O tagarela

O tagarela Louis-René des Forêts


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Foi durante a Segunda Guerra Mundial, e enquanto participava da Resistência francesa decriptando mensagens enviadas pela BBC, que Louis-René des Forêts (1918-2000) trabalhou em sua obra mais conhecida e misteriosa. O tagarela foi publicado em 1946 na França, pela editora Gallimard. Sem provocar muita repercussão inicialmente, a novela em forma de monólogo, veio a se tornar mais célebre quando o principal crítico literário francês da época, Maurice Blanchot, escreveu um ensaio entusiasmado que acompanhou a reedição do livro em 1963. Nele, o crítico afirma que o leitor é convidado a "um jogo de atração e repulsa, do qual não escapa ileso". O tagarela ganha agora sua primeira edição no Brasil, acompanhada do já citado texto de Blanchot, "A palavra vã". A tradução e o posfácio são de Pablo Simpson.

O narrador é um personagem anônimo, um homem atormentado por sua incômoda presença no mundo, como já deixa claro a primeira frase do livro: "Olho-me com frequência no espelho". Mais adiante, o fato deflagrador de sua loquacidade é simples. Depois de experimentar sensações ambíguas durante uma caminhada até uma falésia, o personagem, sob efeito do álcool numa boate, se vê num súbito triângulo formado por uma mulher que ele convida para dançar e seu namorado. A situação o leva a soltar o verbo descontroladamente diante dos dois, sofrendo daquilo que chama de crise de tagarelice. Sua exasperação se transforma numa espécie muito particular de suspense, que o acompanha até o dia seguinte, quando outro encontro provoca novamente uma perturbação.

O desafio que o narrador precisa encarar é antes de tudo o da linguagem, que não pode ser elaborada nem precária, mas apenas uma expressão da singularidade do autor. Diz ele: “Hoje resolvi, não sem repugnância, deixar de lado toda pesquisa formal, de modo que me vejo escrevendo com um estilo que não é o meu; quer dizer, renunciei a todas as tentativas ridículas de sedução com as quais me vejo por vezes jogando, sabendo bem o que valem: não passam de uma habilidade ordinária”. Por vezes, o tagarela volta-se para os leitores: “Nem vocês nem eu merecemos ser levados a sério, tampouco ao pé da letra”. A enunciação que chega aos limites das possibilidades da escrita leva Blanchot a comparar o Des Forêts de O tagarela ao Dostoiévski de Memórias do subsolo e ao Camus de A queda.

Literatura Estrangeira / Romance

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