A Filosofia Perene

A Filosofia Perene Aldous Huxley




Resenhas - A Filosofia Perene


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Arqui 23/01/2014

Um livro sensacional
A filosofia perene traz uma interpretação dos grandes místicos do Oriente e do Ocidente. Entenda-se por filosofia, aqui, seu sentido original, de amizade pelo saber. E por saber, o conhecimento existencial ou espiritual. Trata-se então de identificar certo conhecimento espiritual universal, que transcenderia épocas e culturas. Huxley busca uma base comum aos múltiplos saberes religiosos e místicos, que seria o grande conhecimento a ser alcançado pelo homem, e produz no processo esta verdadeira antologia universal de tal saber.
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Cris 28/12/2021

LEITURA MARAVILHOSA
Um livro super profundo e que segue um fluxo de raciocínio complexo mas muito apresentado através de citações dos expoentes da filosofia perene ocidentais e orientais que depois de apresentados são sintetizados e reexplicados.
minha avaliação de todas as estrelas possíveis!!! amei!
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Luiz 09/06/2023

Uma nova Filosofia para um novo tipo de homem
Livro: Filosofia Perene
Autor: Aldous Huxley

"A Filosofia Perene se preocupa, antes de mais nada, com a Realidade única, divina, substancial do mundo múltiplo das coisas, vidas e mentes. Mas a natureza dessa Realidade única é tal que ela não pode ser apreendida direta e imediatamente, exceto por aqueles que optaram por cumprir certas condições, por via do amor, da pureza do coração e da pobreza no espírito."
(Aldous Huxley, p.9)

Conforme a citação, Huxley propõe neste livro uma espécie de investigação, estudo, compilado, do que é chamado de Filosofia Perene, um tipo de conhecimento residual das verdades imutáveis do universo, assim o autor afirma que há três tipos de maneiras de acessar a Filosofia Perene, "por cima" compreendendo as grandes religiões, a metafísica, o conhecimento espiritual produzido por seus membros e seguidores, "por baixo" estudando o coletivo e a sociedade, o comportamento moral, e por fim "pelo meio", ao entender sobre a mente humana e sua psicologia.

Entender quem você mesmo é e como parte de algo divino é um passo para começar a jornada na Filosofia Perene, como Huxley afirma, ao longo das eras o caminho para ser um com o Fundamento Divino sempre foi ofertado, mas poucas pessoas conseguiram isso justamente por não conseguirem abandonar seus desejos egoístas e materiais, produzindo sentimentos negativos que são ruins para o espírito, assim somente no abandono e mortificação do egoísmo e buscando elevar a si mesmo a Divindade e o princípio unificador que é possível alcançar o propósito humano. A tentativa totalitária de unificação da sociedade em pró de uma política, ainda que seja abominação é também uma forma distorcida de unificação com o Fundamento Divino que a Filosofia Perene propõe.

"[...] todos os expoentes da Filosofia Perene, de uma forma ou de outra, afirmam que o ser humano é um tipo de trindade composta de corpo, psique e espírito. O individualismo ou a personalidade é um produto dos primeiros dois elementos. O terceiro elemento (o quidquid incteatum et increabile, o incriado e incriável, como o chamara Eckhart) é semelhante ou talvez idêntico ao Espírito divino que é o Fundamento de todo ser. O destino final do ser humano, o próposito de sua existência, é amar, saber e se unir à Divindade imanente e transcendente. E essa identificação do si-mesmo como o não si-mesmo espiritual só pode ser conquistado ao se "morrer para" o individualismo e se viver para o espírito."
(Aldous Huxley, p.74)

Os Santos, os avatares e etc nessa perspectiva nada mais são do que seres que auxiliam na busca pela caridade, mortificação do egoísmo e das suas vontades para alcançar a consciência em comunhão com o princípio divino, muitos filósofos antigos como Aristóteles se preocupavam em entender o como o cosmo funciona, mas a Filosofia Perene se preocupa em ser "um" com esse fundamento divino, isto também implica que quando não se consegue atingir essa consciência a sociedade como um todo acaba por priorizar a si mesma, a seus vícios e vontades, seus bens, o progresso tecnológico, mas quando se ganha por um lado se perde espiritualidade de outro, assim muitas pessoas acabaram por não dar mais valor ao campo espiritual para dar valor a questões puramente materiais.

