Tico Menezes 23/05/2024
Arlindo está vivo e representa uma geração de resistência!
Histórias sobre minorias exigem um cuidado que só o conhecimento de causa consegue transmitir. O que Ilustralu faz em Arlindo é abrir as portas de sua criatividade e seu coração para o leitor, para que possamos visitar suas dores, seus amores, o que a acolheu e seus desejos. Arlindo é um adolescente que se parece com qualquer um de nós que não vê - e nem quer ver! - o mundo pelo olhar do opressor. Sua jornada de aprendizado e aceitação é sensível, repleta de dor e amor, e merece ser lida!
O traço de Ilustralu é original, tem uma doçura na composição dos quadros e um cuidado nos detalhes dos cenários. Mas são os olhares e expressões que ajudam a contar esse conto tão necessário. Referências deliciosas aos anos 2000 que, para quem cresceu nessa época, será um grande diferencial da HQ, regionalismos nas falas que aconchegam o nordestino e muito, mas MUITO amor nas falas e aprendizados no decorrer da história.
Ainda somos o país que mais mata a população LGBTQIA+, ainda vemos piadas homofóbicas na TV, ainda ouvimos relatos de amigos e conhecidos que foram expulsos de casa ou não tiveram aceitação de suas famílias, ainda não naturalizamos o natural da existência humana que é a diversidade, ainda estamos MUITO longe de ser um mundo de amor para Arlindo, mas são livros como esse, relatos com identificação e bons exemplos de que é possível melhorar a existência, de que é possível educar as pessoas para não serem homofóbicas, de que há muita vida a ser vivida em liberdade, que fazem com que o mundo fique um pouquinho melhor.