Brenner.Resende 19/06/2020
A Jornada Continua
As Duas Torres é o segundo volume da trilogia de fantasia O Senhor dos Anéis, do filólogo e professor britânico J. R. R. Tolkien. Narra a continuação da história desde o rompimento da Sociedade do Anel. O título do livro trata das Torres de Orthanc (Isengard) e Minas Morgul.
O Senhor dos Anéis é composto de seis “livros”, sem contar a introdução, o prólogo e seis apêndices. O romance foi originalmente publicado como três volumes separados devido à escassez de papel após a Segunda Guerra Mundial, bem como considerações em relação ao preço e tamanho. As Duas Torres cobre os eventos do Livros III e IV.
Após a captura de Merry e Pippin pelos orcs, a Sociedade do Anel é dissolvida. Enquanto que Frodo e Sam seguem sua jornada rumo à Montanha da Perdição para destruir o Um Anel, Aragorn, Legolas e Gimli partem para resgatar os hobbits sequestrados.
A primeira metade desse volume, quer dizer o Livro III, descreve os acontecimentos envolvendo Merry, Pippin, bem como Aragorn, Legolas e Gimli. Trata-se de uma parte da história muito interessante, pois aqui é possível fazer algumas reflexões mais aprofundadas a respeito da visão de mundo do autor, apesar do mesmo alegar que sua obra é completamente livre alegorias e não se refere, de forma alguma, à fatos contemporâneos, mas como o próprio adverte posteriormente “É claro que um autor não consegue evitar ser afetado por sua própria experiência (...)” e a maneira que a experiência de vida de Tolkien, um homem nascido no final do século XIX e que viveu um período transições, se faz presente nesse volume é a partir de Isengard que representa claramente o processo de industrialização e seu impacto destrutivo sobre a natureza e o modo de vida do homem pré-Revolução Industrial, a guerra deflagrada pelos personagens simboliza então o conflito entre Modernidade e Tradição.
A segunda metade do volume, ou seja o Livro IV, foca na jornada incessante de Frodo e Sam para destruir o Um Anel, e aqui o verdadeiro mérito da obra é em descrever a dimensão homérica de tal façanha, de um povo pequeno e pacífico sem grandes talentos para a guerra, literatura ou qualquer coisa que não diga respeito à uma vida farta e tranquila, que apesar de sua fragilidade abraçou o dever e enfrentou todas as intempéries que surgiram pelo caminho.
Estruturalmente o livro As Duas Torres segue a fórmula de seu predecessor, mas tratando-se de uma obra única que foi dividida em volumes separados isso é perfeitamente compreensível, uma diferença notável, entretanto, é que o uso de poemas é reduzido ao passo que o ritmo e senso de urgência do atual volume é mais acentuado que o anterior, e assim como seu predecessor o final do livro também culmina em um cliffhanger.