Edinho 16/08/2009
Uma saga fascinante.
Os acontecimentos ocorridos em Pedra-Luz, habitat da narrativa desta obra literária, traz uma lição aos habitantes do mundo contemporâneo. Atualmente, é notório observar cidadãos preocupados com seu umbigo, desejosos de benesses conquistadas a qualquer custo. No livro, Leonardo Brum conta uma saga fascinante, ocorrida em um pequeno e pacato pedaço de terra envolto num mistério personificado por ancestrais de indivíduos da localidade. Alguns dos 207 moradores da pequena ilha, que contém um antigo farol, destrincham uma estória intrigante e instigante, recheada por momentos aterrorizantes provocados pelo monstro "eu" em detrimento ao bem-estar de "nós". Com isso, o autor pretende demonstrar aos leitores um "perigo tão antigo quanto a alma dos homens": o egoísmo que leva ao isolamento, provocando silêncio e choro nos corações. A narrativa mostra espíritos humanos frágeis, com vidas medíocres e sonhos tolos, capitulados por seus defeitos e inseguranças. A suposta salvação desta prisão (o desejo pessoal incontido) destrói a vida destes moradores, transformando-os em peças num tabuleiro de egos. Vítimas da cobiça, pensaram somente em si mesmos e, como piratas roubando navios para conquistar suas riquezas, desejaram ao mesmo tempo esta perfeição exclusiva, esquecendo de seus próximos. Eternamente insatisfeitos, contrariaram as ordens de Deus através da transposição entre dois mundos, o real e o desejado, mostrando esta perfeição inexistente. Com união e fé conjunta, qualidades básicas num grupo que supera obstáculos, reverteram este processo nocivo, descobrindo que o imaginado mundo perfeito não era aquele imaginado, mas sim o vivido no cotidiano, com seus defeitos, dificuldades, medos e despropósitos. Construir um mundo novo, simplesmente humano, requeria apenas ser eles mesmos, pois ninguém é melhor ou pior, já que cada um difere do outro. Na dessemelhança reside a beleza universal, trazendo a felicidade estampada nas disparidades de pensamentos. A lição reproduzida na ilha focada no livro presume uma mudança de mentalidade nos dirigentes mundiais. Ao perceberem que a coletividade de idéias, contida na união e fé de seus eleitores, extermina o "monstro" das ganâncias, invejas, caprichos tolos e ressentimentos particulares, o planeta certamente sofrerá alterações drásticas. Para melhor.
Edison Corrêa
Jornalista
Editor do GRAJORNAL (www.grajornal.com.br).