Paisagem com dromedário

Paisagem com dromedário Carola Saavedra




Resenhas - Paisagem com Dromedário


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Luciana 16/12/2023

Érika, a narradora, vai falando em um gravador como se estivesse conversando com Alex, pessoa com a qual teve/tem um relacionamento, a partir disso vamos descobrindo o que aconteceu para que ela fosse parar na ilha, como era/é esse relacionamento, suas reflexões e ao mesmo tempo descobertas.

Gosto dos narradores de Carola, não são totalmente confiáveis e apresentam sempre nuances muito interessantes, sem aquela dualidade banal.
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Kalindi 26/03/2023

Um livro que fala comigo ????
Uma vida cheia de reconhecimento e badalo ou uma vida simples? Um homem super elaborado e admirado, porém ausente, ou um homem simples e presente? Carola me coloca frente a frente com vários dilemas pessoais através da sua personagem? e, nossa, como eu amo!
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@wesleisalgado 29/07/2021

Como não querer ler um livro com um título exótico desse?
Claro que eu li pelo título, mas que descoberta maneira e recompensadora que foi conhecer a Carol Saavedra e já colocar todos os outros livro dela na minha lista no site.

Quanto mais eu penso no livro, mais a palavra que define ele pra mim é SOLIDÃO. Solidão da Érika, e sua incapacidade em lidar com situações fora de sua zona de conforto. Solidão da Karen, e sua necessidade de pertencer e ser aceita. Solidão da Alex, e seu complexo artístico. Solidão do Adrian, enganando a si próprio e vivendo algo que não existe.

A estrutura narrativa é fantástica, em forma de 22 gravações de Érika para a secretária eletrônica de Alex, toda história sendo contada dessa forma. Gravações feitas em uma ilha remota não localizada geograficamente, onde nossa protagonista buscou o exílio. Queria ir pra lá amanhã, o quanto vulcões e dromedários despertam imaginação me surpreendeu.

Melancólico, enigmático e por vezes mais triste do que a narrativa se propõe a princípio, narrativa que te engana parecendo rasa mas se você pensar um pouco vai ver que tem a profundidade dos vulcões daquela ilha.

Ansioso por outras histórias da autora, recomendo!
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Tiago 10/06/2019

Uma narrativa de abandonos
Se, em "Flores Azuis", as cartas eram parte do suporte com os quais Carola Saavedra compunha o seu romance, neste "Paisagem com Dromedário" são as transcrições de áudios feitos com um gravador o único material sobre o qual ela se debruça para nos entregar a história de Érika — uma artista plástica que vive sob a sombra do seu mentor, Alex, e que experimenta, com ele, uma relação aberta na qual Karen (acometida por um câncer) passa a ter um papel um pouco menos circunstancial que o de outras mulheres com as quais o predatório Alex namora.

Érika está hospedada na casa de um casal de amigos, Vanessa e Bruno, num período sabático no qual, a pretexto de trabalhar em uma instalação artística, passa os dias a gravar depoimentos sobre a vida na ilha que os abriga e sobre o seu passado afetivo com Karen e Alex. Os depoimentos ocupam boa parte das gravações, que dão uma certa guinada quando ela conhece Pilar, a diarista do casal, a cachorra Lola e o veterinário da ilha (chamado somente de “o doutor”). O doutor é a antípoda de Alex, com seus projetos concretos de ter um futuro com Érika no qual ela será sua esposa, dona de casa e mãe dos seus filhos.

A partir daí, o embate entre a vida exterior, prática e comezinha, e a vida interior, imprevisível e subjetiva, passa a constituir o subtexto das reflexões de Érika, que sempre adotou uma postura furtiva frente aos seus dramas e agora se vê num dilema crucial: entre o abandono da ilha (e o consequente abandono de doutor e Lola) e o abandono de Alex (e o seu passado com Karen). Infelizmente, estas reflexões não se aprofundam a ponto de justificar o mergulho numa primeira pessoa que pouco nos deixa entrever seus conflitos internos nem a solução final apenas sugerida pela autora.

site: https://medium.com/@tiagogermano/uma-narrativa-de-abandonos-a0053e573e7c
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@pacotedetextos 26/05/2016

EXCELENTE
GRAVAÇÃO 1
Barulho de vento e de ondas batendo num rochedo. Pequenas pedras caindo na água. Passos. Interrupção. Voz.
Estou no extremo sul da ilha. Se eu nadasse numa linha reta, imagino que em algum momento chegaria ao Antártico. Terras austrais. De qualquer forma, o extremo sul não significa muita coisa, quando o extremo norte fica a pouco mais de duas horas de carro. Poucas horas de carro, e pronto, terminou a ilha. O mar, em compensação, parece inesgotável. Assustador. O mar aqui é um mar que ainda não foi domesticado. Nunca lhe foi imposto limite algum. Até mesmo as cores, o cheiro, as algas, tudo nele parece que acaba de surgir. E me vem sempre a sensação de estranhamento quando olho em volta e vejo estradas, casas, pessoas, como em qualquer outro lugar. (p. 9)

