Ley 18/03/2022Uma história tão confortável que senti vontade de abraçar os personagensSempre que encontramos obras que parecem ter algum tipo de magia sobre nós, escolhemos guardá-las no coração com carinho. Ainda não sabia que iria me apaixonar por O Jardim Secreto até finalmente ler essa história. A princípio imaginava que seria uma história boa, mas fui pega de surpresa por como foi fácil se envolver com ela.
O livro foi lançado originalmente em 1911, destinado ao público infantil. A história é sobre Mary, uma garotinha que vivia na Índia, mas que acabou perdendo os pais ainda nova e teve de se mudar para a Inglaterra, lar de um parente distante. Ela é uma garota amarga, criada sem carinho, que acabou conhecendo apenas os cuidados de sua ama e nenhum pouco da diversão de ser criança.
Ao se deparar em um novo lar, Mary tem sentimentos contraditórios sobre as ações de algumas pessoas, até mesmo sobre o tratamento que recebem. O lugar reserva alguns mistérios que ela se vê curiosa para desvendar, como o jardim da antiga senhora da casa, que atualmente está trancado desde que sua cuidadora morreu. O tio de Mary não é uma figura presente, então ao ter bastante tempo para explorar, ela tenta saber mais sobre o jardim.
Mary passa a ter uma criação diferente, com contato com novas pessoas, e uma realidade distinta. Ela emprega seus esforços em suas novas descobertas, e sua curiosidade é instigada como nunca foi. Seus dias de desbravamento sozinha são interrompidos com a adição de dois garotos.
A forma de contato que eles têm é magnífica, assim como o crescimento de uma possível amizade entre eles. Ao se verem empolgados a procurar pelo jardim secreto, o empenho cria novas formas de construírem uma relação sólida entre si. Mesmo essa sendo uma história com mais de um século, a facilidade com que me envolvi com os personagens foi tão rápida que me deixou surpresa.
Mary é uma personagem difícil no início, mas é compreensível seu comportamento pela forma como foi criada e por ter tido uma realidade limitada até então. Demora um pouco para se envolver com ela, mas outro sentimento também perdura, o de que a garota está conhecendo pela primeira vez como construir uma relação e a evolução de uma amizade.
Dickon, um dos outros garotos que aparecem mais a frente, é tão encantador que não precisa de muito para sentir vontade de abraçá-lo. Ele tem uma conexão incrível com os animais, e a obra reforça essa relação, também apresentando esse carinho e inocência entre animal e um ser humano sem maldade alguma.
O livro não é composto de uma magia sobrenatural, mas as páginas dão a impressão de serem marcadas pela magia das palavras e companheirismo. As crianças têm uma evolução fenomenal, ações puras, e curiosidade incitada pela inocência da idade.
A obra me deu sentimentos maravilhosos, mas contrasta com suas passagens problemáticas. Apesar de ter adorado o sentido da história e a transformação dos personagens, o livro tem termos racistas, mais frequentes na época, sendo naturalmente empregados durante a leitura. A obra é antiga, mas considerando que foram um pouco mais de cem anos atrás, no fim não foi tanto tempo assim para que a discriminação fosse tão aceita, portanto dói ler como termos do tipo eram facilmente considerados.
A leitura rende bons momentos, e outros de reflexão tanto sobre a natureza da época quanto sobre a mensagem apresentada. É uma história fácil de se envolver, e super rápida. Uma das leituras com personagens mais extraordinários que já conheci.
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