"Não é possível que haja um comunismo completo exceto nos bens do espírito e, em algum grau também, da alma, e apenas quando esses bens forem possuídos pelos homens e mulheres em estado de desapego e autonegação. Algum grau de mortificação, deve-se notar, é um pré-requisito indispensável para a criação e fruição até mesmo dos bens meramente intelectuais e estéticos."
(Aldous Huxley, p.180)

"O Reino da violência nunca chegará a um fim até que, antes de tudo, a maioria dos seres humanos aceite a mesma e verdadeira filosofia de vida; até que, em segundo lugar, essa Filosofia Perene seja reconhecida como máximo divisor comum de todas as religiões do mundo; até que, em terceiro lugar, os seguidores de todas as religiões renunciem às filosofias temporais idólatras, cujo lugar, em sua fé particular, a filosofia da eternidade que é a Filosofia Perene tenha então ocupado; até que, em quarto lugar, haja uma rejeição, no mundo todo, de todas as pseudorreligiões políticas, que localizam o bem supremo do ser humano em um tempo futuro e, portanto, justificam e recomendam a realização de todo tipo de iniquidade no presente como meios para esse fim. Se essas condições não forem cumpridas, não há nenhum planejamento político, nenhum esquema econômico, por mais engenhoso que possa ser, que seja capaz de prevenir as recrudescências da guerra e da revolução."
(Aldous Huxley, p.320)

Algumas das chaves para alcançar a unificação com o Fundamento Divino é justamente dedicar-se a caridade, a mortificação de desejos pessoais e egoístas, compreender que o desenvolvimento tecnológico por vezes é um obstáculo para criar essa consciência, rejeitar as idolatrias (seja política, tecnológica e moral), as religiões que não coadunam com a Filosofia Perene, as pseudorreligiões políticas, os vícios que em alguma medida turva o caminho para o conhecimento, a questão da Queda (conceito trabalhado no livro) que mostra a potencialidade que o ser humano possui para o mal e ao mesmo tempo para o bem, uma condição que somente o homem possui frente a toda a criação, além de muitas outras coisas são elencadas ao decorrer da leitura do livro.

É um trabalho ingrato tentar elencar algumas das principais partes desse livro numa resenha, até mesmo porque o livro não é tão fácil de ser lido, tem sua camada de densidade, fora que a escrita de Huxley não é das mais fáceis de serem lidas, até mesmo porque na minha opinião a escrita dele é bem truncada, prolixa e condensada em diversos pontos.

Huxley quando escreve esse livro está numa fase mais "espiritualizada", o autor nessa época mergulhou nas doutrinas orientais, então Filosofia Perene é recheada de elementos budistas, hinduístas, o vedanta, o tantra e etc, mostrando uma contrapartida em relação a sua primeira fase de escrita, que em Admirável Mundo Novo, por exemplo, está mais preocupado com uma espécie de engenharia social com base no "cientificismo" sem nenhum tipo de espiritualidade. Assim Filosofia Perene torna-se essencial para entender essa última fase do autor, juntamente com As Portas da Percepção, Moksha e A Ilha.

O livro possui um estilo interessante, para balizar suas colocações o autor apresenta ao decorrer de todo o livro diversas citações de Santos, sábios, pensadores e etc, que falam em alguma instância sobre a espiritualidade e a verdade do universo que convergem a sabedoria da Filosofia Perene. Outro ponto relevante é que o livro além de possuir críticas ácidas ao Cristianismo, se coloca como o caminho correto para a verdadeira espiritualidade e o verdadeiro destino do homem tanto no meio psíquico (para se entender melhor como parte de algo maior que ele) como no meio social (como forma de alinhamento e organização da sociedade). É um livro que condensa bem a ideia da cultura New Age e o movimento de orientalização do Ocidente, os estudos da religião comparada, que moldaram a ciência e o Ocidente de maneira ímpar da década de 1960-70 pra cá.
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