É assim o primeiro parágrafo de Paisagem com dromedário, da chilena-brasileira Carola Saavedra (nasceu no Chile, mas logo veio ao Brasil). Você termina de ler esse parágrafo e já surgem algumas indagações:
– Que ilha é essa?
– Com quem esse narrador fala?
– Aliás, quem é esse narrador? Homem ou mulher?
– Por que esse narrador tá nesse fim de mundo – que é igual ao resto do mundo?
O próximo parágrafo esclarece algumas coisas:

Faz uma ou duas semanas que estou aqui. Talvez sejam apenas alguns dias, não sei. Alex (opa, olha o interlocutor aí!), os dias passam de modo incomum neste lugar. Mas eu não queria começar falando da ilha, também não queria começar reclamando de que o tempo passa rápido ou devagar. Queria começar falando de uma imagem. Não sei se era uma fotografia ou se fui eu que guardei aquele momento como algo estático na memória. Antes que as coisas com Karen tomassem o rumo que tomaram. Nós três. A imagem era assim: Karen abrindo uma garrafa de vinho, você a abraçava pelas costas, dizia alguma coisa em seu ouvido. Karen ria, envergonhada. Karen sempre ria assim, como se o riso fosse algo obsceno. Ela abaixava a cabeça, desviava o olhar, e ria. Eu, sentada (opa, narradora, então!) naquela tua poltrona, o couro gasto, desbotado, eu ria também, mas meu riso, como sempre, era quase uma gargalhada. Eu segurava uma taça ainda cheia. Não sei mais qual era o motivo, mas lembro que naquele instante tudo me parecia tão suave, tão perfeito, como se fosse impossível qualquer incompreensão, qualquer desentendimento. (p. 10)

Percebemos que Karen, Alex e Érika (este é o nome da narradora, descobrimos em seguida), um trio de artistas (Karen era ex-aluna de Alex), mantinham um triângulo amoroso relativamente tranquilo.
Sim, relativamente. Porque, no dia em Karen compartilha com Érika a notícia de que está com câncer, Érika vai à casa de Alex e…

Cheguei sorrindo, te dei um beijo. Lembro que fiz um comentário sobre a relevância do material que você estava usando, você riu, me serviu uma taça de vinho, eu bebi sem deixar de olhar para você. Depois tirei a blusa, você surpreso com aquela visita inesperada, aquela minha espontaneidade. Te beijei de novo, eu estava contente, feliz, lânguida, você disse. (p. 31)

Alguns silêncios e ausências, a partir daí, se estabelecem. Há respostas para alguns deles; para outros, não.
Érika abandona totalmente a amiga-amante, apesar de Karen deixar mensagens na sua secretária eletrônica constantemente, buscar falar com Érika de toda forma, mandar recados por Alex… Até mesmo a mãe de Karen, uma ex-atriz famosa (que nem era tão boa assim, como Érika faz questão de ressaltar), vai atrás de Érika e pede que ela ligue para sua filha, fale com ela.
Mas o que acontece depois?
Karen morre. Érika vai para a ilha, passar um tempo na casa do casal Dreyfuss (Vanessa e Bruno) – sendo Vanessa a dona de uma galeria e, como praticamente todas as mulheres que aparecem no livro, também apaixonada por Alex. Érika não se comunica diretamente com Alex, apenas grava mensagens para ele; o livro é organizado assim: em vez de capítulos, gravações, que servem como uma espécie de diário e de reflexões de sua vida, passado, presente e futuro.
Ou seja: Érika não abandona apenas Karen. Também resolve se afastar de Alex – mas ele exerce uma atração sobre ela tão grande, que mesmo a quilômetros de distância ela não consegue afastar-se definitivamente. Prova disso é a vontade de comunicar-se com ele que Érika tem (se assim não fosse, por que gravar essas mensagens?).
Além disso, mesmo quando tenta continuar a sua vida, envolvendo-se com outro homem, Érika não esquece Alex. Até que, no final…
Não, não vou falar. Não gosto de spoilers. LEIA! :)

site: https://pacotedetextos.wordpress.com/2016/05/26/resenha-carola-saavedra-paisagem-com-dromedario/
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Mila F. @delivroemlivro_ 25/06/2013

