Flávia 09/02/2013Ótimas risadasO livro trata-se de um diário, literalmente, de um menino de 13 anos de idade durante um ano da sua vida. Esse menino, vulgo Cotoco, ganha uma bolsa de estudos em um importante colégio da África do Sul, que funciona na forma de internato. Lá, ele forma, com mais sete amigos de dormitório, os “Oito Loucos” – grupo divertidíssimo de meninos completamente diferentes, que têm que aprender a lidar com o colégio, com as normas, os trotes, os garotos do terceiro ano, os monitores, e eventualmente, com as meninas.
Os “Oito Loucos” são: Esponja, Lagartixa, Vern, Rambo, Barril, Cachorro Doido, Simon e o próprio. Os apelidos já são algo a parte.
“Assisti a “Uma linda mulher”, com a Júlia Robert. Ela é realmente perfeita. Depois de me formar, vou sair pelas ruas procurando prostitutas feito a Julia”.
Além disso, conhecemos os pais de Cotoco, que são fora do comum. Excêntricos, estabanados, festeiros, espalhafatosos. Ah, e claro, a perua deles (o carro mesmo) que se torna, de certo modo, famosa.
A história, por ser na forma de diário, é contada em primeira pessoa. E é hilária a maneira dele perceber o mundo lá fora. Uma criança costuma ser muito mais simples que um adulto. Ele narra o seu dia a dia no colégio e em casa, e é bem preciso. As aventuras de um garoto de 13 anos podem parecer simplórias para um adulto, mas consigo imaginar e sorrir. São façanhas inesquecíveis.
O enredo é despretensioso e divertido, não há um momento clímax. Na verdade, o tempo todo surgem situações inusitadas. A escrita, fluida. O humor retratado é aquele mais puro e franco, embasado na vida de crianças. Não há sarcasmo ou humor negro (o que particularmente costuma me agradar mais), ou piadas literais, mas é igualmente engraçado. Eu ri alto inúmeras vezes, seja pelas situações em que os “Oito Loucos” se metiam, pela forma de Cotoco contar algo que havia acontecido ou pelas visitas de Wombat, a avó dele e seus atritos com o genro. A única coisa que me desagradou foram as partidas de críquete ou rúgbi, mas apenas pelo simples fato de desconhecer ambos esportes.
“Fiquei me olhando no espelho (...), cabelo desgrenhado, corpo esquelético, nenhum músculo, nenhuma barba, nenhum cabelo no saco. Deus deve estar rindo de mim.”
De modo sutil, a situação política da época é mencionada. A libertação de Nelson Mandela, as discussões para por fim ao Apartheid, o atrito entre partidos políticos CNA e PLI. Não é o objetivo do livro, mas de vez em quando, ele nos lembra da segregação racial.
Folhas amarelas, boa diagramação, tamanho e espaçamento da fonte OK.
Eu, não costumo achar graça, rir de piadas com facilidade. Mas, esse livro me encantou. Recomendo para quem tem bom humor, que busca risos de uma comédia pura, ou faça como eu, que fui de coração aberto para aceitá-lo e não me arrependo.
DL 2013 (http://desafioliterariobyrg.blogspot.com.br/) - FEVEREIRO lIVROS QUE NOS FAÇAM RIR