Capa Preta

Capa Preta Lourenço Mutarelli




Resenhas - Capa Preta


17 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Dango Yoshio 20/11/2023

Talvez nunca mais amanheça
Capa Preta reúne quatro histórias, quatro pesadelos, quatro gritos do fundo do abismo.

Poético e melancólico, inconclusivo e reflexivo, luz e sombras misturadas num caldeirão de sujeira, crueldade e desesperança.
comentários(0)comente



Vania.Cristina 08/10/2023

A solidão e a loucura das pessoas abandonadas pela sociedade
Essa HQ, publicada pela editora Comix Zone, reúne quatro livros de Mutarelli: Transubstanciação, publicado originalmente em 1991, Desgraçados, em 1993, Eu te Amo Lucimar, em 1994 e A Confluência da Forquilha, em 1997. Considerei uma leitura impactante e fascinante, mas já aviso que é para maiores de idade, por causa da violência extrema e gráfica, escatologia, e muiitos gatilhos. E não é pra qualquer tipo de leitor. Os dois primeiros livros e o último são mais caóticos, mas não pense que o terceiro seja leve, doce ou romântico. O traço é preto e branco, bem trabalhado e detalhado. O principal tema é a loucura das pessoas que estão jogadas à margem da sociedade. O autor estava claramente vivendo problemas de saúde mental, lidando com traumas e com dificuldades de inserção na sociedade. A crítica que existe na narrativa não é exatamente racionalizada, ela é expressão do sofrimento, visceral, na carne, dos personagens, do autor e do leitor. As histórias são verdadeiros pesadelos, povoados de figuras da mitologia cristã e de pessoas deformadas, anões, gigantes, amputados... Os corpos são destroçados, crianças abusadas, mulheres agredidas... As relações humanas são difíceis, distorcidas, ora um corpo se funde no outro, ora se duplica. As histórias mostram dependência química, prostituição, pedofilia, estupro... São pessoas que estão tão largadas, sozinhas, abandonadas, que o pensamento também é distorcido: eu lhe mato e lhe liberto, você me mata e me liberta. A morte é a saída, a solução. Há momentos que personagens conversam com o leitor (metalinguagem). Em outros momentos, um olhar direto denuncia o reconhecimento da presença do leitor. No meu entender, o que está sendo dito é: Eu lhe vejo e lhe assombro. Meu olhar fuzila você, penetra você, lhe persegue. Mutarelli dedica essa edição de suas obras a Ferrez, o editor, amigo, "pai e irmão". Ferrez assina o prefácio e conta como foi impactado, ainda com 15 anos, pela obra de Mutarelli, e lembra um autógrafo antigo que o artista lhe deu quando o jovem começava seus escritos: "Ferrez, cuidado ao seguir meus passos." Mas se o menino se identificou, é porque já via ou vivia aquele nível de abandono ou de solidão. Para leitores maduros e empáticos a obra nos convida a sentir, na carne.
Vania.Cristina 08/10/2023minha estante
Gente...minhas resenhas estão ficando enormes né. Não era minha intenção, mas...


anapachecoeumsm 16/10/2023minha estante
To adorando as resenhas enormes!


Bemidio 01/01/2024minha estante
Ótima resenha. Continue assim. Parabéns


Vania.Cristina 01/01/2024minha estante
Obrigada, Fernando! ?




Juliana (Ju/Jubs) 30/09/2023

Que HQ doida. Eu não entendi. É muito diferente. Eu estava esperando as histórias ficarem mais "pé no chão", mas isso definitivamente não aconteceu, é como se cada história fosse um pesadelo, mas não tem o acordar.

Sobre a arte, eu adorei, principalmente quando os desenhos mostram a cidade, o caos. Como paulista, eu vejo claramente uma São Paulo decadente nesses quadrinhos, a Augusta, a Sé, o centro da cidade, até o transporte público.

E o rosto cansado, esgotado, de cada personagem e figurante (não sei se esta palavra cabe) mostra o quão exaustivo e cruel é viver em uma cidade que não para nunca, afinal, as pessoas também não podem parar, precisam se manter em movimento constante.

Isso é cruel, principalmente quando se pensa em pessoas depressivas, por exemplo, como é o caso dos personagens da HQ, que não conseguem acompanhar o frenesi da vida, ou da pessoa ansiosa, que precisa acalmar os pensamentos, mas não consegue, e o mundo não permite.