Introspectivo.
O livro é narrado em primeira pessoa, pela personagem Érika que está numa ilha vulcânica não identificada. A narrativa acontece toda através de gravações que Érika faz para Alex, um artista plástico com o qual vivia um triângulo amoroso entre ela, Karen e, claro, Alex. Na verdade o leitor nem chega a saber se as gravações chegam até Alex ou não. Podem caracterizar-se apenas como um monólogo e um desabafo de Érika para Alex sem a pretensão de que ele os ouvisse.
No decorrer da narrativa e das divagações de Érica nas gravações sabemos que ela viajou para essa ilha, para ficar na casa de seus amigos Vanessa e Bruno apenas para fugir da realidade imutável que era a doença e morte de sua amiga e amante de Alex: Karen. Logo que Karen diz que está com câncer Érika não aceita bem a notícia e passa a fugir, se esconder e negligenciar tudo o que tivesse a ver com Alex e Karen.
Ela se auto exila e as gravações nada mais são do que uma tentativa de tentar descobrir a si mesma e aos outros e não como uma extensão de Alex. Aparentemente todos os amigos nunca a tratam como ela, mas apenas Alex e Érika, como se ela fosse uma extensão dele.
O livro traz vários questionamentos sobre vida e morte e questões existenciais e sobre o amor. Paisagem com Dromedários é uma ficção que mostra o quanto as pessoas são atormentadas por seus questionamentos quando realmente param para pensar sobre eles.
Érika me cativou pela sua honestidade, por abrir-se de corpo e alma ao que sentia e mostrar-se arrependida e ao mesmo tempo não esconder seu egoísmo e medos. O livro tem uma narrativa monológica e não há diálogos a não ser partes de conversas que Érika recordava, há toda uma descrição teatral e mágica nas gravações.
Outro ponto que me chamou atenção foi a capa do livro que apesar de simples mostra a delicadeza e a originalidade do que será mostrado no conteúdo da obra. Apesar de este ser meu primeiro contato com a obra de Carola, vejo seu potencial como escritora e desbravadora dos sentimentos e da alma do ser humano.
Em suma, Paisagem com Dromedário é um livro encantador e na medida em que a narrativa-monólogo egocêntrica da narradora personagem avança vão surgindo questionamentos e curiosidades sobre a vida da enigmática Érika e sua relação conturbada com Alex e Karen, além de nos fazer refletir sobre nossas próprias relações sociais, o quanto doamos ou não doamos aos outros.

Camila Márcia
http://www.delivroemlivro.blogspot.com.br/
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Marcos Faria 02/02/2013

“Paisagem com dromedário” (Companhia das Letras, 2009) poderia ser apenas um exercício técnico. A estrutura composta pelas transcrições de 22 gravações deixadas pela protagonista Érika, porém, em nenhum momento ameaça virar um daqueles fogos de artifício narrativos que distraem da absoluta falta de conteúdo. Pelo contrário. Carola Saavedra usa o triângulo amoroso formado por Érika, Alex e Karen, bem como seus desdobramentos em outras relações, para questionar o papel da arte e do artista. Ao mesmo tempo, desenha um outro triângulo amoroso, formado por texto, história e subtexto.

(Publicado originalmente no Almanaque - http://almanaque.wordpress.com/2013/02/02/meninos-eu-li-31/)
MK 13/03/2013minha estante
Fui atrás do link achando que lá encontraria o desenvolvimento do que você introduziu aqui, Marcos. De todo modo, seu comentario me fez voltar à resenha que eu mesma fiz e pensar novamente no livro. Foi uma leitura agradável, sem dúvida, mas não creio que ainda haverá marcas dela em minhas lembranças literárias daqui a alguns anos... pois tive de reler minhas próprias impressões para poder lembrar do livro... Mas ainda pretendo ler outros livros dela. Abraço!




MK 12/05/2011

Fisgada pelo título
Comecei a leitura do Paisagem ainda na livraria, porque achei o título esdrúxulo. Os dois primeiros capítulos interessaram, então comprei.
A narrativa em primeira pessoa, como transcrição de gravações, incluindo descrições dos ruídos de fundo, prende a atenção e faz não querer interromper a leitura. Admito que houve trechos em que a técnica narrativa deixou um pouco de dúvida, não por conta do discurso da protagonista no desabafo com seu gravador digital, mas pelas descrições dos ruídos de fundo. Parece forçado em alguns momentos, mas não muitos.
A moça, refugiada numa ilha, faz a necrópsia de um triângulo amoroso um tanto obsessivo que foi interrompido de modo mal resolvido. Abrigada na casa de amigos dos três elementos do triângulo, a artista descarta, aparentemente, seu trabalho e descreve compulsivamente o cotidiano como se falasse ao parceiro que ficou longe.
Aclimatando-se à ilha parece decidir por novos rumos e chega a tecer laços com pessoas do lugar. O final surpreende e não conclui. Como gosto.
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Nana 10/09/2010

Sem palavras...
Incrivel a sensibilidade de Carola Saavedra ao escrever. Este é o segundo livro dela que eu leio e fiquei novamente encantada!
Sinceramente eu não saberia descrever o livro, só lendo pra entender e sentir.
A estória é contada em forma de gravações. A personagem Érika está em uma ilha exilada, falando com um gravador ligado, tentando expor seus sentimentos para Alex, o artista plástico com quem tem um relacionamento. A narração é muito intensa, marcante. Érika questiona o comportamento humano, fala sobre a sua reação e a sua angustia em relação a perda da amiga Karen que morreu.
Apesar de uma linguagem simples, o texto trata das questões existenciais de um forma complexa, envolvente. ADOREI!!!!

Acredito que não é um estilo de livro que agradará todo tipo de leitor. Recomendo para quem gosta do estilo de Clarice Lispector.
michelequintino 12/07/2012minha estante
Ótimo livro. Érika é uma personagem fantástica, por mais que alguns a percebam como fria. Parto do pressuposto de que ela ainda está se conhecendo, conhecendo a própria dor, os próprios limites.Vale a pena começar lendo Toda terça, em seguida, Flores azuis e então Paisagem com dromedário.




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