Tudo que arde em minha garganta sem voz

Tudo que arde em minha garganta sem voz Matheus Peleteiro




Resenhas - Tudo que arde em minha garganta sem voz


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Gabriel Perez Torres 10/04/2024

Poesia como espelho do ser
"Tudo que arde em minha garganta sem voz", de Matheus Peleteiro, é uma obra que transcende as barreiras da poesia convencional para explorar a essência mais profunda da condição humana. Neste compêndio de poemas, Peleteiro não apenas navega pelas emoções mais vis, como a tristeza, o desespero, e a indignação frente às injustiças sociais e pessoais, mas também celebra os pequenos lampejos de beleza e alegria que encontramos em nossa existência.

A dedicatória "a todos os poetas das cidades" e a epígrafe de José Saramago já preparam o leitor para uma jornada introspectiva e crítica. Peleteiro, com uma sensibilidade aguçada, destila em cada verso uma reflexão sobre temas universais — amor, solidão, memória, e a busca por significado — sem deixar de lado a observação aguda sobre os problemas sociais, a hipocrisia da meritocracia e as desigualdades gritantes que definem o cenário contemporâneo.

O autor tem o dom de transformar o ordinário em extraordinário, seja evocando a nostalgia de uma infância despreocupada ou denunciando a apatia e o cinismo que muitas vezes nos consomem. Seus poemas, embora ancorados na realidade brasileira, com suas particularidades culturais e sociais, reverberam uma universalidade emocional que transcende fronteiras geográficas.

Entre os muitos destaques da coletânea, "COM AMOR" e "UM ANTÔNIMO PARA A PAZ" refletem essa dualidade essencial da obra: a capacidade de encontrar beleza na simplicidade e de confrontar a complexidade do sofrimento humano. "COM AMOR" é um apelo ao que é genuíno e autêntico em meio a um mundo cada vez mais artificial e desencantado, enquanto "UM ANTÔNIMO PARA A PAZ" nos lembra da realidade inescapável de que, para muitos, a paz é um luxo inatingível.

Peleteiro é um cronista da alma humana, um observador atento da sociedade e um poeta do cotidiano. Sua voz, que arde intensamente nas páginas desta obra, é um lembrete de que a poesia ainda tem o poder de tocar corações, provocar reflexões e, quem sabe, inspirar mudanças. "Tudo que arde em minha garganta sem voz" é, portanto, uma leitura essencial para todos aqueles que buscam entender — e sentir — a complexa tapeçaria da vida humana através das palavras .
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beatriz 25/12/2021

Fica um sentimento ambivalente, alguns poemas muito bons e alguns oks/medianos. Todavia meu maior estranhamento é o gosto do autor por Bukowski...... duvidoso eu diria.
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Rafael Mussolini 04/07/2021

Tudo que arde em minha garganta sem voz
"Tudo que arde em minha garganta sem voz" do Matheus Peleteiro (Edição do Autor, 2021) é um livro de poesias que tem muito de testemunho. Na obra o autor expõe em palavras muito do que guardamos dentro da gente e que nem sempre sabemos como expressar. Matheus olha para dentro de si e encontra tudo aquilo que é dito da realidade e que não foi digerido e, portanto, nos faz mal ou que foi tão bem digerido que precisa ser posto pra fora. Por outro lado, em algumas das poesias, o autor também se depara com alguns sentimentos que se diferem completamente da indignação, como se o lado torpe da vida quase que tivesse o poder de eliminar tudo aquilo que é digno de admiração, de lembrança, de exaltação e nos mantem na caminhada apesar de tudo. O livro é esse confronto entre o ardor e a refrescância que basicamente é a vida. A obra nos lembra de que ambos os sentimentos não merecem ficar apenas no engasgo.

