criar uma espécie de bolha de proteção, isso não existe, nem aqui (ficção) nem na vida! E ela pensa que já passou pelo seu pior pesadelo, mas não, algo bem pior veio e a faz revisitar o passado para lidar com o presente e tentar lutar por um futuro, pelo seu filho.
Lily uma jovem linda, criativa com uma vida inteira pela frente e que por vezes lutou contra o desejo que a consumia de tirar a própria vida, do horror que tinha de um pai que ficou no passado, mas que retorna à sua vida trazido pelo jovem no qual se apaixonou. Para esse jovem, era um presente poder ter a oportunidade de estar com o pai, já que ele foi privado disso, enquanto Lily escolheu isso, e essa parte é algo absurdamente importante nessa trama.
Essas duas mulheres parecem distintas no começo, mas vamos percebendo a bagagem dolorosa que elas carregam, em fases diferentes da vida e como escolheram e conseguiram lidar com isso.
Uma obra que na ficção nos faz refletir muito sobre coisas e situações reais, que mostra diversos ângulos humanos e um deles é justamente enquanto mãe, seja a Liv, mãe do jovem acusado de matar a namorada ou da mãe de Lily, marcada pela dor de perder sua filha, depois de lutar à sua maneira por ela..
Livros assim, onde a maternidade e o amor incondicional está em confronto com outros sentimentos, não tem como não imaginar, "e se algo assim acontecesse com meu filho ou minha filha", como eu reagiria? O que eu faria?
A obra é muito envolvente e o título faz menção à vida de Liv, que cultiva mel, achei interessante vários comparativos entre abelhas e mel com a vida, e humanidade. Aprendi coisas que desconhecia, e ansiei a todo instante por desvendar a história daquelas mulheres e como se daria o desfecho.
Que livro! Ele possui inúmeros gatilhos, e eu tive que tomar fôlego diversas vezes, trazendo muitos pontos para além das páginas, a obra é muito marcante, se tornou favorita e vai ficar na minha memória.
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