rschl 03/04/2023
Natureza-Morta
Natureza-Morta é um livro de mistério que se passa em uma cidadezinha bucólica, pequenina, chamada Three Pines, no sul de Montreal. Jane Neal, uma professora de 76 anos, sem inimizades, foi encontrada morta com uma flechada no bosque.
Apesar dos moradores do vilarejo acreditarem ser um infortúnio de um acidente, por ser temporada de caça na cidade, Gamache, com o seu faro de inspetor, acredita que algo mais sombrio aconteceu.
Esse mistério foi delicioso de ler. A ambientação do livro por ser uma cidadezinha pequena, onde todo mundo se conhece, muito pacata, lembrou uns toques de Agatha Christie.
Os personagens são bem desenvolvidos e Louise Penny foi muito inteligente em trazer a humanização como fator importante da trama. Geralmente, livros com inspetores e detetives trazem um heroísmo gigantesco desses personagens, mas com ela não: apesar de Gamache ser conceituadíssimo, ele ainda erra seus palpites; apesar da policial aprendiz/estagiária ser extremamente inteligente, possui grande arrogância e assim vai indo com todos os outros personagens, que sempre mostram ambas as facetas das moedas de personalidade.
A história possui alguns clichês, o que é normal, mas não é forçado. O número de personagens é muito bom e todos, aparentemente, possuem motivos para cometer o crime. A trama é desenvolvida de uma maneira mais lenta, mas de extrema qualidade, pois camadas vão sendo pinceladas sobre as outras, o que constrói e, por fim, amarra tudo: cenário, morte, crime, criminoso e o luto da comunidade.
Um ponto alto, para mim, foi trazer todo o conflito e julgamento entre francófonos e anglófonos na região do Canadá. Fiquei surpresa na sutileza que Louise Penny tratou sobre isso no livro.
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