É inegável como a arte é impactada em momentos de repressão e desgraça como o que vivemos hoje a nível de Brasil e de mundo. Não que o mundo tenha sido perfeito em algum momento, o fato é que vez ou outra vozes dissonantes de tudo aquilo que sonhamos que seria uma sociedade ideal emerge sabe-se lá de onde. A tragédia se veste sempre com as mesmas roupas, mas o nosso desejo de liberdade se inquieta e mostra suas diversas cores. A literatura, a música, o cinema, o teatro sempre reage diante do absurdo e "Tudo que arde em minha garganta sem voz" não poderia ter sido reeditado em momento mais adequado. Foi reconfortante me identificar com vários dos sentimentos que o texto carrega. O absurdo é perspicaz e faz com que a gente vez ou outra tenha a ilusão de que as coisas são assim mesmo e ponto final. Mas quando encontramos vozes que vibram em um tom parecido com o nosso um sorriso brota no rosto e a gente pensa: é isso, poesia não tem ponto final.

"Tudo que arde em minha garganta sem voz" é um grito, um pedido de socorro, e também um convite para se pensar juntos sobre as realidades. É uma exaltação do amor em suas diversas roupagens, um convite para olhar para tudo aquilo que vale a pena e para os pequenos milagres que acontecem todos os dias diante do nosso nariz. É uma constatação de que um dia a dor vira grito e que o amor também merece seu palco assim que chega a garganta.

São muito os momentos do livro em que Peleteiro fala sobre escrita, criação, leitura e inspiração. Isso é bem compreensível ao pensarmos na temática que o livro trás sobre a urgência e insurgência da voz. Todos esses aspectos são vistos lado a lado com a vida, com os fatos humanos e como a representação de tudo que nos faz ser quem somos e estar onde estamos. A obra não poderia abrir de forma mais significativa, com Matheus fazendo uma confissão aos leitores do porque ele precisa escrever: "escrevo porque preciso escrever." Ele escreve por que precisa colocar pra fora tudo que arde em sua garganta sem voz e que é confirmado mais a frente, ainda na mesma poesia, quando nos diz: "escrevo livros para que me livre das minhas ideias."

Algumas páginas a frente nos deparamos com mais um texto sobre a escrita. Em "Notas do autor" Peleteiro diz que "não escrevo o que sou/mas sou o que escrevo/ e um pouco mais." E algumas palavras a frente arremata: "e vivo na literatura as tragédias/ porque elas são importantes/ as tragédias/ os poemas/ e tudo o que tentamos dizer/ e nunca dizemos/ seja pelo engasgo/ ou pelo ardor."

No poema "Com amor" um dos trechos nos diz que "mas, por amor/ tudo vale. Inclusive o ato/ de escrever algo/ em que não acredita/ pelo simples fato/ de querer acreditar." É um fragmento que conversa de perto com nossa utopia e revela mais uma vez as palavras e a escrita como parte de uma projeção e construção daquilo que almejamos e que insistentemente não abrimos mão de crer. Em "Para ser um escritor" Matheus embarca na grande dicotomia onde vida e obra se entrelaçam e onde os escritores apresentam diversas formas de interpretar o nível em que a literatura se apresenta em suas vidas como parte de si e de suas vivências ou como um ofício. No caso desse poema, que pode ser ou não a maneira que Matheus encara essa questão, lemos que "para ser escritor/ você deve fazer da sua vida um ofício/e não da sua escrita."

O livro possui ainda diversas outras camadas, onde a escrita se debruça sobre a "Fé" em diversas instâncias, mas sem dúvida a que mais de destaca é a fé na vida e nas pessoas: "mas carrego comigo uma empatia/ que me faz acreditar no homem" e acredito que é essa mesma fé que move o amor e a indignação que arde na garganta do autor e dos leitores.

Temos poemas que se dedicam a explorar a nossa própria formação enquanto indivíduos: "quando dizem que estou diferente e/ me olho no espelho/ percebo que não mudei/ apenas me encontrei em mim" e que brilhantemente fecha dizendo: "e a cada dia que se passa, me sinto mais parecido comigo." A auto exploração segue como no poema que diz: "com olheiras profundas/ ele é só mais um menino sozinho/ tentando desbravar o mundo."

