Aldous Huxley é um autor plural: sua vasta obra é feita de livros que adotam, cada um, uma forma, e respondem, cada qual, a uma grande questão. Se Admirável mundo novo trata de uma das maiores distopias ficcionais de todos os tempos, e Portas da percepção é um relato e defesa do “desregramento de todos os sentidos” através de drogas rituais, A filosofia perene traz uma interpretação dos grandes místicos do Oriente e do Ocidente.
Entenda-se por filosofia, aqui, seu sentido original, de amizade pelo saber. E por saber, o conhecimento existencial ou espiritual. Trata-se então de identificar certo conhecimento espiritual universal, que transcenderia épocas e culturas. Huxley busca uma base comum aos múltiplos saberes religiosos e místicos, que seria o grande conhecimento a ser alcançado pelo homem, e produz no processo esta verdadeira antologia universal de tal saber.
Com conhecimento enciclopédico, abarca então o conjunto das culturas conhecidas e da história escrita. Talvez não haja, apesar de tudo, a resposta única que Huxley buscava para a grande crise da cultura ocidental de seu tempo. Mas com certeza sua busca ainda tem muito a ensinar a uma cultura ocidental que, se mudou muito desde então, manteve algo de fundamental: seu estado de crise profunda. E a percepção profunda de que o mundo, afinal, é um só.
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