Flor.Braz 30/01/2023
Bonito e fluído, esperava mais profundidade.
O livro fala sobre a busca de propósito, e mostra essa jornada para Dex, um monge que, em sua primeira tentativa de busca por algo maior, mudou completamente de função e depois, ainda infeliz, foi buscar no mundo selvagem (no maior estilo "into the wild") um sentido maior para a vida, onde encontra o robô senciente Chapéu de Musgo. Nas palavras da contra-capa, o robô busca entender o que os humanos precisam - sendo que já vivem numa sociedade onde, no sentido prático, todos tem o que necessitam.
É um livro calmo, bonito, contemplativo - é ambientado em Panga, em sua sociedade "perfeita". Sem pobreza, sem destruição do meio ambiente, sem preconceitos entre os humanos. Não há grandes aventuras, suspense, apenas a jornada de auto-conhecimento e a construção da relação entre o humano e o robô.
No que para mim foi o diálogo mais interessante, é apresentada a dicotomia entre o apenas existir e o desejo de fazer algo maior, deixar uma marca no mundo, encontrar o seu propósito, ponto esse, que é defendido por Dex. Como contra-argumento, o robô fala que já somos maravilhosos por existir, somos um milagre, então não precisa de um propósito na vida, além de viver, aproveita-la. Infelizmente, por mais interessante que o trecho tenha sido é curto, e não há muito mais desenvolvimento além disso, o que para mim faz bastante falta.
A sensação que fiquei é que talvez o livro tenha mirado muito alto, numa questão filosófica profunda e não conseguiu atingir o nível de discussão que almejava. Felizmente, lembrei que se trata de uma série, então isso ainda pode ser atingido no próximo volume. Vou torcer para que sim, pois foi uma leitura bastante agradável e adoraria ler mais desenvolvimentos sobre as questões filosóficas apresentadas.