Os poemas também se debruçam sobre a incongruência de alguns fatos e pensamentos que movem a nossa sociedade: "se Jesus retornasse hoje/ seria condenado por cantar rap/ culpabilizado pela alta da inflação/ e responsabilizado pelas mortes/ além de/ hostilizado pela demora." Matheus olha com ironia para as desigualdades: "é tudo uma ironia divina/ o terceiro mundo tentando a vida no primeiro/ o primeiro mundo fazendo turismo no terceiro/." mostrando que "a desigualdade é apenas uma desculpa/para justificar o fracasso da humanidade", uma falsa constatação que promove a manutenção do status quo como se o mundo fosse destinado a ser assim como é.

Com a mesma destreza com as palavra Peleteiro homenageia a vida e suas sutilezas, os sentimentos e as surpresas que nos mostram o que é estar vivo, se declara em amor romântico e se emociona ao falar de pai e mãe. "A melodia dos raios" é uma contemplação: "durante o dia/ sou cidadão/ à noite, poesia/ sou quem está/ do outro lado da janela/ durante as tempestades/ aplaudindo o trovão e/ apreciando a mais estrondosa/ melodia promovida pelos raios.

"Tudo que arde em minha garganta sem voz" é tudo aquilo que também pode estar ardendo na sua, ou pelo menos deveria. Não é um livro pessimista, muito pelo contrário. Essa ideia de que indignar-se e mais do que isso, expor a sua indignação é algo pessimista, é só mais uma das estratagemas para não fazermos as manutenções necessárias para construirmos novas formas de viver. O interessante é que Matheus parte de dentro pra fora e ao fazer esse movimento descobre que dentro tem um mundo inteiro.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2021/07/tudo-que-arde-em-minha-garganta-sem-voz.html
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Ana Claudia 24/06/2021

Assinei o Kindle unlimited nessa prime day só para poder ter acesso aos livros do Matheus Peleteiro e não me arrependo!
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Lusia.Nicolino 13/04/2021

A contemporaneidade precisa de espaço para crescer
Leitura para algumas horas, tudo que arde em minha garganta arde na garganta de Peleteiro e ele, ao contrário do que pensa, tem voz e nos entrega um livro de poesia.
Uma poesia urbana, que conversa com a gente como se estivéssemos sentados na mesa de um bar. Fala da vida, do cotidiano, das angústias e até de algumas alegrias. Você pode ver o reflexo de algumas de suas aflições, nas aflições aqui poetizadas. Poesia mais pelo teor do que pela forma. Mais pelo ardor, do que pelo concretismo. Uma maneira interessante de descobrir autores brasileiros, autores baianos, autores jovens. A contemporaneidade precisa de espaço para crescer. Descubra Matheus!

Quote:
"por vezes, me convenço de que já
me tornei um adulto, embora
a minha alma infantil ainda me diga que,
adultecer,
significa
dar
o primeiro passo
para a morte."


site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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andrade 19/06/2020

muito bom
poesias tocantes e rápidas, não é o melhor livro do autor, mas superou minhas expectativas.
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Krishnamurti 05/03/2017

“Tudo que arde em minha garganta sem voz”
Este é o título do novo livro de poemas de Matheus Peleteiro recentemente editado pela Editora Penalux. O jovem escritor baiano que vem de recentes obras editadas como o romance “Mundo cão” e a novela “Notas de um Megalomaníaco minimalista”, aventura-se na poesia com este “Tudo que arde em minha garganta sem voz”, onde afirma em nota introdutória, que “Esses gritos traduzidos em palavras, fazem deste livro um pedido de socorro. Não meu, não seu, mais um urro em nome de toda a humanidade. Gritos que manifestam uma tentativa de cumprir o meu papel de retratar a realidade num momento em que nossa voz costuma ser ofuscada pelo som dos tiros, ou pelos soluços dos lamentos emitidos por nossos iguais”.
Nos 54 poemas reunidos há o predomínio do verso livre (métrica irregular) e do verso branco (sem rima), com um número expressivo de poemas socialmente engajados como acontece em “A festa urbana”.
Um senhor fecha a janela para o som não entrar,
enquanto
Pessoas com caras de
Que não se divertem
Fingem que dançam
Canções que morrerão no dia seguinte.

