Em uma linguagem simples, Nikos foca a história na amizade entre o jovem príncipe de Atenas, Teseu, um garoto escravo do palácio cretense, Cirino, e o jovem Ícaro. Mesmo dirigindo-se a um público jovem, Nikos mantêm sua crítica à exploração do homem pelo homem, e dos gregos por outros povos. Cabe lembrar que o autor viveu em um tempo em que a Grécia estava sob o julgo estrangeiro, e suas obras no geral transmitem sua inquietação de maneira muito forte, e graças à sua fantástica capacidade de análise do ser humano consegue criar personagens complexos e fortes.
“Pobres camponeses – diz Ícaro -, trabalham, zangam-se por um instante, revoltam-se e querem levar um pouco de trigo para casa. Mas guardas brutais vêm com sua lança em riste e os camponeses se encolhem. Depois são os escravos espertalhões que vêm lhes distribuir um pouco de vinho para embriagá-los; e eis que todos correm em fila, cantando. Quando é que eles fabricarão assas para se libertar?” Na época do nascimento da civilização, também se repetia na contemporaneidade do escritor, onde seus conterrâneos se curvavam placidamente ao dominador turco, e em troco de migalhas jogadas não se revoltavam, e podemos trazer para nosso cotidiano e veremos que todos nós, passados milênios, ainda não conseguimos fabricar nossas assas.
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