rxvenants 26/07/2021Mágico.Eu fiquei surpresa quando descobri que "A Dança da Floresta" não era um clássico escrito em séculos como XVIII ou XIX e era, na verdade, um livro de 2008.
Juliet Marillier conseguiu criar um livro inteiramente mágico e imersivo que beira ao atemporal. Eu me relacionei bastante com Jena e seu crescimento pessoal.
A história tem uma mistura maravilhosa da cultura e das histórias da Transilvânia com elementos de "A princesa e o sapo", "As doze princesas bailarinas", vampiros e bruxas simpáticas, mas com senso deturpado de como aplicar lições. Eu até mesmo consegui lembrar um pouco de Orgulho e Preconceito e Little Women (eu odeio o título "Mulherzinhas"!) em questão do relacionamento das irmãs e suas personalidades (Jena é a terceira que faltava no triângulo junto com Lizzie Bennet e Jo March).
Eu gostei muito da atmosfera do livro e dos lugares de "A Dança da Floresta". Juliet consegue muito bem te transportar para a clareira cheia de dança e vida (bem como sua versão cheia de visões terríveis), a floresta e as arquiteturas dos castelos tão comuns na Transilvânia. Consegui captar a sensação de que esses lugares existem paralelamente, assim como a Jena descreve.
Os personagens também são EXTREMAMENTE bem construídos (embora algumas personalidades sejam incrivelmente burras, *cof, cof* Tati) e dá pra entender e sentir muito bem durante a leitura como cada um pensa e se comporta em diferentes situações.
Nada nesse livro, NADA, vai ser melhor pra mim que a relação Jena-Gogu-Costi. Torci por Jena e Gogu na primeira vez que ele falou algo e morri em todas as passagens deles juntos (inclusive quando Conti ainda com 10 anos já demonstrava seu amor pela Jena).
Acho que eu fiquei meio obcecada por eles. Tudo para todos.
Acho que Draguta é minha personagem favorita. Ela é o símbolo de poder e sabedoria e oportunidade que representa o livro. Ela é a melhor parte das bruxas completamente birutas que causam grandes confusões para que todos aprendam alguma coisa.
Em relação a história e a escrita de Marillier, acho que ela foca bastante no desenvolvimento de personagem e com certeza ela se destaca nisso.
As jornadas dos personagens são incríveis. Eu AMEI que a situação de brincadeira entre os primos propocionou tudo que eles passam depois. Existe uma linha entre passado e presente constante no livro e tudo que os personagens são levam ao que aconteceu com Cezar, Jena e Conti quando eram crianças.
Mesmo que tenha sido óbvio desde o começo (pelo menos pra mim) que Gogu era Conti e Cezar tinha "matado" o irmão por escolha própria, isso não tirou em nenhum momento pra mim a magia de ver Conti como um sapo e seu amor por Jena e nem a amargura de Cezar (e o final misterioso que teve).
Concordo muito com Marina, a fundadora da Wish, quando ela destacou que a história é sobre família, coragem, lealdade, fraternidade, magia e amor verdadeiro, bem como preservação do natural e o direito de permanecer pacificamente onde pertencemos.
Jena sempre dizia que ganhamos respeito quando respeitamos e essa é uma das melhores frases do livro, assim como a lição de nunca se abandonar alguém e também de aprender a perdoar.
Acho que esses sentimentos de estarmos lendo algo mágico e épico só é possível por conta da escrita fenomenal de Juliet.
Ela é suave, cheia de significado, de ligações e tem uma fluidez gigante.
Fiquei tão animada pelo livro e sem conseguir parar de ler, que me lembrei MUITO da minha experiência com Spinning Silver, de Naomi Novik, meu livro favorito de fantasia (e um dos meus favoritos da vida).
Acredito que a única coisa que a história peca um pouco é bem ali no finalzinho por conta de ninguém mais, ninguém menos, que a irmã mais velha, que deveria ter algum cérebro: Tati.
Eu acho que tive antipatia por ela desde o começo do livro pois ela realmente bem insuportável na relação com o Triste, mas nada como a raiva no final.
Eu entendi que ela amava o Triste pra caramba, mas po***, ela tomou as piores decisões.
Eu entendi que a Jena era a mais forte, a mais responsável, a mais legal e a mais bonita, dona da minha vida e flor do meu jardim (isso pode ou não estar no livro), mas achei que a Tati poderia ter pelo menos um pouquinho de força ou amor próprio.
O Triste tinha um mês pra fazer coisas super difíceis, ele QUEBROU UMA PERNA e MESMO ASSIM foi até ela e tudo que a Tati fez foi definhar, quase morrer e não lutar por ele do mesmo jeito que ele fez por ela, tudo por conta de um sonho.
Eu sei que era pra dar um drama ou impacto final, mas que coisa decepcionante. Ela passou o livro inteiro choramingando por conta desse inferno de cara e no final ela faz isso, quase partindo o coração dele por nada.
Enfim, eu fiquei com bastante raiva com isso tudo, mas pelo menos eu tinha o Conti ali falando pra Jena que o sapinho dela não era tão inocente (obrigada universo!).
Outra coisa que me incomodou um pouco foi relacionado às idades dos personagens. Eu sei que o livro se passa no séc. XVI, mas não consigo não me sentir um pouco perturbada por Jena ter 15 anos e se casar com 16 com um cara de 21 (e primo dela em segundo grau!) e todos os homens num baile olharem para o corpo de uma menina de 13. É perturbador sim.
Marillier colocou muito sobre mulheres fortes no livro lá em 2008, quando isso não era tão cobrado em livros, acho que poderia ter maneirado na questão de idade.
No mais, acho que é isto. Eu gostei muito do livro. Um dos melhores de fantasia que li.
Uma experiência fantástica e mágica e que te faz torcer muito por Gogu e Jena e que as coisas se resolvam.
Não tenho dúvidas que sempre vou lembrar com carinho desses personagens.
Recomendo demais.
Obs.: E a Draguta com o pingente do Cezar...? Pensando nisso pra sempre.