Pornográfico, nojento, marginal. Henry Miller poderia ser chamado até de egoísta. Abandonou os pais, os filhos. Mas é que ele nunca foi de si mesmo; dentro dele impera o fluxo da realidade, subvertendo a disposição interna dos órgãos e o calibre das veias. Exorcizado de si mesmo, ele é em realidade em carne e osso: sua carne e seus ossos. Criar, viver, o eu e o real são uma só pulsação. Só escreveu das próprias experiências, daquilo que viveu. Antes da velhice (da fama e das vendas aos milhões), Miller é sofrimento, perseguição, paixões sem limites. A sua literatura é viva, sempre. A sua existência é uma prova de que viver é ousar e, pela vida, nenhuma ousadia é fatal.
Biografia, Autobiografia, Memórias / Não-ficção