Rio de Janeiro. Quando o pacato Antonio Guimarães, o Zé Galego, entrou no bar do Cardoso a 18 de abril de 1907, não podia prever a briga que resultaria na sua morte. O assassino, por seu lado, previu o crime minutos antes, mas não calculo que 80 depois ele e sua vítima entrariam solenemente nas páginas da história. Sydney Chalhoub faz da morte do Zé Galego e de outros casos corriqueiros dos jornais e delegacias de polícia a porta de entrada para o dia-a-dia da classe trabalhadora do início do século. Tão inusitada quanto feliz, sua pesquisa reconstitui a rotina urbana e traça um rigoroso perfil da constituição do capitalismo brasileiro. Se, no plano dos costumes e no plano da economia, trata de um tempo em que já não existe, Trabalho, Lar e Botequim surpreende ao analisar os mecanismos de controle social utilizados pela burguesia: estes continuam até hoje no repertório da opressão.
História do Brasil / Sociologia