Por fim, acho que essa não é uma HQ para ser entendida, é para ser pensada e refletida na realidade de cada leitor.
comentários(0)comente



Aidan.Paim 30/08/2023

Mutarelli de fato, é um gênio do quadrinho nacional
Já havia ouvido falar do Lourenço a alguns anos. Primeiro trabalho que peguei não foi livro e nem quadrinho, foi a versão cinematográfica de o cheiro do ralo. Dali já me apeguei a maneira única de contar Jam história, e na oportunidade que tive de comprar Capa Preta, logo garanti para não se perder no limbo de quadrinhos raros com preços inacessíveis.
Capa Preta continua uma velha tradição brasileira, de quadrinhos e livros que separam suas histórias em pequenos contos. Ótimo, com isso Mutarelli teve a oportunidade de explorar várias de suas ideias sem se prender a necessidade de uma linha contínua de eventos. Ajudou principalmente a apresentar a linha de trabalho do autor, o que se mostra grotesca. Lourenço é um pessimista de marca maior, seus trabalhos abordam personagens de cor apagada pela vida dura e as tentativas infrutíferas de sair de um poço existencial. Acho que lembro de uma entrevista dele onde aponta que Capa Preta foi feito em um período muito obscuro de sua vida. Conseguimos ver bem. O trabalho mostra uma série de histórias, das mais grotescas possíveis, onde a injustiça e os males da vida humana aparecem de forma crua, sem finais felizes como em muitos casos acontece. A arte acompanha esse peso, brincando com deformidades da fisionomia e hachuras pesadas com forte sombreamento. É um bom trabalho pra nos aprofundar na obra de um mestre do contemporâneo quadrinho nacional, uma aventura pelas mais duras das emoções humanas.
comentários(0)comente



Guilherme 21/03/2023

Capa Preta
A primeira vez que tentei ler "Capa Preta" foi assim que o comprei, no começo de 2021. Naquela época a quarentena ainda estava pesando em nossa saúde mental e tentar ler esse quadrinho não foi uma decisão inteligente, abandonei antes de terminar a primeira história, achei melhor guardar essa experiência pra quando eu estivesse com a cabeça no lugar. Finalmente li agora, em 2023 e percebi que eu estava enganado em esperar um bom momento para ler "Capa Preta", acho que esse momento não existe.

Essa é uma leitura muito difícil, não por ser muito extensa, parada ou complexa, mas por ser um conjunto de histórias profundamente perturbadoras, pessimistas e perversas. Isso aqui é fruto de uma mente talentosíssima e muito atribulada. Os desenhos parecem fruto de um fluxo mental onde o artista joga no papel todas as suas dores, as histórias são cheias de violência, simbolismos e óamargura. É uma leitura que mexe com o leitor, é impossível sair das páginas de "Capa Preta" sem um gosto amargo na boca.

Acho que a arte não tem a obrigação de ser divertida, redentora ou inspiradora, ela tem a função de nos fazer sentir algo, e essa é a exata missão que "Capa Preta" cumpre com louvor.
comentários(0)comente



Giordano.Sereno 16/02/2023

Decepção total
Esse livro foi uma decepção total. Tive que lutar muito para não abandonar. Acho que só não fiz isso porque odeio abandonar livros.
O livro é formado por quatro histórias. Três delas têm uma característica em comum: falta final. Não sei onde está escrito que obras inteligentes não têm final. Mas há muitos autores que levam esse mantra muito a sério.
As duas primeiras histórias são as piores. Arte muito suja e difícil de entender. Os textos estão meio que amontoados, em caligrafia que dificulta a distinção entre maiúsculas e minúsculas. É praticamente impossível de ler.
A exceção é a terceira história. "Eu te amo, Lucimar" é como um oásis no deserto. Uma história poética e comovente, com uma arte limpa e legível. É o que salva o livro. Para essa história eu daria quatro estrelas. Uma pena que estava tão mal acompanhada.
comentários(0)comente



Dany 30/01/2022

O que há de melhor sobre o que há de pior
Para mais resenhas e conteúdos literários, visite meu Instagram: @vontade.deler

SINOPSE: Capa Preta compila quatro histórias cuja arte e roteiro pertencem ao brasileiro Lourenço Mutarelli e que foram publicadas, separadamente, na década de 90. Transubstanciação, originalmente, em 1991, Desgraçados, em 1993, Eu Te Amo, Lucimar, em 1994 e, A Confluência da Forquilha, em 1997; todas premiadas. São histórias fortes, no que tange ao roteiro e à arte, que expressam uma visão pessimista da vida, misturando realismo com uma visão melancólica e trágica sobre eventos comuns da vida em sociedade.