E o capitão das selfies
Tira fotos de todos os momentos
Pré-fabricados
Se tornando, ele próprio,
Uma indústria
De informação inútil.

A imagem que os sujeitos tentam passar
Já não diz o que queriam que dissesse
E eles bebem skol beats para ver se conseguem
Se tornar mais agradáveis,
Ao menos por um minuto,
Perante a suas vidas tediosas
E indiferentes.

Com a canção exalada
Pelo gueto sem voz
A classe que detém o poder
Se enriquece de ignorância,
Mantendo a avalanche que
Impede o progresso de tudo
Que colide
Com o convencionalismo.

Do outro lado dali
Pessoas buscam a serenidade
De um mundo infeliz
Enquanto 1% dos médicos buscam
A cura da infelicidade
E a explicação das perversões
Dos seres humanos
Através de manipulação de células e substâncias
Que parecem poder dizer mais que
Qualquer livro de filosofia.

E eu espero por este futuro
Enquanto os meus dedos falam
E eu assisto a mais uma festa
Tediosa e indiferente
Na esperança de que algo ou alguém apareça
E tudo mude.
Sartre dizia que o poeta e o filósofo são os mais equipados para entenderem o sentido das coisas. Eles podem entender o sentido da polis de seu tempo de uma maneira re (velante). É uma possibilidade que o verbo poético propicia. Assim Matheus descortina sua expressão poética que nos parece ter dois aspectos mais incisivos: a consciência social como acontece em “Pelas manhãs sou Zumbi”, “Ó sábio intelectual”, “Mortos-vivos” e “Retratos do século 21” e uma vertente que se abre para a metapoesia em poemas como: “Tesão na força de uma frase curta”, “Ainda estou aqui”, e “Assim se vão os guardanapos”.
Algo nesse autor nos lembra um pouco da criação poética de Carlos Drummond de Andrade, na qual se destaca a poesia social como elemento reflexivo de um espírito insatisfeito e combativo, ainda que não se afaste das exigências de sua criação artística.
Finalmente ao lermos o último poema do livro, “Meu amigo Frank”, volta-nos à memória certo poema de Drummond. “A procura da poesia” onde o poeta mineiro nos diz:
“Chega mais perto e contempla as palavras. / Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra / e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave?”
Com essa sua última obra, Matheus Peleteiro nos mostra que definitivamente tomou de uma chave e introduziu-a na fechadura. Escutamos o ruído da fechadura destravar. É, portanto a chave certa. Terá o autor o vigor e a persistência para empurrar a porta ?– sim, porque ainda é preciso que a escancaremos de par em par. E dar voz a seu vibrante universo interior em novas produções? Tudo indica que sim. Aguardemos pois a boa promessa que se anuncia.
Livro: “Tudo que arde em minha garganta sem voz” – poesias, de Matheus Peleteiro – Editora Penalux, Guaratinguetá – São Paulo, 2016 – 112p.
ISBN 978-85-5833-123-4
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MILA 30/01/2017

Este é o segundo livro do autor que leio, escolhi este para minha segunda leitura justamente pelo título, Tudo que arde em minha garganta sem voz, é aquele título que provoca burburinho, que nos faz pensar mesmo antes de pegar o livro para ler, a capa é bem expressiva, não sei se compraria pela capa, talvez não, porém depois de ler, percebi que esta capa tem tudo a ver com o livro.


É um livro de Poesias, reflexivas e com uma diagramação linda, possui ilustrações em todas as páginas, em algumas passagens encontramos referências a outros livros, criticas contra o racismo e tudo que tocou o autor de alguma forma.


Em suma, Tudo Que Arde Em Minha Garganta Sem Voz é leitura rápida, li em apenas dois dias, mas poderia ter lido em um dia, adorei a maneira que o autor encaixa temas badalados como Jogos Vorazes e referências para alguns autores de renomes.


"E enquanto os canais de televisão
Elegem ídolos
E aspirantes a artistas,
Eles se dizem gênios
Sob os aplausos do público
Dos jogos vorazes."

site: http://dailyofbooks.blogspot.com.br/2017/01/resenha-tudo-que-arde-em-minha-garganta.html
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