Neste livro, escrito com extremo rigor e abordando um dos maiores problemas do nosso tempo, o autor assume por vezes um tom de humor e ironia que o aligeira. Alain Besançon demonstra o peso, a força, da condição ideológica do regime soviético: a seu ver, a União Soviética é em primeiro lugar um Estado ideológico na medida em que se mantém fiel a uma vocação mundial através da ditadura do partido.
Alain Besançon defende a tese de que a sociedade soviética, mesmo ainda atualmente, se encontra fechada na sua lógica inexorável, continuando a funcionar segundo dois modelos: o "comunismo de guerra" (a fase dura, o período em que todos os esforços do partido visam a forçar a sociedade civil a entrar nos quadros predeterminados da ideologia) e a NEP, a "nova economia política" leninista, o tempo do refluxo, um certo retraimento do poder ideológico e a permissão à sociedade civil de agir, até certo ponto, como entender.
Estas duas fases se alternam, mas afinal, segundo Alain Besançon, se completam. trata-se de "um despotismo construtor de impérios e não de um socialismo libertador da pessoa". Esta a principal tese do livro, que o grande pensador contemporâneo Raymond Aron prefaciou em estudo muito importante.
Examinando todos os aspectos atuais da política interna e externa soviética, Alain Besançon procura dar resposta a muitas das principais questões que o homem comum põe hoje a si próprio e aos outros sobre distensão, guerra fria, resistência intelectual e popular, nível de vida na União Soviética e tantos outros pontos quentes da atualidade. Alain Besançon desmonta os equívocos e os paralogismos que tornam a política da URSS difícil de entender até mesmo para muitos que a praticam.
Filosofia / Política