Resenhas - Abandonar um gato

RayLima 08/05/2024

Cada vida é uma história que precisa ser contada
?Sou apenas o filho comum de um homem comum.?

Neste pequeno livro, Haruki Murakami traz uma coletânea de lembranças, histórias e fatos sobre a vida de seu pai, já falecido, com quem ele tinha uma relação bem complexa e passou anos sem ter contato. Dividido em mini-capítulos, é uma leitura fácil e agradável, que apesar de breve, nos apresenta muitas reflexões.

A história de seu pai está muito ligada com a guerra, por isso temos muitos relatos desse período, Murakami fez uma pesquisa sobre os eventos, pois esse era um assunto que seu pai evitava falar. Isso o fez refletir sobre como a História não está presa ao passado, ela corre como um rio que passa por gerações. A nossa história pessoal está ligada com o que se passa ao nosso redor e nós passamos isso adiante. Tomar consciência disso fez o autor pensar na aleatoriedade da vida, como tudo que somos, inclusive a nossa existência, são frutos do acaso. As possibilidades são infinitas e a maioria delas não depende de nós mesmos. Pensar nisso pode ser libertador e esclarecedor, mas também pode nos levar a uma crise existencialista.

?Vivemos a vida assim, olhando fatos que são fruto de mera causalidade, como se fossem a única realidade possível. Em outras palavras, cada um de nós é apenas uma gota, anônima, entre incontáveis gotas de chuva que caem sobre a vastidão da terra. Gotas individuais, é verdade, mas perfeitamente substituíveis. No entanto, cada uma dessas gotas de chuva tem as suas próprias ideias. Cada uma tem a sua história e também a obrigação de levar adiante essa história.?

O autor diz que este livro surgiu como uma tentativa de colocar os próprios pensamentos em ordem, e a melhor forma de fazer isso é na prática, escrevendo. Mas ao ver o texto concluído viu que havia alcançado algo que ele nem buscava. Um livro com tamanha profundidade de sentimentos, mesmo que conte com pouquíssimas palavras. Genial.

?Não sei se um texto pessoal como este interessa aos leitores. Mas sou do tipo de pessoa que só consegue pensar na prática, usando as mãos e escrevendo (sempre fui péssimo em pensar de forma abstrata e conceitual), então precisei fazer isso.?

Essa edição da Alfaguara é linda, em capa dura e com várias ilustrações coloridas, super vale a pena ter na estante.

Carlos.Junior 07/05/2024

9/10
"Abandonar um gato" é uma experiência de 112 páginas sobre o amor paterno, cobrança sobre a juventude mais nova e o que esperamos do futuro. Em uma linguagem formal que mais se assemelha uma conversa informal, quiçá até um desabafo pessoal, somos transportados em uma dimensão interna no subconsciente, um visita a um aquário de memórias de um nome japonês já na terceira idade.

Suas formas subversivas de contato com o leitor apartar de uma narrativa, incialmente, simples e nostálgica engana ao se revelar uma epifania sobre o existencialismo. Murakami mostra suas bases em filosóficas ocidentais e entrega um espetáculo que como uma explosão é curto e assustador se olhado de perto, mas interessantíssimo de se olhar a distância certa.

Super recomendo a leitura, a observação metafísica sobre o que é a existência humana tira o fôlego de qualquer curioso e é uma excelente forma de começar a ler o livros do autor nipônico dramático

Hello5ouza 25/04/2024

O livro trata da história do autor Haruki Murakami, relatos de sua trajetória como escritor, e sua relação familiar, em especial com seu pai, que quando ainda jovem, serviu no exército durante a segunda guerra mundial.

"E hoje posso afirmar, com convicção, que eu estava certo. Acho que só resta a cada geração respirar o ar do seu tempo, sentir sobre os ombros a gravidade particular do seu momento.
E amadurecer de acordo com as tendências impostas por esse ambiente. Para o bem ou para o mal, é esse o andar natural das coisas..."

Aline.Sacramento 05/04/2024

Gostei bastante, não é difícil pra mim ler Murakami porque gosto da forma como ele escreve e não foi diferente aqui. Acho sempre muito importante preservar a história da gente,da vida.

Renata1004 05/04/2024

Retrato do não dito
Queria ler Murakami há um tempo, acabei por comprar esse livro em uma baita promoção. Imaginei se seria uma boa opção para conhecer sua escrita. Fiquei muito ansiosa para ler seus romances, com toda certeza. Este livro trata de memórias e lembranças, do esquecimento e a própria recordação entre a relação de pai e filho, não de uma forma complexa, mas como ele mesmo diz, de uma forma ?prática?. Gostei muito mesmo!

Bruna 28/03/2024

Esperava uma história mais profunda e impactante, acredito que o Haruki quis atenuar um pouco o peso da história. De certa forma, fico feliz de saber um pouco mais sobre a história do autor.

Mawkitas 09/03/2024

O que falo quando falo do meu pai
Relato breve e delicado da vida do pai do autor e de sua própria infância e relação com o mesmo. Atravessada pela guerra a existência do pai de Haruki Murakami é, como a de qualquer pessoa, um combinado do que foi possível e do que foi inviável, numa teia pessoalíssima e múltipla. Uma leitura breve e significativa. Recomendo.

