Rose 03/02/2024Sou apaixonada por mitologia e dentre os vários mitos e histórias existentes sobre a mitologia grega, o da Medusa é um que sempre me revoltou.
Neste livro temos a versão mais cruel e verdadeira, pois simbolicamente não deixa de representar o que acontece em nossa realidade.
Afinal, quantas não foram as vezes em que crianças e adolescentes foram até suas mães, cheias de vergonha contarem que foram violentadas pelos namorados, pais, padrastos e suas mães não acreditaram?
Justamente aquelas que deveriam ser as primeiras a protegê-las, viram-lhe as costas...
Ou quantas vezes não vemos a vítima ser acusada de ter provocado o abuso? Ou então, quantas vezes não são as próprias mulheres as primeiras a levantarem ataques a outra mulher?
Com Medusa foi assim. Primeiro Atena, a deusa que deveria lhe proteger, acabou amaldiçoando-a, destruindo sua fé e devoção.
Depois, sua mãe não acreditou em sua inocência e atacou sua honra.
No fim, Poseidon saiu ileso, e Medusa pagou pelo crime que ela sofreu.
Engraçado que o monstro foi construído pelos próprios deuses que depois forjaram um herói para esconderem seus podres.
Aliás, que ironia, Perseu que usou da bondade de Medusa, prometeu contar a todos a verdade sobre ela, recebu seu prêmio e se calou. Ficando com os louros que nem merecia.
Um enredo que mostra bem o que temos de pior, inveja, prepotência, abuso de poder, opressão, egoísmo, machismo.
Os deuses mandam e desmandam, fazem o que querem e não são responsabilizados. Para isso, existem os mortais. Joguetes nas mãos dos que detém todo o poder.
Medusa nunca teve chance, mas que eu adoraria ter visto ela tacar fogo no mundo... ah como eu adoraria...
É mitologia, mas poderia ser vida real.
Leitura muito boa, mas senti falta de um melhor aproveitamento das irmãs de Medusa.