Byby 18/11/2023
"A ficção, no final das contas, longe de ser uma fuga da realidade, é uma forma de reinvidicá-la"
Foi um livro que superou minhas expectativas em muitos sentidos. Depois do fracasso particular que foi a leitura de "O Homem de Giz", veio um livro digno de leitura.
Mesmo sendo escrito literalmente há 100 anos, tem uma escrita compreensível, dentro do possível, assim como os livros da Agatha Christie, porém com uma dinâmica mais rebuscada. Encontrei diversas frases/expressões antissemitas, mas já esperava, pois a editora HarperCollins fez seu devido trabalho e pôs uma nota avisando antes da história começar.
A história, no geral, é muito bem trabalhada e não parece falhar em nenhum momento. É percebível também que a autora apenas te deixa suspeitar do possível assassino quando é de sua vontade. Mas melhor que a trama, apenas os personagens que são minuciosamente construídos, principalmente nosso excêntrico detetive Lorde Peter Wimsey, mas também devemos mencionar seu fiel mordomo e amigo, Bunter, e Sr. Parker, inspetor da Scotland Yard e outro amigo, além do assassino que foi belamente desenvolvido. Sua conclusão foi feita de modo a saciar o leitor (mas, principalmente, Lorde Peter - quem leu entende o que quero dizer) e cortar todas e quaisquer dúvidas sobre o crime,
Ao final do livro, após terminar a história, somos presenteados com uma biografia de Lorde Peter, escrita pelo seu tio, Paul Austin Delagardie, a pedido de Sayers, o que deixa o detetive mais cativante ainda. E eu gostei bastante de saber mais sobre a vida do personagem.
O posfácio, escrito pelo incrível Samir Machado de Machado, faz muitas observações dos personagens (aponta semelhanças, provavelmente inspirações, dos personagens de Sayers com Sherlock Holmes, de Conan Doyle), além da relação da vida pessoal/financeira da autora com o estilo e a classe social de Lorde Peter (basicamente: o que ela não tinha na vida real, se proporcionava a ter com Peter e seus luxos aristocráticos), o que eu achei muito interessante, pois nos possibilita a conhecer mais da autora também, já que é a primeira vez que uma obra dela é publicada no Brasil. Espero que a editora traga mais livros de Dorothy L. Sayers e mais aventuras de Lorde Peter, e, sinceramente, é uma pena que tenhamos perdido tantos anos sem conhecer essa outra Rainha do Crime. Mas antes tarde do que nunca não é?
p.s.: avaliei com 4 estrelas, porque não consegui me envolver cem por cento com o livro. Os motivos, creio ter sido dois: uma questão pessoal com o gênero, já que não sou uma fã de carteirinha de mistério, porque sempre perco a energia de saber a resolução no meio do caminho, mas sigo firme até o fim por curiosidade (meu jeitinho). Além do mais, a leitura ficou cansativa e maçante depois de um longo tempo lendo, mas acredito que seja por conta da escrita que tem um estilo que não estou acostumada, afinal é de um século atrás. Entretando, pensando no que ele promete e no que entrega, é sim, um livro 5 estrelas.