As pequenas memórias

As pequenas memórias José Saramago


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As pequenas memórias





Quando escrevia O memorial do convento, livro que lhe deu notoriedade mundial, José Saramago começou a pensar num relato autobiográfico. Levou mais de vinte anos elaborando o projeto, cujo resultado são estas Pequenas memórias. O livro cobre os primeiros quinze anos de sua vida, do nascimento, em 1922, na aldeia da Azinhaga, Ribatejo, aos estudos na escola industrial de Lisboa, de onde sairá serralheiro mecânico. Relembra o convívio com o avô camponês, homem sábio e analfabeto, com quem aprendeu a cuidar dos porcos e observar a via Láctea. Fala da mudança para Lisboa, onde o pai vai trabalhar como guarda da segurança pública, e a família provinciana passará a morar em quartinhos de bairros populares, sempre no último andar, de aluguel mais barato. Em Lisboa, o menino tímido torna-se um adolescente contemplativo, que não perde os filmes do cine Piolho, na Mouraria. É bom aluno mas interrompe cedo os estudos, devido a dificuldades financeiras da família. Saramago permaneceu muito ligado ao menino que foi, e surpreendeu-se com a profusão de lembranças que guardava da infância e adolescência. Entre elas: o dia em que foi atacado pelo cão do vizinho, as mulheres que recorriam à bruxaria quando as coisas iam mal, a mãe que todo fim de inverno ia pôr no prego os cobertores em troca de um dinheirinho, o dia em que ele jogou no lixo o mapa onde acompanhava a guerra civil da Espanha, decepcionado com os jornais portugueses que só anunciavam as vitórias do general Franco. Outras rememorações revelam a fonte de inspiração de futuros romances: o passeio que fez a Mafra se desdobraria, meio século depois, no ambiente de O memorial do convento; as consultas aos cartórios, em busca das certidões do irmão Francisco, morto em criança, forneceriam material para o funcionário da Conservatória do registro civil de Todos os nomes. Garimpar os meandros da memória nem sempre foi fácil. Saramago revela ter sofrido ao escrever certos trechos deste livro, "porque algumas coisas que conto são dolorosas. Recordações familiares que não são agradáveis, que me tocaram negativamente; podia tê-las omitido, mas não podia dar uma visão idílica de tempos que de idílicos não tinham nada. Isso causou-me dor. E por vezes bloqueou-me".

Biografia, Autobiografia, Memórias / Literatura Estrangeira

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on 23/12/13


“Tu estavas, avó, sentada na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabias e por onde nunca viajarias, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e disseste, com a serenidade dos teus noventa anos e o fogo de uma adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer.” Assim mesmo. Eu estava lá.” * Mais em:... leia mais

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Farias
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Alê | @alexandrejjr
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