Tucuruí

Que agente é esse? Na indústria química os exterminadores se multiplicam e não hexitam nos métodos mais hediondos. Agente Laranja é o singelo nome de uma mistura de dois herbicidas (2,4-D e 2,4,5-T), em cuja fórmula há uma impureza chamada "dioxina", um veneno extremamente perigoso. Dioxinas existem incontáveis, entre elas a substância mais tóxica já inventada pelo homem: a 2,3,7,8-tetracloro-dibenzeno-para-dioxina. Um nome horrível que combina perfeitamente com sua ação destruidora.
O que envolveria complexas fórmulas e um invejável conhecimento técnico transforma-se, na linguagem transparente e corajosa de Sebastião Pinheiro, em depoimento emocionante e imprenscindível. O desmatamento que precedeu a inundação da área amazônica pela represa de Tucuruí foi feito com auxílio da mesma arma que os Estados Unidos usaram no Vietnã: um desfolhante, o famigerado Agente Laranja (contido em diversos produtos compostos, como por exemplo Tordon, Tributon, Tormona, Planuton Ar-2 etc.). A devastação foi total; não apenas a vegetação se ressentiu do brutal envenenamento, mas riachos, animais e pessoas reagiram igualmente. Intoxicações, deformações e mortes: um rastro genocida que revelou no mínimo irresponsabilidade.
Juntamente com agrônomos, assistentes sociais e jornalistas, o autor percorreu o local e colheu informações de vítimas e de autoridades. Um percurso naturalmente acidentado, feito de obstáculos políticos, burocráticos, simples contratempos, e principalmente da ignorância de muitos acerca do vasto crime que estava sendo cometido.
Documental, oportuno, exaltado. Marcas de um belo livro sobre uma realidade, infelizmente, cada dia mais feia.