Douglas | @estacaoimaginaria 20/01/2024
Gosto das histórias do Stephen King exatamente porque, diferente de um romance policial clássico, ele entrega todas as cartas para o leitor. Portanto, ele não nos leva junto nessa investigação de Holly. Ele simplesmente narra todos os pontos de vistas, sem pedir que o leitor tire suas conclusões. As informações estão todas lá. Basta o leitor seguir lendo e descobrir onde é que vai terminar. E cara, que viagem eletrizante.
Holly Gibney é uma das personagens mais intrigantes e astutas de Stephen King. Acho que tanto quanto o autor a ama, como ele mesmo diz, para o leitor é fácil se conectar com ela.
Essa história tem muitas camadas, e é um tanto diferente das histórias tradicionais de King. Primeiro de tudo, os antagonistas não têm aquela sobrenaturalidade característica de uma história dele. Contudo, são personagens intrigantes, cruéis e com um grau bem alto de maluquice. E aí sim é algo característico dele.
Em segundo lugar, acho que o autor coloca uma boa dose de assuntos mais pessoais, que refletem bem a sua própria vida. Digo isso pois é óbvio seu antagonismo com pessoas anti-vacinas e pró-Trump, por exemplo. Quem acompanha as opiniões do autor, verá claros sinais disso nessa obra. Além disso, é uma história que se passa em meio à pandemia. E ele coloca muito de si na protagonista, na sua crença sobre a doença e seu antagonismo com pessoas que desdenham dela. Isso faz com que os leitores, pelo menos os que pensam semelhante, se conectem ainda mais.
Falando de camadas, tem o suspense, claro, mas é mais uma investigação criminal do que um thriller por assim dizer. Além disso, King fala sobre o envelhecimento, o luto e lealdade, de maneira igualmente sincera e delicada. Fica claro pro autor, por trás de toda a ficção, essas mensagens que ele quer passar. No fim das contas, sabemos que é mais um capítulo de sua história brilhante criando ficção e tramas de arrepiar. E que venham os próximos.