Carla.Parreira 28/12/2023
Toda ansiedade merece um abraço (Alexandre Coimbra Amaral). Melhores trechos: "...A ansiedade é uma catapulta do tempo, lançando-nos para um futuro imaginado e sentido como o pior dos cenários. Estamos num século em que o futuro é o que importa: sonhar, colocar foco e fé nas metas, imaginar onde queremos estar em 5 anos, projetar-nos naquilo que nos faz querer viver melhor o presente. Tudo isso pode ser belo, útil e inclusive saudável. Não há nenhum demérito em sonhar. O problema está em ser obrigado a construir metas cada vez mais audaciosas, sem pausa, sem descanso, sem tempo para decidir se quero mesmo continuar no mesmo ritmo de estabelecimento de parâmetros de resultado. Temos o direito de parar? A partir de quando o silêncio, a quietude, o amparo de si e a recusa do tempo frenético deixaram de ser virtudes dessenciais à vida? Essas virtudes esquecidas mora nos outros dois tempos: no presente e no passado. Quando somos levados somente para o futuro, eixamos vagos os espaços do aqui e agora e das nossas memórias, das saudades, das cenas que nos compuseram. A ansiedade virou esse estímulo perene da cultura a nos guiar rumo ao tempo que ainda não existe. Fomos retirados do chão do presente e do chão das nossas memórias. Qual o efeito disso em nossas vidas? Desprestigiar o presente é estar em estado de desatenção permanente... Saudade é imaginar, não é somente lembrar... Ansiedade é uma emoção contagiosa, mas não perigosa..."