Ouvir o Som, do compositor Paulo Zuben, é um trabalho de pesquisa e análise musical que aponta alguns caminhos para a compreensão da linguagem da música contemporânea. Analisando diversas obras de importantes compositores, como Debussy, Stravinsky, Schoenberg, Webern, Varèse, Berio e Ligeti, entre outros, o autor aprofunda a discussão sobre aspectos da organização e estruturação da música do século XX.
---//---
"A história da música é a história da técnica musical", disse certa vez, com muita pertinência, Arnold Schoenberg. Como então compreender a música senão através de um conhecimento cada vez mais aprofundado acerca das especificidades de sua linguagem através dos tempos?
Esta necessidade, que diz respeito à música histórica em todas as suas fases, faz-se ainda mais premente quando o assunto é a tão malfadada música contemporânea. Isto porque faz parte das poéticas da modernidade musical, em que pesem todas as diversidades aí presentes, um não-conformismo, um senso de busca constante de novos horizontes, um sabor todo especial pelo novo.
O livro de Zuben constitui um desses poucos trabalhos teóricos em português que se norteiam pelo espírito não-conformista, abordando aspectos fundamentais da música nova a partir de um prisma essencialmente especulativo, ao invés de simplesmente engrossar as fileiras dos ensaios despropositados e genéricos que pouco ou de fato nada dizem de substancial sobre a linguagem musical. Entre nós, certamente faz parte de um grupo seleto de escritores corajosos, nadando contra a corrente.
Mas nós, partidários da música radical, estamos acostumados com esta situação. Não há tsunami que possa nos varrer do mapa. Somos bons nadadores, e textos profundos, técnicos e ao mesmo tempo tão esclarecedores como o que aqui se apresenta fortalecem nossas convicções.
Nada melhor que entender um pouco mais acerca do novo musical. Pois é agora não a um músico, mas a um genuíno especulador da pisque humana, Sigmund Freud, que por ora nos reportamos, em uma de suas ínfimas frases "perdidas" em meio a seus escritos (desta vez oriunda de seu texto "Jenseits des Lustprinzips"): "Apenas a novidade pode se tornar condição do prazer".
Texto por Flo Menezes.
Artes