Miguel.Moreira 11/05/2022
Quincas Borba
Esta foi uma obra escrita por um longo tempo em recortes de jornais da época, Machado desistiu algumas vezes do trabalho, mas sempre voltava, e felizmente esta obra foi publicada em forma de livro em 1891.
Antes de qualquer coisa, este romance é um dos mais difíceis que eu li até agora, mas acredito ter captado a ideia principal que Machado nos passa através da vida trágica de Rubião. (Em alguns comentários de leitura afirmei que me lembrava O morro dos ventos uivantes, de fato a mensagem é muito parecida, se tratando da degradação humana, mas com a diferença de que Machado não abusa dos sentimentos vingativos, ele retrata a realidade com tanta perfeição que a narrativa se torna humanamente possível de acontecer).
Rubião é um rapaz crédulo que vulgarmente falando, ele "dança conforme a música". É herdeiro de uma fortuna deixada por seu amigo Quincas Borba, um filósofo e grande sábio. Com a fortuna, ele acaba conhecendo pessoas novas, dentre elas Sofia e Cristiano, o casal principal da narrativa. E por causa de amor não correspondido, Rubião acaba enlouquecendo, junto de suas influências políticas e falta de cautela com seu patrimônio acaba somando para sua loucura que o leva para uma trágica desventura.
Machado é cheio de nuances e referências durante a sua escrita, e não fica de fora o lado cômico (já que tem muita tiração de sarro no livro). Pude perceber com bastante frequência a exposição da futilidade e mesquinharia nas personagens com classe social mais favorecida, é possível ver claramente a desumanização de uma pessoa que se acha melhor que outra por causa de dinheiro.
A narrativa é bem corrida até pouco mais da metade do livro, depois achei um tanto erudita pra mim, mas nada que uma leitura maus atenta não resolva. Então mantenho a nota 4 mais pelo meu entendimento do que pela qualidade da obra, que acredito ser mais, porém eu estaria sendo injusto se dissesse que entendi 100% do livro. Está na minha lista de releitura, e é um livro que vale a pena dar uma chance.