Anatomia de um Espectro

Anatomia de um Espectro Alain Besançon


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Anatomia de um Espectro (Política e Sociologia #1)


Economia Política do Socialismo Real




"Um espectro ronda a Europa, o comunismo...". A frase inaugural do Manifesto de Marx, cunhada há mais de 140 anos, deixou de ser mera sentença. O espectro encarnou-se na Rússia e a partir de 1917 tenta provar ao mundo que essa encarnação foi para valer.

Teria ela sido mesmo definitiva? É o que pretende investigar Alain Besançon neste breve e luminoso ensaio, escrito com ironia meio volteriana. Dissecando o "socialismo real", analisa os principais aspectos da economia soviética, por onde o comunismo esperava implantar-se e desenvolver-se, a fim de provar sobretudo ao Ocidente a veracidade das profecias marxistas.

O resultado da análise besançoneana é límpido e irrefutável: o comunismo não conseguiu corporificar-se, concretizar-se, ultrapassar o estágio de mero esboço, de puro futurível. Não há na URSS nem socialismo, nem comunismo, porém outro sistema - inédito e imprevisto -, que longe da ortodoxia doutrinária e não raro contra ela, segue rumos próprios, ditados por irresistíveis forças internas.

Que rumos são esses e aonde levam? Os economistas ocidentais, ainda quando munidos de sofisticado aparelho científico, não conseguiram desvendá-los ao longo de demorados e minuciosos estudos das aparências e abundantes estatísticas manipuladas, oriundas de Moscou ou de seus submissos satélites.

Análises de curvas (sempre ascendentes), exegeses de relatórios (sempre repletos de êxitos), uma delicada e discreta cegueira axiológica, que desviava o olhar do pesquisador do óbvio que dá na vista de qualquer pesquisador desprevenido, como as longas filas de espera diante de armazéns vazios, a triste permanência da miséria, a cruel realidade do desespero, o número crescente de alcoólatras anônimos, a convergência de todos os fracassos na existência dos gulags, eis um gênero de abordagem pouco adequada para desvelar a verdadeira essência da economia soviética.

Ante o malogro da metodologia clássica, fez-se mister lançar mão de instrumental analítico diverso. O que fatalmente haveria de escapar à atenção do desarmado e despreparado economista ocidental, ia ser captado, esmiuçado e indigitado no discurso de outro tipo de observador: o historiador doublé de filósofo e sociólogo.

A complexa parafernália estatística, com que a URSS mona e exporta sua utopia para o mundo inteiro com visos de verdade, por vezes com incrível verossimilhança, só pode ser exorcizada e desmistificada por uma atenta, acurada leitura interpretativa.

Economia, Finanças / História / Política

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Marcelo Catanho
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10/10/2016 10:55:16

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