RESENHA:
Tendo o próprio autor sofrido com depressão e crises de pânico, foi através da arte dos quadrinhos que ele viu uma luz no fim do túnel e deu sua volta por cima. Apesar e, mesmo talvez, por conta disso, suas histórias remetem ao que há de pior na vida em sociedade atualmente.
Importante atentar, antes de qualquer leitura, mesmo que mais superficial, para os gatilhos da ordem da depressão, violência e loucura, e para imagens, também de violência e nudez – que me remeteram, mais de uma vez, às imagens do filme The Wall, do Pink Floyd. Mesmo para alguém que nunca tenha sofrido dos mesmos males do autor, essas são histórias incrivelmente gráficas, não somente por se tratarem de graphic novels. Como alguém que já sofreu com a depressão e que ainda convive com a ansiedade tenho, pelo menos, um pouco de propriedade para dizer que esse não é um livro para todo mundo e nem para todos os momentos.
Apesar disso - se você estiver num dia bom -, a leitura vale muito a pena; não só pela arte que é, literalmente, nua e crua, e que combina com a força das palavras de um roteiro, muitas vezes, incômodo, ao apresentar o lado mais vil do ser humano, a hipocrisia e a imoralidade. A crítica a tudo isso é escancarada.
Só para ilustrar um pouco a trama de cada história: Transubstanciação é o transe onírico de um homem obcecado pela morte; Desgraçados fala da perda da inocência e do abismo da loucura, e como a sociedade lida com ambos julgando causas sem conhece-las; Eu Te Amo, Lucimar, não trata tanto do desespero social, e sim, do existencial, na busca por identidade de dois personagens gêmeos; por fim, em A Confluência da Forquilha, vemos um artista dividido entre fazer o que acredita e a necessidade de se vender para sobreviver. Todas as histórias tem um toque autobiográfico e um tom melancólico.
Ao ler as histórias, fica bem claro que “o misto de necessidade e obsessão” que o autor diz ser o que o leva a “psicoquadrinizar”, deixa sua marca em todas as suas histórias, fazendo com que elas sejam viscerais.

site: https://www.instagram.com/vontade.deler/
comentários(0)comente



Henry 11/06/2021

Ministério da Saúde adverte: Conteúdo Extremamente Delicado!
Após a leitura de "Diomedes", resolvi buscar outras obras de Mutarelli para ler.
Pensei que não seria possível ler algo tão doido quanto, mas não tinha idéia que "Capa Preta" elevaria o nível da loucura.

Este encadernado da editoria Comix Zone conta com quatro álbuns famosos do quadrinista brasileiro. Todos ganharam o troféu HQ MIX de melhor Graphic Novel.

"Transubstanciação", "Desgraçados", "Eu Te Amo, Lucimar" e "A Confluência da Forquilha".

Cada uma mais deprimente do que a outra. Ambas as histórias são muito bem escritas e ilustradas. Mas o conteúdo é extremamente delicado e pesado.
A depressão é o tema principal das obras e foram escritas numa fase muito complicada na vida do autor.

Recomendo fortemente a leitura para aqueles que têm a mente aberta. Obra que pode ativar alguns gatilhos no leitor, mas a genialidade de Mutarelli faz valer a pena o mergulho neste mar de depressão.
comentários(0)comente



Fabrício 21/04/2021

Único
Essa definitivamente não é uma hq que agradará a todos. Para alguns pode ser confuso, repulsivo ou até ofensivo. Mas é inegável que é um trabalho como nenhum outro, que vai até a parte mais profunda e sombria da mente humana. É uma obra extremamente reflexiva sobre as distorções do pensamento e as implicações disso na vida. O autor realmente exorcizou seus demônios na concepção desse trabalho.
comentários(0)comente



Otávio Oliveira 09/01/2021

Um pouquinho superestimado, hein?
Foi difícil dar uma nota para Capa Preta, pois é um álbum, e, como esperado, nele existem as histórias que eu gostei e as que não curti tanto assim. Portanto, fiz uma média entre as quatro "partes".

1. Não achei "Transubstanciação" tão interessante. Acho a arte do Mutarelli bizarra (no sentido mais positivo possível), mas a trama em si me parece um tanto quanto... perdida. Talvez eu só não estivesse acostumado com o autor (já que foi meu primeiro contato com este) e isso tenha afetado a experiência. De qualquer maneira, não me empolgou. Dou uma nota 3/5 pois, se a intenção do Lourenço era apenas mostrar o PIOR lado do mundo, ele conseguiu.

