O leitor tem nas mãos, portanto, a mais bem sucedida tentativa literária de contar aquela que é, sem exagero, a mais extraordinária expedição marítima da história, e seria interessante especular um pouco sobre as razões que explicam este sucesso. O talento literário de Zweig, a sua imaginação vivíssima, o seu total domínio técnico do ofício da escrita, tudo isto são certamente explicações, mas talvez a razão mais profunda seja o espanto genuíno do escritor diante daquela que ele chamou «a mais extraordinária odisseia na história da humanidade». Como disse, «apossou-se de mim a estranha sensação de narrar alguma coisa de inventado, como que um desejo ou sonho, uma das sagradas lendas da humanidade. E, contudo, é a verdade, a verdade que ressoa como se fosse absolutamente inverosímil!