spoiler visualizarMikaelen.Bezerra 31/05/2024
Razoável
Eu tinha uma curiosidade muito grande para ler esse livro, até porque vejo muitos comentários bons sobre ele e o tema parecia muito interessante, e realmente é. Essa doença que o personagem principal tem, era desconhecida para mim até então. E isso me fez pensar "como a autora vai conseguir conduzir essa história pelo ponto de vista de um personagem que não consegue sentir, demonstrar, ou perceber nenhum tipo de sentimento?" Bom, agora eu sei como.
Logo no começo do livro eu percebi as direções que a autora estava tomando e elas me agradaram. Começar a contar a história do Yunjae desde criança para acompanhar-mos as dificuldades que a mãe e avó dele passavam, ao mesmo tempo todo o amor, carinho e cuidado que elas tinham por ele, mesmo sabendo que não seriam retribuidas exatamente do mesmo jeito, isso foi fundamental para criarmos uma empatia por ele, sua família e sua condição. E esse background conseguiu me causar essa empatia até certo ponto, pois a parte com a mãe e avó dele foi a que mais gostei no livro, porque nela eu realmente consegui sentir empatia tanto por elas quanto por ele. Porém depois daquela tragédia (que, não irei mentir, me deixou muito abalada), eu não consegui sentir mais essa empatia ou conexão com livro e muito menos com algum personagem.
Bem, depois que o personagem principal se vê sozinho no mundo, as coisas ficam mais complicadas para ele, e acho que para o leitor também. Pelo fato dele não conseguir sentir ou expressar nenhum tipo de sentimento, isso acaba nos afastando de maneira que ainda é possível sentir empatia por ele, mas nunca chega ao ponto de "nossa eu gosto muito desse personagem". O mínimo de preocupação que senti por ele foi mais realmente por causa das condições neurológicas do que por gostar dele. Essa foi uma barreira que na minha opinião a autora não conseguiu superar.
Outra coisa que não deu certo para mim foi os outros dois adolescentes diretamente ligados ao Yunjae, o Gon e a Dora. Nesse caso eu tenho duas suposições que possam explicar o porquê de eu talvez não ter gostado tanto deles. Primeiro, pelo livro ser meio "curto" e algumas coisas não terem sido desenvolvidas tão bem (isso no caso do Yunjae com a Dora). E segundo, por causa da tradução que as vezes me tirava da história e me fazia ter ranço de certo personagem (Gon).
O livro não é curto. Na verdade eu acho que ele tem menos páginas do que a história necessitava para contar tudo de maneira mais envolvente, desenvolvida e completa. E isso fica claro no relacionamento do personagem principal com a Dora. Do mesmo jeito que ela aparece do nada, a relação deles também escala do nada. É tudo muito rápido.
Agora uma coisa que me incomodou MUITO mesmo foi o final. Eu estava esperando uma coisa mais realista e pé no chão, já que a autora já tinha demonstrado ser capaz de abordar essa narrativa. Mas aparentemente ela resolveu escolher a solução mais Disney possível. Sério que a gente leu tudo isso sobre as nuances da doença do Yunjae, para no final a solução ser "o amor cura tudo, inclusive doenças neurodivergentes que ainda não tem cura medicinal comprovada"?? Isso para mim foi o fim da picada. Eu entendo a mensagem que a autora quis passar. Só acho que ela deveria ter tentado passar de uma maneira menos fantasiosa e preguiçosa.
Mas enfim... O livro tem suas qualidades, não vou negar. Ele aborda um assunto interessante e tem alguns relacionamentos e personagens bem legais. Porém tem muitos pontos negativos que ME incomodaram mais do que eu esperava. Entendo quem tenha gostado, mas realmente não é um livro que se alguém me pedisse indicação eu recomendaria. Nem um livro que eu leria de novo.