2. "Desgraçados" já é mais impactante. Algumas viradas de página me chocaram, ele evolui demais na estética (que eu já curtia no anterior), no entanto, a história consegue ser ainda mais desencontrada. No fim, dou a mesma nota, 3/5.

3. Chegamos à melhor de todas: "Eu Te Amo Lucimar". É muito legal a forma como a Comix Zone montou a coletânea porque fica claro o desenvolvimento do quadrinista através dos anos. Com um enredo mais "coeso", o Mutarelli não deixa de lado a loucura narrativa e visual, sendo que uma contribui demais para a outra. Enquanto as predecessoras pareciam buscar um impacto pelo impacto, essa aqui insere um sentimento parecido num conto profundamente triste. Merece um 4/5.

4. "A Confluência da Forquilha" é melhor do que as duas primeiras, mas minimamente pior que a terceira. O casamento entre bizarrice estética e narrativa continua existindo, mas mais uma vez o Lourenço tenta chocar por chocar. Coloco esta no meio do caminho, 3,5/5.

A média entre as notas fica como 3,375. Se recomendo, é pela construção visual, que é a única qualidade realmente uniforme do álbum, além da ótima terceira história.
comentários(0)comente



Pedro Marques 26/11/2020

Resgate às obras do Mutarelli
A obra é a reunião de álbuns clássicos do Lourenço Mutarelli que não eram republicados há vários anos.
Destaque para as histórias Transubstanciação e Eu te amo, Lucimar.
comentários(0)comente



Adriano 24/11/2020

Ao acompanharmos relatos de quem lê Mutarelli pela primeira vez, seja na literatura ou nos quadrinhos, podemos notar que essa é sempre uma experiência impactante e única. Comigo não foi diferente, e Capa Preta se mostrou uma obra diferente de qualquer coisa que eu havia consumido até então, em qualquer mídia.
Após viver uma situação traumática, e que lhe desencadeou uma depressão profunda, o autor produziu quatro álbuns entre 1991 e 1997, os quais estão reunidos nessa coletânea. Ler cada um desses álbuns, todos desenhados com o traço único, pesado, e detalhista de Mutarelli, é notar a complexidade de seus demônios ( e nas palavras do próprio autor, como é importante aprender a adestra-los e negociar com eles).
comentários(0)comente



Anderson.Rios 20/10/2020

Magistral e escatológico real
Uma das obras mais impactantes e profundas que ja li. Lourenço com seu traço absurdo, destinos infernais, abismos e abismos, sonhos, pesadelos sublimes, faz o inferno parecer acolhedor. Seus eus inseridos na obra são magistrais, são miseráveis, são pulsões escatológicas de um autor cheio de traumas. Em capa preta a Comix Zone traz as primeiras histórias em quadrinhos de Mutarelli: Transmutação; Desgraçados; Eu te amo Lucimar e a Confluência da Forquilha. Todas ganhadoras do trofeu HQ mix em seus respectivos anos. Vemos aqui, algumas características que verificamos anos depois em seus romances (como a língua espanhola, e os finais letais dos seus personagem (eus?), problemas com o pai, o irmão, etc...) Para os amantes da escrita de Mutarelli, um banquete. Para os recem chegados, bem vindos ao inferno, e boa leitura!
comentários(0)comente



Anderson.Rios 20/10/2020

Magistral e escatológico real
Uma das obras mais impactantes e profundas que ja li. Lourenço com seu traço absurdo, destinos infernais, abismos e abismos, sonhos, pesadelos sublimes, faz o inferno parecer acolhedor. Seus eus inseridos na obra são magistrais, são miseráveis, são pulsões escatológicas de um autor cheio de traumas. Em capa preta a Comix Zone traz as primeiras histórias em quadrinhos de Mutarelli: Transmutação; Desgraçados; Eu te amo Lucimar e a Confluência da Forquilha. Todas ganhadoras do trofeu HQ mix em seus respectivos anos. Vemos aqui, algumas características que verificamos anos depois em seus romances (como a língua espanhola, e o finais letais dos seus personagem (eus?), problemas com o pai, o irmão, et...) Para os amantes da escrita de Mutarelli, um banquete. Para os recem chegados, bem vindos ao inferno, e boa leitura!
comentários(0)comente



Gabriel 03/10/2020

O livro, como a nossa existência, é uma porrada...
?Entre o nascer e o morrer existe algo: um momento efêmero, único, de um fascínio estúpido, que se chama vida.?
comentários(0)comente



17 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2