Isabela 09/03/2024

Decidi começar a ler Haruki Murakami por este livro e não me arrependi. Tinha um certo receio em conhecer a escrita do autor por um livro de não-ficção, mas a forma como ele narra eventos tão importantes, tanto da própria vida, quanto da do pai, de forma tão simples, me ganhou.
É muito interessante como ele reflete sobre a vida do pai, e por consequência a própria, em meio a guerra e acontecimentos tão desoladores para um país. Acredito que aqui o importante não é uma narrativa linear com começo, meio e fim, mas as reflexões do autor sobre o relacionamento com o pai e o verdadeiro impacto dessa relação com a formação de quem ele é.
É um livro bem curto e rápido de ler e a escrita a do autor com certeza ajuda na imersão, tem uma linguagem muito fluida, todo o tempo tive a impressão de estar ouvindo alguém me contar uma história pessoalmente e não de estar lendo um livro.

Jú 04/03/2024

Abandonar um gato
Quando tenho dúvidas do que ler, leio Murakami. Gosto muito do seu estilo e de como transforma a vida em algo que vale a pena ser lido.
Em Abandonar um gato, trata da sua relação com seu pai e um pouco da história do mesmo. Poderia ser melancólico, mas é simples e real. Somos todos frutos de meras casualidades que tratamos como se fosse a única realidade possível.

"Acho que só resta a cada geração respirar o ar do seu tempo, sentir sobre os ombros a gravidade particular do seu momento. E amadurecer de acordo com as tendências impostas por esse ambiente".

"A história é isto: uma única realidade, inflexível, que prevaleceu entre incontáveis possibilidades".

"A história não está no passado. Ela existe no interior da nossa consciência, ou do nosso inconsciente, corre como sangue vivo e, querendo ou não, é transmitida para as próximas gerações".

Sofiaxzn 28/02/2024

"Tenho muitas memórias do meu pai, é claro. Juntos, vivemos -como é costume entre pais e filhos- coisas divertidas e outras nem tanto. Mas as lembranças que guardei com mais nitidez não são essas. São cenas simples e cotidianas."

Raquelita 25/02/2024

Se um único dia fosse diferente, todos os outros seriam ?
Em um relato intimista e particular, o autor conseguiu juntar todas as peças do grande quebra cabeça que é a nossa existência. Somos nada mais que a soma de momentos vividos, das marcas que certas coisas nos deixam, de certos acasos que mudam a trajetória de toda uma vida e de recortes singulares do cotidiano. Haruki também consegue enxergar em pequenos acontecimentos do dia a dia, que até mesmo poderiam passar despercebidos, lições que ele certamente carregará por toda vida. Nas poucas páginas do livro, ele tratou não apenas de sua relação com o pai, mas também do papel que pessoas comuns com histórias comuns como a dele ocupam no mundo. Ele também responde uma pergunta comum, que talvez todos já tenham feito a si mesmos:
Se um único dia fosse diferente, todos os outros seriam diferentes?
E sim, seriam e por muito pouco nós não seríamos nós.

Davi1117 22/02/2024

Amo murakami
Amo Murakami, eu amo Murakami, essas historias mesmo que não pareça nada demais, são todas perfeitas

hlechar 18/02/2024

Uma tarde de chuva
Um texto extremamente prazeroso, muito diferente de tudo que li. De maneira simples, o autor descreve lembranças da sua infância, do seu pai e de tudo que sabe sobre sua vida.
O texto mostra a diferença das gerações, diferenças comportamentais e sentimentais. Ressalta também o quanto somos únicos, obras do acaso, substituíveis e pretendentes a algo maior.
Para uma tarde chuvosa sem grandes perspectivas, este livro foi maravilhoso!
Boa leitura.

Rimylles.Silva 15/02/2024

Memórias do pai
Nesse livro, o escritor Haruki Murakami viaja no tempo e em suas memórias para tratar da sua relação com seu pai. Há trechos tocantes!

Thvliv 14/02/2024

Um relato emocionante
? Abandonar um gato - O que falo quando falo do meu pai

? ? "Carrego até hoje, até os dias de hoje, esse sentimento ? ou os resíduos desse sentimento ? de ter desapontado o meu pai, de não ter ficado à altura de suas expectativas."

Esse é um relato emocionante e pessoal de Haruki Murakami, um dos mais conhecidos autores japoneses contemporâneos. Através de uma linguagem simples e bem cuidada, o leitor mergulha de forma singela na sua relação com o próprio pai, além de ganhar uma pequena amostra da formação de Murakami como leitor e como escritor.

A primeira lembrança descrita é de quando Murakami volta aos meados da década de 1950, no Japão, e conta da vez que acompanhou o pai a uma praia e juntos abandonaram uma gata no local. A partir desse episódio marcante, o autor retrata a relação conflituosa com o pai, especificamente na vida adulta, quando passaram mais de 20 anos sem se encontrar. Destaco um trecho no qual o autor diz que ele seu pai cresceram em épocas e ambientes diferentes, não pensavam da mesma forma e não viam o mundo da mesma maneira.

Apesar das diferenças entre eles, o autor se dedica a recontar os passos do pai, um homem marcado pela guerra do Japão contra a China e pela Segunda Guerra Mundial que amava escrever haikais mesmo no cenário dos campos de batalha, meio que buscando compreender a sua figura. Murakami resgata memórias do cotidiano, de sua infância e juventude e de suas origens familiares, variando entre grandes eventos históricos e o contexto político do Japão da época.

? ? "Acho que eu estava nos primeiros anos do ensino fundamental, então devia ser em meados ou no final da década de 1950. Perto de casa havia uma agência bancária destruída pelos bombardeios do exército americano. As marcas da guerra ainda eram frescas."

Nas palavras do próprio autor, Haruki Murakami, para definir seu livro: "... o que este texto registra é uma narrativa pessoal e, ao mesmo tempo, um pedaço da grande narrativa que constrói todo o mundo em que vivemos."