Traballho
sinto a aspereza de minhas mãos
enquanto as levo ao rosto
em sinal de desespero.
mas devo agradecer pelo meu emprego.
o sono me deixa desalinhado,
descompensado, desconcentrado.
o café me deixa em pé
para mais uma jornada de trabalho.
o fim do expediente me alegra mais
do que os grandes feitos
que jamais foram reconhecidos.
afinal, eu sou pago pra isso.
do meu salário sempre sobra algum trocado
pra eu me embriagar.
quando fico bêbado esqueço
do preço que pago pra trabalhar.
o que mais me preocupa
é a aposentadoria,
pois faço planos todos os dias,
para quando eu puder descansar.
essa correria me disciplina
a não sair da linha
e a nunca questionar.
eu tenho medo do desemprego.
Literatura Brasileira / Poemas, poesias