Entre quatro paredes:
o quarto.
Dentro dele, o homem.
Solitário, múltiplo.
O Universo dentro de um cubo.
Na sua arquitetura escorreita,
ele é o elemento mais íntimo da casa.
Como se concebido para engendrar os artefactos do poema
que dorme nos desvãos do sono.
Nele, desdobram-se as estações do Homem:
o menino, o adulto, o ancião.
Naquele lugar, guardião do imaginário,
o poeta menino indaga
qual a cor do poema.
E ele nem sabe que
haverá de escrever um livro singular,
suscetível de fecundar nossa Poesia,
como este O quarto azul,
de Fernando de Mendonça.
Everardo Norões
Poemas, poesias